Capítulo 49

2.4K 165 7
                                    

Ester 

Passou mais quatro horas e nada do médico vir dar alguma notícia. 
Eu não conseguia parar de chorar. 

Vi até o Vitor derramar algumas lágrimas. 

Meu Deus...que demora, que angustia! - falei desencostando do Vitor - Eu to exausta! - gritei - Ninguém em dá nenhuma informação de como o meu marido está, pelo amor de Deus! - me levantei - Isso é um descaso com o ser humano, puta que pariu! 

Ester! - Vitor me puxou para sentar e eu dei um tapa no braço dele 

Ester um caralho! - gritei e me afastei dele - Eu quero saber do meu marido. - fui até a recepção gritando 

As meninas da recepção me olharam assustadas. 

Olha, eu sei que vocês não tem nada a ver. - falei baixo - Mas eu preciso saber do meu marido! Eu estou aqui a exatamente sete horas e ninguém sabe me informar dele, isso tá cansativo...angustiante, doloroso. - elas assentiram - Por favor, eu só preciso saber se ele está bem. 

Vou verificar para você. - assenti - Só peço que se acalme, um pouco...eu entendo o estresse, mas por favor, mantenha a calma. - respirei fundo e assenti mais uma vez

Ela saiu e eu voltei a me sentar ao lado do Vitor.

Ester, tem que ter calma...uma hora eles vão dar notícias! - olhei pra ele brava 

Calma? Calma eu já tive...paciência também, já se passaram sete horas que ele deu entrada e quatro que não me dão mais informações, eu só quero saber dele...saber se ele está vivo, sem tem chances. - passei a mão no rosto - Eu quero tirar essa angustia, Vitor! 

Ficar alterada não vai mudar em nada. - Maya disse 

Apenas fiquei quieta com os meus pensamentos. 
Isso é uma tortura, eu não aguento mais passar por isso. 

Só que dessa vez quem vai matar o filha da puta que está infernizando a nossa vida sou eu! 
Nunca matei ninguém e muito menos senti vontade, mas eu faço questão de acabar com a vida dele! 

Principalmente se o Pedro morrer. 

Vi o Doutor sair da sala e me levantei. 

Ester. - olhou na prancheta que estava em suas mãos - Bom, terminamos a cirurgia, como te falei a algumas horas atrás, consegui remover as seis balas. - assenti com os olhos cheios de lágrimas - A transfusão de sangue foi feita com sucesso, mas ele teve três paradas cardíacas, pois ele teve  tamponamento cardíaco. - assenti com a mão no peito e com os olhos cheios de lágrimas -  O tamponamento cardíaco é o acúmulo de líquido pericárdico...acumulou muito sangue dentro do espaço pericárdico que ocasionou uma elevação da pressão intrapericárdica, restringindo o enchimento cardíaco e reduzindo o débito cardíaco.

Doutor, eu não estou entendendo nada, sinceramente. - falei baixo - Eu só quero saber se o meu marido está bem? - ele respirou fundo 

Bem é uma palavra muito forte, Ester...mas está vivo! - senti o peso nas minhas costas saindo - Está em coma, respirando com a ajuda dos aparelhos. - assenti limpando as lágrimas - Vou ser sincero contigo, o caso dele é muito grave e provavelmente ele não vai sobreviver. - senti um aperto no coração - É doloroso, mas eu prefiro ser sincero...ele vai ficar um tempo respirando por aparelhos e se não tiver melhor, terá que ser desligado. - as lágrimas voltaram a escorrer - Eu sinto muito. - passou a mão no meu braço 

A dor na cabeça e no estomago voltaram. 
Comecei a respirar desesperadamente e senti meu peito apertar mais. 

Podemos ir ver ele? - senti o Vitor colocando a mão em meu ombro - Ela precisa disso! 

Olhei para o Médico e o mesmo assentiu.
Ele foi andando e acompanhamos. 

Vitor me abraçou e foi me guiando. 
Ele abriu a porta e eu entrei primeiro. 

Respirei fundo, suando frio. 

Meu Deus...- me aproximei da cama e passei a mão no rosto dele - Amor...Pedro! 

Ele estava com o rosto machucado, pálido e com um negócio na boca. 

Estava respirando pelos aparelhos e tinha um monte de acesso no braço dele 

Estava horrível, nem parecia o mesmo. 
Meu Deus, como o ser humano é podre! 

Caralho...- Vitor se aproximou - Nem parece o mesmo. - assenti me sentando na beirada da cama 

Fiquei fazendo carinho na mão dele e observando o mesmo respirar por aquele aparelho. 

Tão doloroso de ver o amor da sua vida nesse estado. 
Dói na alma! 

Qualquer alteração ou dúvidas, podem me chamar, vou ficar essa noite aqui. - assenti olhando pra ele chorando 

Ele saiu do quarto e o Vitor se sentou na poltrona ao lado da cama, tentando segurar o choro. 
Maya ficou próximo da porta me olhando. 

Eu juro que não entendo...porque tanto sofrimento? - perguntei olhando pra ele - Porque a gente tem que passar por tudo isso? Que lição é essa Deus! - passei a mão no cabelo dele - Eu não quero seus ensinamentos, eu não quero ser forte...eu quero ele, pra sempre! - solucei de chorar - Deus, eu sem ele não sou nada...por favor, não me diz que está na hora dele, por favor! deitei a minha cabeça no peito dele 

A vida é dura e dolorosa, tem coisas que acontecem e a gente não entende o porque. - olhei pra Maya ainda com a cabeça no peito dele - Mas lá na frente você vai entender o porque foi necessário passar por isso. 

Eu não quero entender, eu não quero sofrer, eu não quero passar por tempestades...eu só quero uma vida tranquila com o amor da minha vida, construir uma família...ter bons momentos, boas memórias! - suspirei tentando controlar o meu choro 

O silencio se instalou, só se ouvia o meu choro baixinho. 

Eu não conseguia parar de chorar. 
Minha cabeça estava quase para explodir de tanta dor, meus olhos ardiam e meu peito permanecia doendo. 

Eu não sentia mais vontade de comer, de dormir e nem de tomar banho. 
Eu não sentia mais vontade de viver sem ele. 

Se ele morrer, eu vou morrer junto, mas depois de matar o infeliz. 
Vou viver o luto atrás dele! 

Mas no fundo eu sinto que tudo ficará bem! 

Coração bandidoWhere stories live. Discover now