Capítulo 70

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Fernandez 

Ouvi meu celular vibrar, tirei o meu braço de baixo dela e me levantei. 
Fui até a penteadeira, tirei do carregador e atendi. 

Fernandez, preciso de tu aqui na boca pra resumir um corre. - Vitor falou o outro lado da linha - Sei que ela tá na reta final e tu queria esse momento para os dois, mas não vai ocupar muito tempo do teu dia, no máximo meio-dia tu já está em casa. 

Olhei no visor do celular e era seis e vinte. 
Vai ocupar a minha manhã toda. 

Marca vinte. - falei olhando a Ester dormir

Fui para o banheiro, tirei a samba-canção, liguei o chuveiro e entrei de baixo do mesmo. 
Tomei um banho rápido, sai do banheiro enrolado na toalha e ela estava sentada na cama meio sonolenta. 

Vai aonde essa hora, Pedro? - falou com a voz rouca 

Tenho que ir resolver uns corre lá na boca, mas já já eu volto. - fui até o guarda-roupas 

Tu disse que ia ficar um tempo longe, cara. - falou brava coçando os olhos 

Eu vou, meu amor. - coloquei uma roupa - Mas Vitor me ligou e disse que é urgente. - me aproximei dela - Pode voltar a dormir, na hora do almoço eu já estou por aqui. Prometo! - dei um beijo na testa dela - Não se preocupa. 

Ela me olhou com raiva, deitou novamente, virou para o outro lado e se cobriu. 

Peguei as chaves da moto, minha carteira, minha pistola e meu celular. 
Sai do quarto e ouvi ela roncando. 

Ultimamente ela anda muito cansa e ronca de mais. 

Desci as escadas, sai de casa e tranquei tudo. 
Subi em cima da moto que estava estacionada em frente a casa, liguei e dei partida. 

Já faz duas semanas depois da ameaça do Abravanel, passei para o McLaren e ele disse que vai resolver. 

Por enquanto não tive noticias e nenhum sinal de vida do Abravanel. 
Acho melhor assim, quero viver sossegado com a minha loira. 

Estacionei em frente a boca, desci da moto e entrei. 
Fui direto pra minha sala e o Vitor estava lá com as papeladas. 

Espero que o b.o não seja tão grande. 

...

Olhei no relógio e vi que já era uma hora. 

Vitor, o resumo é esse. - me levantei da cadeira - Falei que ia voltar antes do almoço, Ester deve estar boladona comigo. - coloquei os papéis na mesa 

Puta, nem vi que passou do horário que eu te falei. - passou a mão no rosto - Mas é isso mermo que eu queria resumir, daqui pra frente eu resolvo. - assenti - Vai lá almoçar com a loira. - fiz toque com ele e sai da sala 

Cumprimentei os caras, sai da boca, subi na minha moto e dei partida. 
Parei em frete de casa, desci e entrei. 

Ester estava sentada no sofá chorando. 

Amor? - fechei a porta e corri até ela - O que aconteceu? Que foi? - perguntei desesperado 

Nada. - se afastou de mim - Me deixa em paz. -

Ester? O que aconteceu? Tá sentindo dor? - ela negou - Então me fala o que está acontecendo, amor? - me sentei ao lado dela e peguei na mão da mesma - O que foi? 

Eu estou cansada de tu me deixar sempre como ultima opção da sua vida. - soluçou de chorar - Pedro, eu estou carregando a tua filha, você tem que me dar mais atenção, ser mais carinhoso comigo, cara. - colocou a mão no rosto 

Respirei fundo para não me estressar, pois sei que são apenas os hormônios. 
Ela nunca foi assim, pelo contrário, quando eu ficava de muito grude ela se irritava. 

Amor, eu estou sempre aqui, cara. - puxei ela e fiz a mesma deitar em meu peito - Eu vim correndo pra casa, não tinha visto que passou do horário que eu te falei. - dei um beijo no topo da cabeça dela - Me desculpa, amor...desculpa mesmo. 

Ela continuou chorando no meu peito e ficamos ali por um bom tempo. 

...

Ester 

Acordei meio desnorteada e percebi que acabei dormindo no sofá. 
A televisão estava ligada, mas não tinha ninguém na sala. 

Vi na janela e estava escuro já. 
Estou dormindo muito, essa criança não deixa eu ter vida social. 

Pedro? - chamei por ele e nada de respostas - Pedro? - me levantei e fui até a cozinha 

Não tinha ninguém, aproveitei e fui na área externa e ele também não estava por lá. 
Voltei pra dentro de casa e subi as escadas, entrei no meu quarto e ele não estava. 

Não acredito que ele saiu de novo e dessa vez sem me avisar nada. 
Bufei e me sentei na beirada da cama. 

Lembrei que o meu celular estava lá na sala e fiquei com preguiça de descer pra buscar. 
Essa barriga está me matando, estou enorme e não consigo fazer praticamente nada sozinha. 

Até no banho eu preciso de ajuda e isso me deixa extremamente estressada, porque odeio depender dos outros para fazer as minhas coisas. 

Me levantei e fui para o banheiro, tirei as minhas roupas, liguei o chuveiro e entrei de baixo do mesmo. 

Tomei um banho bem calmo e lavei meu cabelo. 
De loira estou quase morena, raiz está grande e o loiro somente nas pontos. 

Não posso tingir e fazer botox por enquanto e estou sofrendo muito com isso. 

Sai do banheiro enrolada na toalha e com outra na cabeça. 
Fui até o meu guarda-roupas e comecei a sentir uma dor estranha no pé da barriga. 

Coloquei a mão no local e fiz careta, nunca senti nada parecido. 
As pontas foram ficando mais fortes, caminhei até a cama e sentei na beirada respirando fundo. 

Filha, o que está acontecendo aí? - olhei pra barriga e senti mais uma pontada - Calma, meu amor. Você está machucando a mamãe. - acariciei minha barriga 

Senti a dor ficar mais forte e eu já estava com falta de ar

Isso não é hora de...aí. - senti a dor mais forte - Pelo amor de Deus, filha. - meus olhos se encheram de lágrimas - Isso não é hora de querer nascer, não está na sua hora....aí, aí, aí. - minha respiração ficou ofegante - Espera o papai, filha. - falei já chorando 

Me levantei com muita dor e fui até o guarda-roupas, peguei um pijama de frio e vesti. 
Quando estava voltando para a cama, senti um liquido escorrer. 

Aí, não...- coloquei a mão entre as minhas pernas e percebi que a bolsa estourou - Sem desespero. - respirei fundo - Sem desespero! - me levantei 

Calcei meu chinelo ainda com muita dor, abri a porta do quarto e fui descendo. 
Bem de vagar e com muito cuidado. 

As contrações não paravam. 

Terminei de descer as escadas e fui até o sofá com a mão no pé da barriga. 
Peguei meu celular e disquei o número do Pedro. 

Coração bandidoWhere stories live. Discover now