Capítulo 68

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Ester 

Ele continuou me seguindo e eu parei olhando para o mesmo. 

O que foi? - cruzei os braços - Tenho certeza que o Pedro não te mandou, então o que tu quer? - ele se aproximou e parou ao meu lado 

Quero apenas conversar. - estendeu as mãos - Vim como amigo! - ri 

Tu nunca é amigo, Abravanel! - ele deu de ombros - O que tu quer? Se for referente aquele cara lá, tu vai conversar diretamente com o Pedro. 

Continuei andando e ele começou me acompanhar. 

Não é sobre ele. - me olhou - É sobre vocês dois mesmo. - olhei pra ele debochada - Quero saber se vocês voltaram? 

Pra que tu quer saber? - perguntei alto e ele parou me olhando - Pergunta para o Pedro. 

Para de fazer as coisas se tonarem difíceis, menina! - fechou a cara  - Quero saber quais as suas intenções com ele....porque agora vocês tem um filho né, sei lá...você vai querer que ele saia do movimento. 

Continuei andando e ele me acompanhou nos passos. 

Vai me responder não? - pegou no meu braço e me fez parar de andar 

Tirei a mão dele do meu braço rapidamente e dei um tapa. 

Não coloca essa mão imunda em mim! - apontei o dedo na cara dele - E tu já sabe a resposta! Faz três anos que eu estou tentando tirar ele dessa vida, agora não seria diferente! - ele continuou com a cara fechada e assentiu - O que tu quer em? Abravanel, não inventa de mexer com a minha família, presta atenção aonde tu pisa! - continuei com o dedo apontado no rosto dele 

Fernandez não vai ser burro ao ponto de querer largar o movimento...porque conseguir ele não vai, essa vida não tem volta! - falou com um olhar de ódio - Se tentar o fim vai ser triste pra vocês. 

Meu corpo todo se arrepiou e voltei a andar rápido. 
Estava com medo de cair, mas também com medo dele tentar alguma coisa comigo. 

O beco que eu entrei não tinha ninguém e pouca luz. 
Fui correndo até chegar em frente a minha casa. 

Parei ofegante e com dor na barriga. 
Entrei em casa e tranquei tudo. 

Me sentei no sofá aflita, com o coração a mil e suado frio. 

Disquei o número do Pedro e esperei ele atender. 

Pedro, o Abravanel me ameaçou. - falei chorando - Vem pra casa, por favor! 

Eu to indo, tranca tudo! - gritou do outro lado da linha 

Subi para o meu quarto e me sentei na cama ainda chorando. 
Senti como uma ameaça diretamente para mim. 

Ele não pode tirar o Pedro da gente, ele não tem esse direito! 

Ouvi o barulho da moto freando, continuei quietinha ali na cama. 
Pedro tem as chaves de casa. 

Alguns minutos depois ele entrou no quarto desesperadamente. 
Me olhou assustado e com cara de bêbado. 

Ele colocou a mão em você? - perguntou ofegante - Ele te machucou? - se aproximou 

Ele só me puxou. - mostrei o meu braço vermelho - Mas ele ameaçou te matar, Pedro. - voltei a chorar - Disse que se você sair do movimento, o fim vai ser triste pra gente. 

Ele se sentou na beirada da cama com os olhos cheios de lágrimas. 
Eu vi o Pedro chorar apenas duas vezes na minha vida e essa é a terceira. 

Amor. - colocou um pedaço de mexa atrás da minha orelha - Me perdoa. - deixou as lágrimas escorrerem - A vida que eu levo é assim mesmo, uma loucura e eu não queria que de forma alguma tu passasse junto comigo tudo isso. - se aproximou e colocou a testa na minha, olhando em meus olhos - Eu pedi um filho pra você um tempo atrás e na mesma semana me arrependi, não por você, mas pela vida que eu tenho...amanhã eu posso não estar mais aqui contigo e o meu maior medo é esse, minha pequena crescer sem a proteção que eu posso dar, sem a minha criação, sem a minha presença. - ele secou algumas lágrimas do meu rosto - Me perdoa de verdade por tudo isso, cara! 

Para de falar essas coisas, Pedro! - falei séria ainda chorando - Eu não vou suportar tanta dor sem ter você ao meu lado, ainda mais com um filho...isso não pode acontecer, tu não pode deixar a gente! - solucei de chorar - Eu te amo. - falei baixinho - A gente te ama! 

Tu sabe que a vida é assim, tem que estar preparada para tudo. - falou e me deu um selinho - Mas vamos aproveitar em quanto eu estiver aqui, porque eu sei que a minha vida não será muito longa. - me puxou para um abraço - Amo vocês daqui até a eternidade! - deu um beijo na minha cabeça 

Eu te amo, com todas as letras, palavras e pronúncias. Em todas as línguas e sotaques. Em todos os sentidos e jeitos, com todas as circunstancias e motivos.- falei baixinho e ele riu 

Decorou isso de onde, Ester? - me olhou desconfiado e eu soltei um sorriso - Para de chorar, amor...eu to aqui, foca no presente, em nós dois...nós três na verdade. - passou a mão na minha barriga 

Pedro sempre disse que não passaria dos trinta anos e o que me assusta é que esse anos ele completa vinte e sete. 

Isso não pode ser verdade, Deus não pode permitir que isso aconteça. 
Quero ele presente em todas as fases da nossa pequena e daqui uns anos quero ter outro filho com ele. 

Vamos tomar um banho. - respirei fundo controlando o choro e me levantei 

Fomo para o banheiro, tirei a roupa e entrei de baixo do chuveiro. 
Ele ficou me olhando por alguns segundos, mas logo tirou a roupa e entrou.

Tá com mo barrigão em. - passou a mão na minha barriga - Não sei como tu aguenta. - riu 

Tem que aguentar né, quis ir pra guerra sem colete! - ele gargalhou alto - O amor tudo suporta. - falei olhando nos olhos dele e dei um selinho no mesmo 

Tomamos uma banho demorado, com algumas caricias. 
Sai primeiro do banheiro enrolada na toalha, fui até o guarda roupa e coloquei meu baby doll da Barbie. 

Arrumei a cama e me deitei. 
Ele saiu do banheiro, se trocou e deitou ao meu lado. 

Vai dormir já ou quer assistir alguma coisa? - colocou o braço de baixo do meu pescoço 

Eu estou caindo de sono, mas se tu quiser assistir não me incomoda. - dei um beijo no rosto dele e o mesmo assentiu  

Dei mais dois beijinhos pelo rosto dele e me virei para dormir. 
Com esse barrigão tem que arrumar uma posição boa, se não eu não consigo dormir. 

Dorme com Deus, minha Rapunzel. - passou a mão pelo meu cabelo 



Coração bandidoWhere stories live. Discover now