chapter 12

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Eu não estava a acreditar que eu tinha feito merda, de novo. E pensar que ele abandonou a namorada só para não me desapontar e eu estava naquele momento a desvalorizar os sentimentos dele me fazia sentir ainda pior. Digamos que em geral, eu odeio ter algum mal-entendido com alguém, especialmente com o meu melhor amigo. Mas é sempre difícil o Damiano aceitar as minhas desculpas na hora, até porque se há coisa que ele consegue ser é demasiado orgulhoso, por isso eu sabia que tinha de dar um pouco de tempo até ele me desculpar.

Se passaram algumas horas, e já estava noite. Como estávamos todos muito cansados, decidimos ficar no apartamento a descansar e encomendar alguma coisa para comer. O Damiano continuava a não falar comigo, mas continuava a fixar o seu olhar no meu, como se ele tivesse algo para dizer.

- Ele... ele está chateado? - pergunta o Ethan, susurrando na minha orelha.

- Acho que sim, ele não fala comigo desde as 5 da tarde.

- Você já sabe como ele é, certo? Daqui a poucos instantes ele vai entender.

A situação ficou assim até ao fim daquele dia. Eram 2 da manhã, e a minha ansiedade não me deixava dormir de jeito nenhum. Quanto mais pensava naquela situação, mais o meu batimento cardíaco acelerava.

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Acordei às 5 da manhã, assustada com uma pequena tempestade que estava acontecendo. Desde aí, nunca mais tinha conseguido dormir. Da janela do meu quarto, conseguia ver algum movimento pelas ruas. Paris é uma das únicas cidades que eu sei que fica com trânsito literalmente todo dia, e dessa vez não seria diferente, uma vez que faltavam apenas 2 dias para o Natal.
Depois de 3 chávenas de chá de camomila, a minha vontade de dormir começou a aparecer lentamente, e acabei por dormir no sofá da sala.
Acabei por acordar apenas 3 horas depois, com a luz da rua batendo na minha cara. Com umas olheiras do tamanho do mundo e 4 camadas de roupa, saí do apartamento para fazer uma coisa que ainda não tinha feito, comprar os presentes de Natal.
Apesar do shopping estar cheio de gente, consegui alguns presentes: para o Thomas, um pedal para a guitarra; para o Ethan, um pack de 10 meias de Natal e um dos perfumes favoritos dele; para o Leo, uma caneta da Apple nova, já que a dele estava estragada. Tentei procurar em imensas lojas, mas não tinha encontrado nenhuma coisa para o Damiano. Será que eu deveria oferecer alguma coisa para ele? Pois, essa dúvida estava sempre na minha cabeça.
Depois de andar por umas ruas, encontrei ao fim de um caminho sem saída uma pequena joalheria, que era visivelmente antiga. Entrei, e vi ao fundo no balcão um senhor de meia-idade, sorrindo.

— Bom dia, senhorita, em que posso ajudar?

— Eu, eu... vim comprar um presente.

— Hum... Para que pessoa?

— O meu melhor amigo, quer dizer...

— Quer dizer o quê?

— Bem, é complicado...

Sim, eu acabei por desabafar com um senhor de 70 anos que tinha conhecido há pouco menos de 15 minutos.
Uns momentos depois, ele tirou uma caixa pequena de uma das prateleiras, e sacudiu um pouco do pó que tinha em uma delas.

— Eu guardo esse colar aqui há imenso tempo nessa prateleira, e nunca ninguém o quis comprar, por misturar 2 tons diferentes: o prata e o dourado. E no seu caso, vocês os dois são muito diferentes, mas acabam se complementando, tal como esse colar.

— Pode explicar isso de novo?

— Eu sei que pode parecer estranho, mas eu sinto que esse colar combina exatamente com a pessoa q você me descreveu. Pode confiar em mim?

— Sim, posso... E uma coisa, você acha que eu e ele vamos nos resolver?

— Se ele não for um autêntico idiota, sim.

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