Dono do meu inferno

Invido

Carolina

Mantenho a postura mesmo com os tremores percorrendo cada pedaço do meu corpo, o braço de Nicklaus e um apoio bem vindo enquanto todas as pessoas no salao estão em completo silêncio analisando nossos movimentos. Paramos no meio do lugar, a mão firme dele vem para o meu quadril nos aproximando enquanto a sua mão esquerda tem uma delicadeza absurda para não tocar o ferimento. A música se inicia junto com nossos passos.

"O que está incomodando minha esposa?" Ergo a cabeça fixando o olhar no dele.

"Não conheço nenhuma dessas pessoas." A mentira sai fácil pelos meus lábios.

Seu olhar analítico é como duas lâminas afiadas em busca de pele para rasgar , o animal selvagem que Nicklaus esconde sob o belo terno está à espreita para quebrar cada pedaço meu no menor deslize.

"Não é o que Yves e Maya pensam."

Acompanho seu olhar direcionado às mulheres que nos observam com um sorriso enorme nos rostos, Maya deve ter esperança de encontrar um amor já Yves com a mesma disse ainda tem esperanças em seus meninos.

"Elas estavam aqui enquanto você,sumiu."

É uma afirmação e uma admissão culposa, não gostaria de ter sentido tanta falta dele quanto senti ou então às vezes em que procurei pelos cantos da casa qualquer indício de onde poderia estar.

"Prefiro que fique acompanhada por elas do que pelas outras mulheres da organização."

A música se encerra, mas Nicklaus não nos tira do salão de dança enquanto outros casais começam a dançar próximos. Ele puxa minha cintura fazendo nossos corpos se tocarem, deito a cabeça em seu ombro direito sem nenhuma vontade de continuar encarando os olhos questionadores.

"O que deseja de presente esposa?"

Miro seu olhar questionador enquanto rodopiamos mais uma vez pelo saguão a sensação de estar sendo observada é completamente irritante, mas a indagação continua em seus olhos.

"Minha liberdade." Respondo sincera mesmo com a certeza de jamais receber algo assim.

"A liberdade só existe quando morremos não planejo mata-la antes da nossa noite de nupcias."

Sinto minhas bochechas queimando com a insinuação ao mesmo tempo em que sinto estar completamente irritada.

"Sabe, no momento quero entender porque um dos homens da mais alta confiança não consegue tirar os olhos da minha esposa."

Nervosa acabo trocando os pés pisando no de Nicklaus que mantém o rosto impassivel, firmando minha cintura e impedindo uma vergonha maior.

"Nervosa?" Seu olhar furioso questiona.

Posso ver dentro dele a raiva borbulhando se misturando a desconfiança enquanto as memórias apenas aumentam o tremor nas minhas mãos.

"sim." Solto um suspiro sendo sincera, atraindo seu olhar. "Você nem ao menos precisa de um motivo para me matar Nicklaus, então porque lhe daria um?"

Nossos olhares se mantém um no outro analisando cada brilho contido, até mais uma musica finalmente terminar e ele guiar-me até a mesa. Vários homens aparecem trazendo presentes, beijando a mão dele enquanto as mulheres disfarçam os olhares cobiçosos desejando-me um bom casamento. Chega a ser cansativo manter o sorriso falso estampado nos lábios.

Quando estou prestes a tomar mais uma taça de champagne, Nicklaus retira da minha mão puxando-me e nos erguendo, os convidados começam a bater palmas soltando gritos e assovios. Ele me guia para fora da tenda e voltamos para a mansão.

"Gostou de ter a atenção de Razmunikin a noite toda esposa?" Questiona quando as portas se fecham.

Estremeço entre medo ao descobrir o nome daquele monstro e ódio por Nicklaus continuar tocando nesse assunto.

Começo a andar em diração as escadas sem ligar nenhum pouco para ele, subindo as escadas e retirando o longo véu deixando cair no chão louca para desfazer esse teatro, quando finalmente entro dentro do quarto dele viro-me de frente vendo seu olhar transtornado esperando uma resposta.

"Sabe marido, até parece que você está sentindo ciumes." Respondo venenosa.

Admirando a forma como as suas expresseções se tornam surpresas e o modo como parece estar sem reação, pela primeira vez sinto que não sou a única perdendo nesse jogo.