chapter 55.5

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Palácio da Justiça, Paris.

12 de dezembro.

DAMIANO'S POV

Angel era a única coisa de que todos os jornais sabiam falar. Ver esse assunto transferir da minha memória para os incisivos de pessoas que eu nem sequer conhecia era uma coisa que iria acontecer independentemente das condições, e eu sabia isso, ou achava que sabia isso. Porque no fim de tudo, algo desagradável entrava dentro de mim quando via a quantidade de esclarecimentos que nos pediam quando a uma coisa que só cabia a ninguém com exceção de nós. Porém ao mesmo tempo, como Benjamin Franklin uma vez disse, a justiça não será servida até os que não foram afetados estiverem tão ultrajados como aqueles que foram. Por isso, visualizar o caso ser intitulado como "O Crime que Chocou a França" levou o assunto até ao coração da opinião pública, que se eu antes odiava, naquela fase foi o maior aliado de todas as vítimas. Os franceses geralmente são especialistas em fazer os melhores protestos, cheios de intensidade e determinação, e dessa vez não foi diferente.

No entanto, entre encontrar datas que coincidissem com a disponibilidade da juíza, recolher o máximo de testemunhas, e tratar de todas as formalidades e complicações do processo, voltei ao tribunal 11 anos depois da última vez em que lá estive. Agora, com um número de testemunhas quase duplicado, os corredores de fora do espaço estavam cheios de indivíduos que eu não conhecia misturados com caras que tinha encontrado demasiadas vezes nos últimos tempos, não contando com as testemunhas do 'nosso' lado, que foram o meu sogro, Nica, Jacopo, meus pais, Leo e Ethan, os únicos que conseguiram visitar Angel a tempo . As expressões faciais de muitos deles tinham envelhecido, tal como a minha. À medida que o tempo ia passando e as pessoas iam entrando dentro, me sentia cada vez mais sozinho, e aquele sentimento agridoce de nervosismo subia na corrente do líquido que faz meu coração pulsar mais rápido, o mesmo sentimento que tinha sentido da última vez que saí de um sítio daqueles. Mas, Damiano você sabe o quanto nós lutamos para estar aqui? Quantas horas tiramos das nossas vidas para fazer o nosso melhor em nome da nossa justiça? Além disso, porquê que o nosso relacionamento voltou, o que nos uniu? Essas não foram palavras minhas, mas sim de uma tal mulher loira que vive no meu pensamento em todos os segundos de um minuto e em todos os minutos de uma hora e em todas as horas de um dia de uma forma tão presente que nem parece que estou longe dela.

Quando chamaram o meu nome, o meu corpo teve uma reação completamente diferente do que eu esperava. Porque apesar do meu psicológico estar instável, o meu físico estava mais do que pronto para dar tudo o que poderia fazer no seu alcançe.

Subi naquele altar, olhei para o meu redor, e as inúmeras luzes LED pareciam todas focadas em mim. E logo começaram as perguntas do costume.

"Em algum momento você suspeitou de práticas anti-éticas por parte da acusada?"

"Confirma que tinha acabado de chegar na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais da Maternidade em questão quando a sua filha morreu?"

"Foi reportado que o senhor teve um ataque de pânico no meio dos corredores de entrada da Unidade de Cuidados em questão. Pode confirmar que a pessoa que o assistiu foi a Sra. Dra. Alessandra Chastain, médica pediatra responsável pela alegada vítima Angelina Grace?"

Essas foram três de muitas. Me sentia pressionado imensamente, porque sentia que todas as pessoas presentes estavam observando cada momento que eu decidia fazer, à espera de algo brilhante sair da minha boca. Mas isso logo acabou, e depois me mandaram sentar no público.

GOLDWINGWhere stories live. Discover now