chapter 21

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"There's an ending for every storm."- Grey's Anatomy.

VICTORIA'S POV

(meses depois)

Parece que é mentira, mas sim. Eu sobrevivi.

Mas primeiro, tenho de contar o que aconteceu...

Depois das minhas primeiras duas cirurgias, comecei a ter dificuldades respiratórias. O que mais tarde, veio a ser realmente comprovado como uma pneumonia. Parece mesmo impossível, mas em um espaço de dias sofri uma overdose, um sangramento interno e uma pneumonia. Fiquei ligada a uma máquina que respirava por mim por semanas, até começar a apresentar uma melhoria no meu quadro clínico. A minha alimentação era restrita, já que um dos efeitos colaterais da medicação que tomava era a náusea. Tinha uma parte do meu cabelo raspada, porque precisaram de parar um sangramento interno no meu cérebro. Eles pensam que isso aconteceu quando eu bati com a cabeça no canto da minha cama, mas eu nem própria me lembro de muita coisa que aconteceu naquele dia. Foram meses intensos de recuperação no quarto 8 no quinto andar do hospital, acompanhadas de caminhadas reconfortantes pelos corredores da maternidade e visitas inesperadas.

Logo depois de ter resolvido parcialmente todos os meus problemas de saúde mais preocupantes, comecei outro processo de recuperação ainda mais difícil. A abstinência.

Estive em uma clínica de reabilitação durante 3 meses, e essa foi sem dúvida a fase mais difícil de toda a minha vida. O meu quarto era totalmente adaptado à minha condição. Ou seja, não tinha cortinas, objetos afiados, ou qualquer coisa que poderia ser um objeto minimamente poderoso para conseguir magoar a mim mesma. Também participava de um grupo de alcoólicos anónimos semanalmente. E comecei a tomar um monte de medicação que me chegou a deixar anestesiada de uma maneira que não queria me levantar da cama. Nesse processo todo, perdi 15 quilos, e muitas vezes, os antidepressivos tiravam a minha vontade de comer. Não era saudável uma jovem adulta pesar 40 quilos, mas nas circunstâncias que me encontrava, não se podia esperar muito mais. O meu cabelo estava fraco, e vi os meus ossos ficarem cada vez mais visíveis. Tinha direito a visitas de 2 em 2 semanas, sendo maior parte delas da Nica e do Thomas. E o Damiano, bem.... ele nunca me visitou enquanto eu estive lá.

Na verdade, não o tinha visto desde que tinha saído do hospital. Pensei que ele tinha lido a minha carta, e que estava chateado. Cada vez que perguntava ao Ethan porquê que o Dam não vinha me visitar, ele sempre me respondia com "Ele vem na próxima" ou "Ele está muito ocupado". E não, ele nunca veio 'na próxima'.

Depois de 3 meses, tinha ido para casa.
Quer dizer, para o sítio que costumava chamar de casa. Porque muitas vezes "casa" não é um local, mas sim uma pessoa. Ele.

A cada momento que estive fora da clínica, me sentia como um monstro enjaulado dentro do seu próprio mundo. As pessoas olhavam para mim de uma forma estranha, e estranhavam a minha magreza, ou o meu estado. Ao menos, na clínica, era minimanente compreendida por alguém, seja os meus colegas de terapia ou as enfermeiras. A Nica trancou o seu curso na universidade para cuidar de mim, o que eu implorei para ela não fazer. Mas sim, tenho de admitir que ela me salvou a vida muitas vezes. E a Gio me levou muitas vezes a consultas, ou a reuniões semanais da clínica. Sempre que lhe perguntava pelo Dam, ela não sabia o que responder. Muitas vezes, não dizia nada e apenas me abraçava. Ninguém me dava uma explicação para a sua ausência, e isso me revoltava de uma maneira extrema.
Por mais pessoas que tivessem ao meu lado, nenhuma delas iria ser como o Damiano. Nenhuma delas conseguiria me embalar até adormecer como ele, nem me alegrar em dias negros.

Um dia, decidi realmente tomar atitude quanto a isso. Decidi voltar a casa. Ao que eu costumava chamar de lar, de safe place.

Minha irmã tinha saído para ir jantar com amigos, e eu tava sozinha em casa. Então, fui para o meu quarto, procurei as únicas roupas que ainda não me ficavam assim tão largas, e saí de casa. Depois, desci até à garagem, onde estava lá apenas o meu carro, já que a Nica tinha levado o carro. E no momento que entrei lá dentro, senti o meu corpo todo a tremer. Eu já não saía de casa sozinha há séculos, e não estava autorizada a conduzir. Mas, segundos depois, liguei o carro e conduzi. Até à casa dele.

GOLDWINGDär berättelser lever. Upptäck nu