Capítulo 28

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                                                                                  *************

   Lá estava eu e Jack na estrada novamente. Estávamos cansados, com sede e eu nem sabia para onde estávamos indo. Jack me carregava em seus braços, pois eu não aguentava mais caminhar. A cada passo que dávamos  a floresta tomava uma proporção diferente. Neste momento estávamos em uma parte clara da floresta. Algo chamou a minha atenção, e me assustou muito quando percebi que havia flores pelo caminho, porém, elas eram estranhas, no meio de suas pétalas, onde deveria ter o polem havia uma cabeça, aquilo era medonho de se olhar. As flores conversavam entre si alegremente, elas diziam sobre como a terra estava seca naquela semana e as vezes comentavam da beleza de uma das outras.

 - Credo... - Eu comento em um sussurro horrorizada ao ver aquilo. As flores eram belíssimas, embora fossem estranhas. Eu desacreditava de tudo aquilo. Não era possível que aquelas flores estivem conversando. Eu estava incrédula.

    As flores ouviram meu sussurro e fizeram cara feia para mim.

 - " Credo" ?! Me poupe, olha quem fala- Comentou a petúnia de coloração azul clara.

   O Lírio de pétalas rosas apenas resmunga um: "hum!" como resposta.

  - Elas são da espécie Flores in Capitibus. As petúnias são bem vaidosas, tome cuidado com suas palavras cordeirinho- Sussurrou Jack em meu ouvido, com cuidado para as flores não ouvirem.

 -O que é isso? Isso só pode ser loucura!- Sussurro

 - Talvez seja, mas a loucura faz parte desta floresta. A floresta é rodeada por magia, você deveria esperar por isso, você esta nos braços de um lobisomem. 

 Eu desvio o olhar das plantas cabeçudas e foco em seus olhos dourados. Ele estava certo, já não fazia mais nenhum sentido duvidar de tudo isso.

 - Mas então por que os humanos não acabaram com este lugar? Por que tudo esta tão intacto?

 - Por que a maioria dos humanos não sabe deste lugar e os que sabem não são loucos de entrar aqui desacompanhados, ao menos, não loucos como você. - Responde ele com um pequeno sorrisinho em seus lábios rosados.

 - Aquilo foi um acidente, eu me perdi da trilha- Explico-me e ele apenas solta um: "hum" em resposta. Ele logo volta a falar.

 - Você estava chorando naquele dia... Eu consegui ouvir seu coração, ele estava bem acelerado.

 - Estava tendo um ataque de pânico...- Respondo meio sem graça. Era desconfortável para mim falar sobre esse tipo de coisa, sentia medo de falar sobre os sentimentos que nem eu sabia direito. - Jack para onde estamos indo? - Pergunto na intenção de fugir do assunto. Ele logo percebe a intenção, mas entendendo a minha distância do assunto, ele me respeita e responde a minha pergunta mudando completamente o rumo da conversa.

  - Mediocris Lacrus.

 - O que é isso?- Eu o encaro completamente confusa.

 - Um lugar muito belo e perigoso- Ele responde de forma simples.

- Perigoso? Você realmente esta tentando me matar né?- Pergunto com ironia e um certo aborrecimento por trás de minha fala.

- Talvez- Ele responde com um lindo sorriso provocador que revelava as suas presas e seu maravilhoso sarcasmo.

 - Por que você apenas não me fala o motivo de ter matado a minha avó e vamos para casa?

- Primeiro: Não gosto de falar sobre esse assunto e eu tenho os meus motivos para ficar calado por enquanto. Segundo: Quero que saiba quem eu sou e quem é você. E terceiro: Eu não posso te deixar ir, você vai ser a minha companheira.- Ele responde como se tudo fosse a coisa mais simples do mundo. Suas palavras realmente me irritaram

 - Pois bem, Primeiro: Você têm que me falar o por que de ter matado a minha avó, ela era a minha avó.- Dou ênfase em minhas palavras para deixar claro a minha raiva. Continuo.- Segundo: Eu sei muito bem quem sou eu e terceiro: Eu nunca vou ficar com você.  Você matou a minha avó, tirou minha alegria de mim, tirou meu amor, apagou meus dias felizes e apenas deixou um borrão de lágrimas e de noites mal dormidas. Eu me recuso a ficar com você

 - Você não tem escolha. - Ele me responde com uma voz embargada de frieza, embora eu soubesse muito bem que ele estava com raiva e que estava nervoso.

 - Eu tenho sim!- Rebato irritada.

 -  Abaixe seu tom de voz- Ele diz com os olhos semicerrados e as suas sobrancelhas franzidas deixando claro a sua raiva e o seu incomodo.

   Com raiva eu desvio o olhar de seu rosto e olho para o céu alaranjado. suas macias e felpudas nuvens vagam pelo céu lentamente conforme o tempo passa. O sol alaranjado iluminava o topo das árvores deixando suas folhas em um tom amarelado. Era belo, me lembrava os dias de verão onde eu, vovó e mamãe íamos até a praia fora do vilarejo para nadar no mar e curtir o dia ensolarado. Minha cabeça repousava no ombro de Jack. Meu rosto estava próximo de seu pescoço e eu podia sentir seu perfume amadeirado e doce. Seu perfume era quente e intenso. Era gostoso de se sentir. No pescoço de Jack não havia nenhum resquício de barba e muito menos em seu rosto, isso era um tanto hilário, aliás, Jack era um lobisomem e não tinha nenhum resquício de barba. Mas mesmo assim ele era belo de matar.

Floresta AdentroWhere stories live. Discover now