Os Irmãos De Sangue: Um Encontro Inesperado

XXV

O chefe da Oceânia levanta-se e levanta as mãos. Um silêncio penetrante fez-se sentir e a única coisa que se ouvia era o crepitar das chamas.

- Muitos de vocês notaram que as nossas crianças e jovens não vieram connosco para a feira. - começou ele a dizer. - Há uma razão para isso. Nós estamos a proteger os nossos membros que são ofiotauros. Para quem não sabe, quem matar um ofiotauro e queimar os seus órgãos, pode controlar o destino do mundo seja para o bem ou para o mal. Se eles apanharem um de nós podem acabar com a vida de todos nós e acreditem que é isso que vai acontecer por isso temos de manter todas as nossas crianças em segredo e protegidas. Lamentamos por isso. - concluiu o líder da Oceânia.

- Se quem apanhar um ofiotauro pode controlar o mundo como é possível que nenhum tenha morrido ainda nas mãos dos nossos inimigos? - perguntou Richard interessado.

- Morreram sim mas nós temos os nossos segredos e as nossas tácticas por isso que nenhum de nós ainda foi usado. Só nós, membros da Oceânia, sabemos a verdade, lamento mas temos de proteger os nossos filhos e o nosso futuro por isso não vamos dizer mais nada sobre o assunto. - respondeu o líder cortando imediatamente a conversa.

Depois desta troca de palavras o ambiente ficou bem pesado. A curiosidade de todos estava em altas mas eu entendia o porquê de eles não dizerem nada. Podia haver espiões nas bases ainda e era um perigo dar informações preciosas sobre o futuro de uma espécie.

- Bom!! Nós hoje estávamos a pensar em falar um pouco sobre os tempos antes da guerra sobre como as coisas eram para cada um de nós na altura ou vocês preferem ouvir outras histórias? - perguntou Alice.

- Eu gostava de saber uma coisa. - respondeu uma voz no fundo da floresta. - Eu gostava de saber como vocês descobriam os traidores entre todos nós. Eu quero saber isso. - a pessoa continuou a falar e quando apareceu na luz da fogueira vimos que era Xavier.

À luz da fogueira o semblante dele parecia bem mais violento mas mais controlado.

- Querem falar sobre a altura da guerra meninos? Não queríamos estar a contar histórias tão pesadas e umas mais divertidas... - respondeu Alice meio desconfortável.

- Eu quero ouvir. Acho importante todos ouvirmos para sabermos como distinguir os traidores dos restantes. - voltou a repetir Xavier.

Alice olhou para os outros líderes que acenaram e ela sentou-se dando lugar ao líder da América do Sul.

- Podes sentar-te rapaz. Nós vamos falar sobre isso. Prim... - começou o líder a dizer mas foi interrompido.

- Não. Eu quero ouvir a parte deles. Eu quero ouvir a versão deles. - disse Xavier a apontar para Alice e Jonathan.

- Rapaz. Já te dissemos para te sentares. - respondeu o líder.

- Deixa-o estar. - pediu Jonathan. - Se queres saber o porquê de termos considerado os teus pais traidores e espiões é por uma razão muito simples. Havia mensagens entre eles e o Júlio, o líder supremo actual e o nosso maior inimigo. Havia imagens do campo inteiro, de algumas pessoas e da nossa fortaleza. Havia imagens também do livro dos registos mas ele só se abre para algumas pessoas por isso não o conseguiram abrir. Havia imagens da entrada do nosso portal. Nós já desconfiavamos deles e de mais umas pessoas mas só os descobrimos a eles com as imagens nas mãos e prestes a sair de casa. - Continuou Jonathan sem poupar qualquer tipo de pormenor.

Todos estávamos em silêncio ora a olhar para o Jonathan ora para o Xavier.

- Quando eles nos viram tentaram fugir com as imagens mas conseguimos apanhá-los. Eles pareciam estar muito surpreendidos por terem sido apanhados e ainda disseram que tinham sido plantadas lá mas as trocas dos emails e tudo estava em casa deles e com o nome deles. Era impossível pensarmos de maneira diferente... Tens de entender Xavier, todas as decisões que nós tomamos foi por achar que era a melhor para proteger toda a gente. Nós pensamos muitas vezes nisso que fizemos... Pensamos muitas vezes: e se eles foram realmente acusados? E se colocaram lá as provas para os verdadeiros culpados não serem apanhados? - continuou Jonathan. - A verdade é que nós não sabemos. Nós não sabemos mesmo. Tínhamos as provas e estávamos em guerra e a verdade é que eles acabaram por conseguir entrar na nossa base. Portanto não sei. Peço desculpa. - concluiu Jonathan.