Coração bandido

Capítulo 69

Fernandez 

Observei ela dormindo. 

Minha vida é complicada e ela se envolveu sabendo. 
Mas acredito que ela não imaginou que duraria por tanto tempo, assim como eu pensei. 

Não acreditei que ela seria a mulher da minha vida, a mãe dos meus filhos. 

É difícil um adolescente de dezesseis anos pensar isso, até porque eu não tinha expectativa de vida, pra mim eu não iria passar dos dezoito. 

Mas quando completei dezoito anos, tive a sensação que não ficaria aqui por muito tempo e tenho isso até hoje, sinto que não vou passar dos trinta. 

Esse ano minha filha nasce e eu faço vinte e sete. 
Está sendo a minha maior de cabeça por enquanto. 

Tirei o braço com cuidado de baixo dela e me levantei. 

Fui até a penteadeira dela, peguei minha carteira de cigarro e meu isqueiro. 
Sai do quarto e desci as escadas, fui para área da piscina.

Me deitei na espreguiçadeira e fiquei olhando a lua. 
A lua me faz lembrar dela, Ester é completamente apaixonada. 

Peguei um cigarro e ascendi. 

Faz um mês que estou pensando em largar o movimento, por elas. 
Quero dar o meu melhor e estar presente em tudo, cada detalhe. 

Já tenho dinheiro o suficiente guardado, acredito que até os vinte e um anos da Jasmine. 
Se acontecer alguma coisa comigo, eu sei que dificuldades elas não vão passar. 

Soltei a fumaça com a cabeça a mil. 

Agora que o Abravanel me ameaçou e ameaçou a minha família, tenho que passar para o McLaren. 

Eu faço corre para o comendo desde os meus trezes anos, isso quer dizer que são treze anos. 
Eles não podem me descartar assim, como se eu não fosse nada, como se eu não tivesse feito nada pela facção. 

Sempre fui pra guerra com sangue nos olhos, com sede de matar e sem medo de morrer. 

Mas agora o tempo é outro, quero sossegar com a minha família, desfrutar do melhor da vida. 

Terminei de fumar o meu cigarro, levantei, joguei a ponta no cinzeiro que estava em cima da mesa, peguei, deixei as coisas lá e entrei. 

Subi para o quarto e fui direto para o banheiro. 
Escovei os dentes e me deitei ao lado dela. 

Ester odeia o cheiro de cigarro. 
Me arrumei e ouvi ela resmungar. 

Pedro? - me chamou com a voz rouca 

Oi, amor. - falei baixinho 

Tu fumou né? - me olhou com os olhos meio entre abertos e eu assenti - Pode levantar e ir escovar os dentes. - falou brava 

Eu já escovei, vida. - falei rindo 

Então levanta e vai tomar um banho, porque esse cheiro está me enjoando. - se sentou na cama toda descabelada - Anda logo, Pedro! - falou alto 

Me levantei e fui para o banheiro. 
Tirei a minha samba-canção, liguei o chuveiro e entrei de baixo. 

Tomei um banho rápido, vesti a samba-canção novamente e sai do banheiro. 

Ela estava sentada na cama olhando para o nada com a cara fechada. 

Volta a dormir, amor. - falei me aproximando da cama e a mesma me olhou com raiva - Que foi? - me sentei ao lado dela - Tá com dor?

Eu to com vontade de socar a sua cara! - bufou - Eu não to conseguindo dormir, impregnou o quarto com esse cheiro, meu estomago até embrulhou! 

Desculpa, amor. - dei um beijo na lateral da cabeça dela - Vou ligar o ar, pode ser? - ela assentiu ainda brava

Levantei, peguei o controle e liguei o ar condicionado. 
Voltei pra cama e ela se arrumou, deitando em meu peito. 

Minha estressadinha. - subi o rosto dela e dei vários beijos - Te amo! 

Tu sabe que eu odeio esse cheiro e ainda vem deitar do meu lado. - deitou a cabeça no meu peito de novo - Na verdade eu nem sei porque tu levantou pra fumar essa porra, tá viciado? 

Claro que não, pô. Só muita coisa na mente. - olhei para o teto - Várias fita, bagulho é louco! 

Ela ficou em silencio e começou a fazer carinho no meu peito. 
Ela tem o costume de dormir com a mão no lado esquerdo do meu peito, sentindo os meus batimentos. 

Sentia até falta disso. 
Sou apaixonado em cada detalhe dessa mulher, em cada coisinha que ela faz. 

Não tem jeito, há milhares no mundo, mas nenhum é igual á ela! 

Vida? - me chamou baixinho e eu resmunguei "hum" - Tu promete que vai ficar com a gente? Promete que não vai deixar nós duas? - apoiou o queixo no meu peito me olhando 

Tu sabe que eu não posso te prometer isso, amor . - ela suspirou - Mas eu prometo mesmo de longe estar presente em cada momento. 

De longe não, Pedro! - vi os olhos dela se encherem de lágrimas - Queremos você aqui, do nosso lado!

Suspirei com a mente a mil. 

Eu prometo que vou tentar estar presente e nunca deixar vocês, pode ser? - ela negou - É o que posso te prometer no momento, vida. - ela suspirou - Vamos focar no presente, no agora, tá bom? - ela assentiu e deitou a cabeça novamente no meu peito - Eu estou aqui contigo, não se preocupe com o amanhã! 

A gente quer você hoje, amanhã e sempre. - ouvi ela fungar - Não seria justo depois de tudo o que passamos tu partir...tiraram você de mim, isso é covardia! 

Amor, eu vou resolver esse assunto, cara. - fiz ela me olhar - Não se preocupa, eu vou resolver como eu sempre resolvi. Agora se preocupa com a Jasmine, pode deixar que eu me cuido! - ela suspirou mais uma vez e assentiu 

Deitou a cabeça e eu comecei a fazer cafuné.