Indagações

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Nicklaus

Obverso a maneira tranquila da qual dorme em meus braços desatenta ao perigo tão próximo, deixo que fique na minha cama enquanto saio para resolver e entender o que pode ter acontecido para Dimitri estar tão preocupado, ainda mais quando é sempre tão intransigente. A bela visão deveria ser o suficiente para apaziguar a fera sedenta para destruí-la, mas não é, meu desejo em quebrar sua inocência apenas aumenta exponencialmente, quero que veja a beleza da destruição e o preço a ser pago por encantar o diabo com seus olhos assustados. Entro no closet apenas para pegar uma camisa preta, saio do quarto a deixando para trás com a pouca decência que ainda tenho para preservar a sua virgindade.

Dimitri como sempre está com os braços cruzados em frente a porta da suíte.

"Esperava escutar os gritos da nossa garota"

Completamente cego, avanço como um animal, o segurando pelo pescoço e batendo sua cabeça contra a parede com força.

"Ela é minha" — Declaro possessivo, seu sorriso louco deixa claro que perdi no jogo.

Em um silêncio violento no qual nossos olhos tão idênticos entram em um consenso apesar da loucura que existe em nós.

"Algum problema senhor?"

Viro o rosto na direção da voz, encontrando com Razmunikin o sub chefe que nos analisa, buscando algum problema potencial.

"Nenhum."

Solto meu irmão e saio caminhando pelo corredor com a certeza de que os dois me acompanham até o escritório, onde finalmente cedo ao desejo em encher o copo de álcool e ter uma leve anestesia dessa loucura causada por Carolina.

Bato os dedos contra o vidro vazio e encho outra vez antes de sentar-me por trás da mesa de madeira na poltrona de couro, observando os dois homens que compõe o círculo da minha inteira confiança.

"O conselho insiste em um novo casamento." Razmunikin se pronuncia, seus olhos azuis atentos as minhas reações.

"Avise-os que irei, em uma semana"

Enquanto Dimitri esconde o sorriso que estava para nascer no canto dos lábios, o sub chefe não esconde a cara de espanto com a novidade.

"Resolveu aceitar a proposta de Polpov?"

"Ele pode casar a filha com quem quiser, já tenho uma noiva, Razmunikin se preocupe em apenas repassar o recado ao restante do conselho."

"Sim, Senhor."

"Mais alguma coisa?" — Questiono impaciente que ainda esteja parado no meio do meu escritório.

"Outra carga foi desviada." — Responde prontamente.

Bufo furioso, já sabia que algo assim ocorreria, afinal, nenhum traidor se mantém sozinho, é sempre necessário outros que sustentem a sua crença.

"Estive com um dos nossos homens que me pareceu bastante suspeitos, mas sem nenhuma informação."

Mirei Dimitri, meu irmão pode ser muitas coisas, mas não é nada menos do que um dos meus melhores monstros, nem mesmo nossos soldados bem treinados suportariam estar com ele em uma das suas salas de tortura. Por esse motivo noto que deseja dizer algo sem deixar que mais alguém escute.

"Posso tentar meus métodos com esse soldado." — Razmunikin se oferece.

"Sinta-se a vontade." — O sorriso sádico de Dimitri é um alerta que poucos percebem.

Termino a minha bebida completamente, contrariado, alguém continua traindo a Bratva, o conselho permanece querendo interferir na minha vida e agora, tenho Carolina.

Mantê-la em segurança no meio de um mar tempestuoso será um problema, entretanto, mexer com a esposa do Parkhan é um atestado de óbito.

"Ele está assim, desde que achou a noiva."

Saio dos pensamentos com a voz irritante de Dimitri e suas insinuações.

"Imagino que seja uma linda mulher." — Razmunikin provoca.

"E de fora da máfia."

O sub chefe não esconde o espanto, posso notar algo se passando em seus olhos e fico extremamente incomodado com isso.

"Quando iremos conhecê-la senhor?" — Questiona voltando a postura fechada sem nenhuma emoção.

"No dia do casamento." Respondo de maneira tranquila.

Dimitri nota que não quero conversar e sai junto do homem, minha cabeça parece que explodirá com tantos pensamentos loucos.

Imagino a cara de Carolina na hora em que descobrir que irá se casar comigo, sua voz rouca falando ser virgem deixa-me excitado imediatamente. O medo que sente misturado ao desejo inegável é algo do qual toma toda a minha sanidade. Por que caralhos sinto tantas coisas misturadas a essa mulher?

Esfrego as mãos no rosto confuso demais com tantas indagações, mas certo de algumas atitudes que desejo tomar ao chamar Yves e delegar algumas tarefas relacionadas a Carolina, a velha só falta dar pulos de alegria, mas noto o quanto se controla. Quando finalmente tenho certo controle, saio da mansão em direção à sede da organização, preciso verificar alguns dados contábeis além de marcar presença para os homens levarem aos conselheiros. Quando encontrar esse traidor, nem mesmo uma alma para julgar irá sobrar.

Dono do meu infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora