Inexplicavel

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Nicklaus

Posso sentir seus batimentos descompassados, posso sentir o cheiro do medo se misturando ao cheiro da excitação, posso estar perdendo o último resquício de lucidez que tenho ao estar segurando essa mulher desconhecida entre meus braços na frente da minha casa. Não a mansão que comprei para Mikaela, mas a minha casa da qual cresci e mantenho, Dimitri ainda mora aqui, passo mais tempo nesse lugar do que em qualquer outro. Deveria estar dando respostas aos capos sobre a morte da minha esposa, mas deixei tudo isso para que meu irmão lide enquanto estou fazendo só Deus sabe o que com essa mulher.

Acabo passando o nariz pelos fios do cabelo escuro descendo lentamente para o lóbulo pequeno sem nenhum brinco observando os pelos que se arrepiam enquanto mantenho o aperto firme em volta da cintura fina.

— Pelo visto você é o poço da insensatez. — A necessidade em provoca-la fala mais alto.

A afasto o suficiente para mirar a confusão dentro dos seus olhos, o tom de rosa que sobe pelo seu pescoço fazendo as bochechas ficarem coradas entregam a sua inocência. Sinto vontade de quebra-la, entregar-lhe um mundo muito pior do que aquele salão cheio de mulheres esnobes.

— Desculpe.

Observo a maneira como abaixa o olhar totalmente obediente, sinto a besta gritando e ao contrário do tradicional desejo ve-la respondendo de maneira desobediente, por alguma maneira inexplicável quero o pior dessa garota. E definitivamente não existe nada do quero que possa ser negado. Movimento a mão esquerda para que siga na minha frente, seu olhar sobe e ela observa a entrada de rochas trabalhadas entre os leões que representam a minha família dentro da máfia.

As portas pesadas de madeira logo se abrem, Yves aparece em sua roupa habitual de trabalho os cabelos grisalhos presos em um coque sem nenhum fio fora de lugar, não preciso nem mesmo lhe dirigir uma palavra, a mulher que me criou entende muito bem que não deve falar nada.

Coloco a mão nas costas da garota que dá um pulinho para frente acabo mordendo a parte interna da bochecha para não abrir um sorriso, a guio pelo corredor até a porta que fica próxima da escada. Seu olhar vai para as escadas, aproveito a sua falta de atenção para destrancar a porta do escritório. Quando termino passo a mão direita pela cintura dela a puxando fazendo as suas costas baterem contra o meu peitoral, o ar escapa pelos lábios avermelhados o gesto nervoso em morder o lábio inferior retorna, sinto vontade em provar.

Mas consigo controlar o impulso a empurrando para dentro do escritório fechando a porta, a deixo parada no meio do lugar e caminho para a estante pegando a caixa com o material de primeiros socorros deixando ao meu lado na mesa de madeira. Retiro o terno e a gravata, começando a desabotoar cada um dos botões da camisa social seu olhar encontra o meu, novamente a garota volta para a mesma expressão vazia. Nenhum desejo, nenhuma surpresa. Solto o ar com força, seguindo os seus movimentos ao caminhar na minha direção as roupas grandes demais escondendo o corpo pequeno, os fios rebeldes balançando e o olhar frio que passa a se concentrar dentro da caixa.

— Não precisa preparar anestesia. — Falo de maneira brusca atraindo a sua atenção.

— Tudo bem.

Travo o maxilar com raiva, que tipo de mulher ela é?

As mãos pequenas encontram as luvas e logo depois ela está com o fio de sutura pronto, o algodão com álcool queima a carne machucada do ferimento no braço esquerdo. Encontro com o seu olhar buscando algum tipo de confirmação silenciosa, no instante seguinte ela inicia os pontos. É um tipo de dor do qual já estou acostumado, na realidade muitas vezes faço isso sozinho.

Então, por qual motivo estou contratando-a para fazer isso?

É um gosto amargo que sobe até a minha boca quando percebo que quero ver essa garota outra vez, sim, quero ver ela sem reação outra vez enquanto mato alguém bem na sua frente. Mulheres costumam gritar diante do demônio que carrego, o medo da morte costuma corromper até o mais forte dos homens. De alguma maneira inexplicável atraiu a minha atenção, acima de tudo a atenção animalesca que carrego, seus lábios em formato de coração fechados em uma linha fina e firme enquanto se mantém concentrada.

Dono do meu infernoWhere stories live. Discover now