- Não quero falar sobre isso, vovó. Não agora..- sussurrei, suplicando para ela deixar aquele assunto quieto e a vi assentir.

- Certo, vou deixar voce cuidando de tudo. Prometo que quando quiser conversar sobre isso, não haverá julgamentos.- Falou saindo do escritório. – Sou de outra época mas sei que meus netos não são. Então, preciso ter  a mente aberta para vocês.

Sorri.

- Voce é a melhor avó do mundo inteiro.- Falei, encarando-a e a vi sorrindo pra mim.
- Eu sei, querida. Eu e a madá somos as melhores.- Alisou meu rosto com carinho e me abaixei pedindo um beijo como ela costumava dar em nossa testa, e assim vovó o fez. – Não se isole, voce não é assim.

- Ok, prometo sair daqui assim que terminar. Vou só limpar aqui.- Eu a vi se distanciar e suspirei alto, indo em direção ao quarto de limpeza para pegar a vassoura.

Assim que limpei tudo, sentei-me no sofá vendo o livro que vovó havia mexido ali.
Abri o livro em minha frente ‘Diga que me ama ‘’ observando as páginas surradas, passando lentamente por elas.

Aquele era o livro preferido da minha mãe e lembrei dela lendo essas páginas sempre, como se fosse um programa de televisão favorito eela pudesse sempre reprisar.

Lembrei-me também de como minha mãe sempre amou os livros, a leitura foi escape por anos em sua vida e a única coisa que herdei dela foi o prazer pela leitura.

Ainda tentei ter um laço com ela comentando sobre as obras que lia durante os dois anos seguintes a morte do meu pai que ela ainda estava em nossa casa.

Um papel caiu de dentro dele, fazendo-me franzir o cenho ao ver a letra da minha mãe.

Sinceramente tentava inutilmente não pensar no fato de que ela não ligava para nós, mas falhei, eu sinto saudades da minha mãe..

Pensei tanto nos anos que sucederam a sua partida para outra cidade que ficou impossível não decorar tudo sobre ela.
Seus costumes, seus gostos, tudo..

Mamãe e eu não éramos tão próximas, mas sempre teve uma ligação especial com meu irmão. Talvez fosse por isso que tinha tanta vontade de que ela me olhasse, que realmente me enxergasse..

‘’ O bebe nasce em alguns meses.
Eu precisava de voce aqui, mas voce não quis fazer parte da vida do  nosso filho.’’

Meus olhos liam as primeiras frases do papel com calma, porém travei ao ver que aquela carta não era dedicada ao meu pai, mas sim a Damião Barroso um antigo fazendeiro da região que faleceu há alguns anos.

Conforme avançava a leitura, sentia minha cabeça girando e meu corpo dando indícios de que estava enjoando.

O que aquilo queria dizer?
O que significava para ser mais precisa?
Minha mãe trocava cartas com aquele homem?

E, porque estava dentro deste livro?
Não me parecia o tipo de coisa que alguém faria e deixaria á mostra.
-
Gizelly
-
Atravessei a rua com raiva, pensando no fato de que Rafaella estava me  ignorando e não atendia as minhas ligações e muito menos respondia as minhas mensagens.

Mas eu disse a mim mesma que ia aceitar o pedido dela e não a procuraria dizendo que poderíamos investir em um relacionamento, seja qual fosse o grau dele.

Platônico, amoroso ou de amizade.

Fosse lá qual era o nível em que poderia levar tudo aquilo.

Só que quanto mais eu falava que não ia pensar nela, mas eu fazia.

E, então quanto mais eu andava em direção á empresa, mais pensava nela e na noite em que passamos juntos.

Porém, senti meus pés travando vi Rafaella e Antonio juntos em uma cafeteria a alguns metros de onde eu trabalhava.

MÃE POR ACASO (GIRAFA) G!P (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now