Coração bandido

Capítulo 34

Ester 

Vitor, acelera esse carro, a cabeça dele tá saindo muito sangue. - falei alto 

Pedro estava com a cabeça deitada no meu colo, estava quase ficando desacordado. 
O corte não foi muito grande, mas acredito que foi profundo, porque está saindo sangue de mais 

Vocês são tudo doido, meu Deus! - Maya se inclinou no banco de trás do Vitor e deu um tapa nele - Tu mostrou o vídeo pra ele, filha da puta? - Vitin assentiu - Vitor, eu não quero nem mais olhar na tua cara! 

O cara é meu parceiro, Maya...ele gosta dela ainda, pô! - falou prestando atenção no caminho 

Que vídeo, Maya? - ela se sentou no banco e me olhou com cara de cachorro sem dono - Tu não fez isso, cara. - falei sem acreditar - Puta que pariu, garota! - gritei - Tu é maluca? Doente da cabeça? Caralho, Maya! 

Amiga, me desculpa...- os olhos dela encheram de lágrimas - Minha intenção nunca foi aquela confusão toda...eu apenas mandei pro Vitor, achei que ele ia apoiar...sei lá. - algumas lágrimas escorreram - Me perdoa...eu não queria isso, nada disso! - disse olhando para o Pedro no meu colo 

Pedro...- dei dois tapinhas na cara dele - Fica aqui comigo, tu não pode dormir. - ele assentiu de leve fechando os olhos - Pedro, já estamos chegando, aguenta só mais um pouco. 

Duas vacilonas! - Vitor falou - Papo reto, se fosse eu no lugar dele, teria feito muito pior. 

Cala a boca, Vitor! - falei rude - Já chega! A merda já está feita! - ele respirou fundo - Tá satisfeito com tudo isso? Com todo esse inferno? 

Ele ficou quieto e continuou dirigindo. 
Chegamos na favela e ele foi direto para o upa. 

Desci do carro, peguei o braço do Pedro e puxei ele. 
Quase caímos o outro envolvido desceu pra ajudar. 

Entramos com ele e as enfermeiras que estavam na recepção, foram correndo buscar uma maca. 

Logo voltaram, o envolvido pegou ele no colo e deitou o mesmo na maca. 
Elas levaram ele até uma sala. 

Como já sei sobre os procedimentos, me sentei e fiquei aguardando na recepção. 
Vitor entrou com uma cara péssima. 

A minha vontade é de socar a cara dele e a da Maya. 
O Vitor sabe quanto o Pedro é louco e capaz de tudo, quando se trata de mim, mas mesmo assim fez o que fez. 

Maya, não sabe muito, mas ainda falei "não posta esse vídeo", isso quer dizer que também não é pra mandar para o primo do meu ex. 

Depois de um tempo ela entrou com a cara de choro e os olhos vermelhos. 
Se sentou ao meu lado e pegou a minha mão. 

Amiga...-disse com a voz embargada e eu a interrompi 

Maya...tá tudo certo, tu não sabia. - olhei pra ela - Chorar agora não vai adiantar de nada, relaxa! - ela assentiu limpando as lágrimas 

Depois que faz a merda quer chorar. - Vitor falou - Melhor tu ir embora. - puxou o braço dela 

Solta ela! - gritei e me levantei - Se tu por a mão nela de novo, tu é o próximo a entrar pra sala de cirurgia! - empurrei o peito dele - Ou tu fica quieto, ou vai embora! 

...

A doutora se aproximou. 

Ester, né? - perguntou me olhando e eu assenti - Estado dele não é grave, pois perfurou superficialmente. - me levantei suspirando - Ele teve que levar sete pontos na cabeça e fizemos um curativo para as mãos. - assenti - Tu quer ir ver ele? 

Sim, sim doutora. - sorri esfregando as mãos 

Estava muito aflita. 

Tem apenas dez minutos que ele acordou, possa ser que ele ainda esteja meio grogue. - assenti acompanhando ela 

Ela me mostrou o quarto e eu entrei. 
Ele estava sentado na cama, assistindo televisão. 

Obrigada, doutora. - sorri - Qualquer coisa eu te chamo. - ela assentiu e eu fechei a porta 

Me aproximei dele e me sentei na beirada da cama 

Tá sentindo dor? - ele negou sem olhar pra mim - Nada? - negou de novo com a atenção na televisão 

Olhei ele naquele estado e eu comecei a me sentir culpada. 

Tu é doido né? - perguntei e ele não respondeu nada e nem me olhou - Pedro, eu to falado contigo! - falei alto e ele olhou pra mim 

Eu só quero saber o que tu tá fazendo aqui?- disse com um olhar de ódio - A minha vontade é de pegar a tua cabeça e arregaçar na parede, filha da puta! 

Tu é maluco? É doido da cabeça? - cruzei os braços - Cara, faz quase quatro meses que terminamos...tu mandou eu seguir a minha vida e tu está seguindo a sua. - falei e ele bufou - Qual o problema? 

O problema é que eu não quero tu com esses playbozinho do caralho. - fiquei olhando pra cara dele com o semblante fechado - Eu sou doido por tu, Ester. Quando o Vitor me mostrou o vídeo o sangue subiu, fiquei no ódio...pô mano, vê tu com outro mexeu comigo! 

Tu é completamente louco...olha teu estado, caro. - apontei pra mão dele - Olha o teu rosto, Pedro! - falei indignada - Cara...

Ele ficou em silencia e voltou a atenção para a televisão. 
Respirei fundo e me sentei na poltrona ao lado da cama dele. 

Pode ir embora, pô. - me olhou - Vai resolver a tua vida. 

Eu não vou deixar tu aqui sozinho. - me arrumei na cadeira 

Louco, desnaturado...mas eu amo, infelizmente!
Ele não disse mais nada, continuou assistindo televisão e eu fiquei observando ele, tentando raciocinar tudo o que tinha acontecido.