chapter 6

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TW: AUTOMUTILAÇÃO

VICTORIA'S POV

Acordei, com a cabeça super pesada e com a minha cara inchada, e eu já reconhecia aquele sentimento, eu tinha passado por uma ressaca de choro. Parecia que o mundo tinha parado de respirar naquela noite. Olhei em redor, e vi algumas latas de RedBull espalhadas pelo meu quarto, o meu baixo que estava pendurado na parede no chão, e todas as fotos que eu tinha com o Damiano rasgadas à volta da minha cama. Agarrei no meu celular, abri o Whatsapp, e fui tentar mandar mensagem a ele, e reparei que a sua foto de perfil estava removida e minhas mensagens não estavam sendo enviadas. Sim, ele me tinha bloqueado em quase todas as redes sociais.

Eu só queria me enfiar dentro de um buraco e nunca mais sair, foi um sentimento horrível. Quando fui tomar um banho, tive imensa vontade de pegar na minha navalha, mas algo na minha cabeça dizia para não o fazer, e acabei não fazendo nada comigo mesma. Saí do box, e senti quase todos os pensos que o Dami tinha colocado em mim a se descolarem, e senti o meu corpo que já estava vulnerável ainda mais desprotegido.
Depois de me vestir e secar o cabelo, comecei a me sentir ainda mais estonteada, o que até era normal, o meu organismo estava ainda com energia graças às Redbulls que eu tinha tomado de madrugada e eu não tinha comido nada naquele dia. Parece que do nada eu já não tinha.... vontade de viver. Eu sei que parece drama, mas foi exatamente o que senti naquele momento.
Tudo o que eu precisava naquele momento era de um abraço, um abraço dele... Os abraços do Dam eram terapêuticos, me 'curavam' de muita coisa. Ele nunca foi meu, mas perder ele quebrou o meu coração.

Se passaram 2 dias. Eu bem queria ter mais um dia de descanso, mas esse era o dia que iríamos para Zurich. Estava com uma ligeira obssessão de abrir constantemente o Whatsapp e a dm do Instagram para confirmar se o Dam me tinha desbloqueado, mas nada tinha mudado.

E no fim, acabei indo com uma roupa bem oversized e um par de olheiras profundas para o aeroporto. Encontrei o Ethan e o Thomas no check- in, e vi que eles estavam com uma cara relativamente preocupada.

- E então Vic, o que se passa? - disse o Ethan, preocupado.

- N..nada. Eu estou ótima. - digo, coçando meu pescoço.

- Você e o Damiano estão muito estranhos. - disse o loiro de olhos claros.

- E onde o.. onde ele está?- digo, um pouco nervosa.

- Acho que ele foi lá fora fumar um pouco. - diz o Ethan suspirando. - mas ele está estranho, desde que ele veio ter aqui ele ainda não tirou os óculos de sol dele. E nem está muito sol.

A partir de aí, parei de responder a tudo o que era relacionado com a palavra "Damiano".
Quando entrei dentro do avião, reparei que estava na mesma fila de assentos do Damiano, mas pelo menos tinha uma pessoa a meio a nos separar, o Leo, o nosso personal assistant.
Com os meus Airpods no máximo, uma roupa confortável e uma mente completamente bagunçada, consegui dormir um sono profundo durante a viagem, tão profundo que quando o avião aterrou o Leo é que teve de me acordar.
Ao passar pelas lojas do aeroporto, me lembrei daquela tal recordação dos perfumes. Que deja vu de merda.

Eu e o Leo fomos a várias lojas do aeroporto, enquanto o Ethan estava com o Thomas e o Dam estava sozinho.
À saída do aeroporto, tinha muitos fãs à nossa espera, e apesar de estar exausta eu sempre tento ser o mais simpática possível com eles. Recebi alguns presentes deles, e entre um deles estava um desenho de uma foto que tinha com o Damiano na final de Sanremo. O desenho estava incrível, mas só me lembrou ainda mais da minha briga com ele.
Chegámos ao hotel, e só aí é que me lembrei de um pormenor: os quartos eram duplos. E eu, geralmente, costumo ficar no quarto do Dam. Fizemos isso porque o Leo fez as reservas com pouca antecedência, e os preços dos quartos individuais explodiram do nada, e achamos mais económico reservar quartos duplos.

— Quarto 506, andar 8 para os Mr. Torchio e Raggi e quarto 411, andar 7 para Mr. David e Mrs. de Angelis. - disse a senhora da receção.

Não, eu não queria estar partilhar o quarto com o Dam, mas se tinha mesmo de ser, eu não iria ficar chateada.
Desfiz a minha mala, tirei os looks que tinha levado para aqueles 2 dias e me deitei na cama enquanto ouvia música.

— Bem, eu vou perguntar ao Thomas se ele quer trocar de quarto comigo. - disse o Damiano, esfregando os olhos.

Vou admitir, doeu imenso ouvir aquelas palavras a sair da boca dele. Aquilo era demasiada coisa para o meu psicológico controlar. E acabei não aguentando.
Peguei na minha mala e agarrei no meu canivete suíço, abri a navalha e pronto... A cada segundo que o sangue escorria do meu braço, me sentia cada vez mais fraca. Nos meus lábios, sentia o gosto salgado das minhas lágrimas, e ao longe avistei aquele tal desenho.

Nós todos podemos nos fazer de fortes em algum momento da vida, mas no final todos nós somos feitos de carne que pode ser cortada e de ossos que podem ser partidos.

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oiiii

vcs querem que o próximo capítulo conte a versão da história a partir do ponto de vista do Damiano?

se gostou, dê o seu feedback <3

mel

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