IV (Parte 1)

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Richard estava ao meu lado quase a desmaiar de medo.

Eu olhava fixamente para ele e tentava pensar rápido em como nos livrar desta situação. Pensei em várias soluções, mas cada uma era pior que a outra.

Ao ver a cara de pânico de Richard eu sabia que iria ficar entre ele e qualquer pessoa que lhe quisesse fazer mal.

Comecei a tentar lembrar-me do que falava o livro de psicologia que tínhamos de estudar para as aulas de conhecimento geral e que eu sabia que falava sobre bullying.

Lembro-me de ter lido que normalmente quem faz bullying é porque já sofreu em casa, ou já sofreu em mais novo, sente ciúmes, quer ser popular ou ser visto como o líder ou então, quer algo que os outros têm.

Eles não pareciam ser pessoas mal tratadas então só podia ser inveja até porque pela maneira como falaram de sermos os salvadores do mundo era isso mesmo que me fazia parecer.

Eu tive uma ideia, devo dizer que não foi das mais inteligentes, mas tinha de tentar fazer algo para eles nos deixarem em paz.

— Deixem-nos sair daqui. — pedi eu sem demonstrar medo.

— Oh não, não. Nós queremos brincar um pouco. — disse um deles que parecia ser o líder e começou a avançar para nós.

— Nós não queremos brincar, queremos sair daqui! Também não entendo! Fazes isto porquê? Os papás batiam-te quando eras mais novo era? — perguntei eu a tentar distraí-lo.

Ele parou com ar irritado, parecia que estava a espumar de raiva e vi água nos olhos dele.

Fantástico.... É um dos aquáticos. ​Pensei eu.

— Quem és tu para falar de pais? Os teus morreram ainda nem sabias dizer papá. — disse ele a rir maliciosamente, percebendo que tinha atingindo um ponto fraco. — Mas graças aos teus pais adotivos e desse aí, os meus pais foram expulsos por serem traidores. E não eram. Agora não sei onde estão ou se estão vivos sequer. — explicou ele dando-me uma satisfação.

Finalmente percebi que ele só ficava a importunar o Richard devido ao que os pais dele fizeram e tentei chamá-lo a razão sobre isso:

— Espera, então estás a dizer-me que só fazes isto porque os vossos pais se portaram mal uns com os outros? O Richard não tem culpa disso. Nenhum de nós tem. — Gritei eu para ele.

— Não quero saber. Os pais dele têm de pagar pelo que fizeram com os meus. E isso começa por mim a fazer os filhos dele sofrerem. Mas antes disso, deixa-me apresentar às pessoas que te vão infernizar a vida a partir deste dia. — disse o rapaz a rir e fez gestos para que os outros três nos ladeassem.

Olhei para todos os lados e não havia escapatória, estávamos encurralados.

O líder agarrou-me pelo colarinho e falou:

— Muito bem! Eu sou o Xavier, este é o Rúben, este é o Micael e este o Rui. — disse ele apontando para cada um dos amigos, depois atirou-me ao chão.

Eu desiquilibrei-me e bati no Richard e ambos ficamos estatelados no chão.

Eu sentia muita raiva deles, mas acima de tudo os meus sentimentos não se centravam em mim, mas sim no Richard.

Os Irmãos De Sangue: Um Encontro InesperadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora