"There's an ending for every storm."- Grey's Anatomy.
VICTORIA'S POV
(meses depois)
Parece que é mentira, mas sim. Eu sobrevivi.
Mas primeiro, tenho de contar o que aconteceu...
Depois das minhas primeiras duas cirurgias, comecei a ter dificuldades respiratórias. O que mais tarde, veio a ser realmente comprovado como uma pneumonia. Parece mesmo impossível, mas em um espaço de dias sofri uma overdose, um sangramento interno e uma pneumonia. Fiquei ligada a uma máquina que respirava por mim por semanas, até começar a apresentar uma melhoria no meu quadro clínico. A minha alimentação era restrita, já que um dos efeitos colaterais da medicação que tomava era a náusea. Tinha uma parte do meu cabelo raspada, porque precisaram de parar um sangramento interno no meu cérebro. Eles pensam que isso aconteceu quando eu bati com a cabeça no canto da minha cama, mas eu nem própria me lembro de muita coisa que aconteceu naquele dia. Foram meses intensos de recuperação no quarto 8 no quinto andar do hospital, acompanhadas de caminhadas reconfortantes pelos corredores da maternidade e visitas inesperadas.
Logo depois de ter resolvido parcialmente todos os meus problemas de saúde mais preocupantes, comecei outro processo de recuperação ainda mais difícil. A abstinência.
Estive em uma clínica de reabilitação durante 3 meses, e essa foi sem dúvida a fase mais difícil de toda a minha vida. O meu quarto era totalmente adaptado à minha condição. Ou seja, não tinha cortinas, objetos afiados, ou qualquer coisa que poderia ser um objeto minimamente poderoso para conseguir magoar a mim mesma. Também participava de um grupo de alcoólicos anónimos semanalmente. E comecei a tomar um monte de medicação que me chegou a deixar anestesiada de uma maneira que não queria me levantar da cama. Nesse processo todo, perdi 15 quilos, e muitas vezes, os antidepressivos tiravam a minha vontade de comer. Não era saudável uma jovem adulta pesar 40 quilos, mas nas circunstâncias que me encontrava, não se podia esperar muito mais. O meu cabelo estava fraco, e vi os meus ossos ficarem cada vez mais visíveis. Tinha direito a visitas de 2 em 2 semanas, sendo maior parte delas da Nica e do Thomas. E o Damiano, bem.... ele nunca me visitou enquanto eu estive lá.
Na verdade, não o tinha visto desde que tinha saído do hospital. Pensei que ele tinha lido a minha carta, e que estava chateado. Cada vez que perguntava ao Ethan porquê que o Dam não vinha me visitar, ele sempre me respondia com "Ele vem na próxima" ou "Ele está muito ocupado". E não, ele nunca veio 'na próxima'.
Depois de 3 meses, tinha ido para casa.
Quer dizer, para o sítio que costumava chamar de casa. Porque muitas vezes "casa" não é um local, mas sim uma pessoa. Ele.A cada momento que estive fora da clínica, me sentia como um monstro enjaulado dentro do seu próprio mundo. As pessoas olhavam para mim de uma forma estranha, e estranhavam a minha magreza, ou o meu estado. Ao menos, na clínica, era minimanente compreendida por alguém, seja os meus colegas de terapia ou as enfermeiras. A Nica trancou o seu curso na universidade para cuidar de mim, o que eu implorei para ela não fazer. Mas sim, tenho de admitir que ela me salvou a vida muitas vezes. E a Gio me levou muitas vezes a consultas, ou a reuniões semanais da clínica. Sempre que lhe perguntava pelo Dam, ela não sabia o que responder. Muitas vezes, não dizia nada e apenas me abraçava. Ninguém me dava uma explicação para a sua ausência, e isso me revoltava de uma maneira extrema.
Por mais pessoas que tivessem ao meu lado, nenhuma delas iria ser como o Damiano. Nenhuma delas conseguiria me embalar até adormecer como ele, nem me alegrar em dias negros.Um dia, decidi realmente tomar atitude quanto a isso. Decidi voltar a casa. Ao que eu costumava chamar de lar, de safe place.
Minha irmã tinha saído para ir jantar com amigos, e eu tava sozinha em casa. Então, fui para o meu quarto, procurei as únicas roupas que ainda não me ficavam assim tão largas, e saí de casa. Depois, desci até à garagem, onde estava lá apenas o meu carro, já que a Nica tinha levado o carro. E no momento que entrei lá dentro, senti o meu corpo todo a tremer. Eu já não saía de casa sozinha há séculos, e não estava autorizada a conduzir. Mas, segundos depois, liguei o carro e conduzi. Até à casa dele.
DU LÄSER
GOLDWING
Fanfiction"Sabe, se apaixonar por uma pessoa que você não tem intenções de se apaixonar é das formas de 𝘢𝘮𝘰𝘳 mais genuínas que eu alguma vez já conheci, e também a mais dolorosa." - história completamente fictícia, sem objetivo de desrespeitar as pessoas...