chapter 9

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victoria's pov

Por esses dias faz precisamente quase 45 dias que eu voltei a morar sozinha. Foi um processo lento, que implicou uma transição de ambiente, uma redução da medicação e acima de tudo muita terapia, mas agora, me sinto orgulhosa por dizer que estou há quase 3 meses sem me automutilar. Continuo a manter imenso contacto com o Dam, e sempre que pudemos fazemos uma noite de filmes todas as sextas-feiras.
Até agora, nossas sextas-feiras de filmes até às 3 da manhã estão meio paradas, porque digamos que o Damiano tem uma nova prioridade da vida, a namorada, Giorgia. Eu não tenho nada contra ela, mas pronto... Hoje, depois de 3 semanas seguidas de cancelamentos da parte do Damiano da nossa sexta de filmes, ele finalmente voltou a mandar mensagem para a 'remarcar'. Agora, me apetece também cancelar da minha parte. Podem me chamar de vingativa, e é verdade, mas no fim, acabei por ir. Vesti umas calças pretas bem largas, uma sweat cinzenta e o meu par de botas favorito, e depois conduzi até à casa dele. 
Cheguei ao andar do apartamento e quando estava quase a bater na porta, sinto alguém me abraçar por trás, e logo reconheci que era o Dam por causa daquele icónico cheiro a cigarros misturado com o perfume Ralph Lauren, que lhe tinha oferecido no Natal anterior. Para mim, aquelas 3 semanas que fiquei sem o ver passaram como se fossem 3 meses.
Dessa vez, encomendamos a nossa pizza em uma das melhores pizzarias de Roma, por isso ficamos imenso tempo à espera que ela chegasse. No tempo que nós esperamos, o Dam roubou o meu celular como ele sempre faz, e eu (como sempre), tive a o chatear até ele me voltar a devolver o celular. Mas dessa vez, algo aconteceu e a minha tática infalível falhou, e ele continuou a resistir a todas as coisas que eu lhe fazia, até que eu me lembrei de uma coisa: as cócegas no tronco, um dos pontos fracos dele.

(turn on music: Sweater Weather)

Ao longo da nossa luta, notei que ele se colocou em cima de mim, tentando me agarrar para parar de fazer cócegas. Aí, eu me virei e daquela vez fiquei em cima dele, me fazendo ter mais vantagem em conseguir retomar as cócegas e recuperar o meu celular. Antes de eu conseguir tocar o tronco dele novamente, fui impedida por umas cócegas que estavam vindo das minhas coxas até à minha costela. Se existe pessoa que conhece os meus pontos fracos, é o Damiano.

— Dami, para, por favor.- disse, entre algumas risadas.

— Karma is for you, darling. - disse ele, mordendo levemente o lábio.

— Dam, a sério?

— Simmm....- disse ele, rindo cada vez mais.

— Eu te odeio, sabia?

— Te odeio mais, chata. - diz ele, encostando a sua cabeça no meu ombro.

Quando olhei no fundo nos olhos dele, vi aquela pupila a dilatar rapidamente, uma sombra preta que contrastava com os seus olhos cor de avelã. Foi uma conexão instantânea. Ele tem um brilho nos olhos que eu nunca vi em mais ninguém, é algo que eu não consigo expressar por simples palavras. Aquele clima acabou assim que o celular do Dam tocou, e felizmente era o senhor das entregas avisando que as pizzas já tinham chegado.

Como sempre, ele colocou uma toalha em cima da sua cama e ligou a TV. Decidimos ver Assim Nasce uma Estrela, um filme protagonizado pela Lady Gaga e pelo Bradley Cooper.  Foram 2 horas de filme que passaram muito rapidamente, cheias de momentos engraçados e algumas lágrimas. 

— Bem, acho que pudemos fazer um cover da Shallow. O que você acha?

— É uma boa ideia! Quando tivermos os 4 juntos, podemos começar a treinar.

— Não, nada disso, só nós os 2, como nos velhos tempos, lembra?- disse ele, agarrando na minha mão.

Aquela frase me causou um sentimento imediato de nostalgia daqueles dias depois da escola que eu e ele íamos para a minha casa tentar fazer covers de músicas aleatórias. Ele pegou na guitarra dele e a colocou à volta do meu tronco, e foi procurar os acordes na internet. Depois de meia hora, uma melodia linda contrastava com aquela voz de anjo, enquanto se ouvia um pouco do barulho da chuva a cair no chão lá fora. Já sentia saudades daqueles momentos.

— Uau, já são 2 da manhã. - disse, olhando para o meu celular.

— Se você quiser, pode ficar aqui essa noite...

— Não é necessário Dami.

— Please...- disse ele, fazendo uma cara de bebé.

— Ok, eu fico aqui.

Tenho de admitir que gostei de ver ele a insistir para eu ficar na casa dele, até porque aquele lugar é tipo a minha segunda casa, uma vez que fiquei vivendo lá durante 2 meses. Uns minutos depois, ele me deu uma camisa de botões dele para eu vestir. Tirei a minha roupa, e vesti a camisa, que me ficava mais ou menos pelo joelho. Para alguns, é meio constrangedor trocar de roupa à frente do melhor amigo, mas sinceramente isso é uma coisa que já não me incomoda. 

— Bem, eu vou dormir na mesma cama que você?

— Sim, porquê, tem algum problema?

— Não sei, você acha que a Giorgia fica ciumenta?- disse, um pouco preocupada.

— É claro que não, ela sabe que nós somos muito amigos, e ela respeita isso.

— Jura?

— Juro, angel.

Normalmente antes de dormir, a minha cabeça encheu de pensamentos aleatórios, e do nada comecei a pensar em uma coisa:

Será que eu era a única que já sentiu um possível sentimento por alguém? Tipo, é como se você não amasse a pessoa, mas você sabe que poderia a amar. É como se você chegasse à conclusão que poderia se apaixonar muito facilmente por elx. É quase como se aquele sentimento fosse uma flor pronta para florescer, mas ainda não está totalmente preparada. E você  realmente gosta muito da pessoa, você pensa nelx com frequência, mas não os ama. No entanto, você sabe que poderia.

oiiii :)

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tks for reading 

mel :)

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