Capítulo 5

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Ester

A vida de mulher de bandido já não é fácil, quando está preso piora cinco vezes mais.
Muita coisa que você tem que ir atrás, mil coisas pra organizar e sem contar que não pode deixar de lado o corre.

Eu não faço o que ele fazia, até porque nunca fui do corre, acompanhei de perto, mas só comecei a participar mesmo quando ele foi preso.

Tive que da um jeito aqui fora , ele confia muito no irmão dele, mas tem coisas que ele prefere que eu esteja junto ou que eu mesma faça.

No começo eu até tentei explicar pra ele que não nasci pra isso né, relutei bastante.
Mas eu já estou envolvida, querendo ou não.

Conheci umas mulheres que fazem corre pro marido preso também e me deram uns conselho, nisso elas me ajudaram bastante.

Um mês depois que ele entrou, ele decidiu por conta própria que ia vender droga na cadeia, lá aonde ele tava, ainda não tinha ninguém vendendo.

Eu tive que entrar com a droga, a primeira vez foi a pior coisa, quase me caguetei sozinha.
Mas passei intacta, hoje em dia ajo naturalmente, porque já é de costume né.

Eu levo uma visita sim e outra não.
Tenho que tomar cuidado para a casa não cair pra mim também.

Calcei o meu chinelo, peguei meu celular, minhas chaves e sai de casa, mas antes eu tranquei tudo.

Peguei folga no serviço para resolver uns b.o daqui.
Ser gerente tem os seus privilégios.

Comecei a descer minha rua e vi umas meninas que eu tenho treta.
Respirei fundo e mantive a calma

Toda vez que essas mina me vê pulam alto.
Ficam de piadinha.
Não estou dizendo que sou odiada, pelo contrario, as pessoas me amam.

Mas uma delas sempre foi apaixonada pelo Pedro, desde a época de escola.
Sempre é por causa de macho. Eu sempre fui mo paz, ainda mais por esse motivo.

A muié do bandidão. - Mikaely disse e cutucou a outra - Agora que o macho foi preso ta se sentindo a bandidona, conta pra ela, Lya. - riu alto

Mika, para de causar. Meu irmão disse que se ver eu mexendo com ela de novo, eu vou apanhar.- Lya disse séria e cruzou os braços - Deixa ela em paz.

Continuei descendo e ignorando.

Tu é mo bunda mole né. - bufou - Essa daí não faz nada não, marido dela não deixa ela colocar a mão em mim - eu ri alto e parei do outro lado da rua

O dia que o meu marido me proibir de colocar a mão em qualquer vagabunda aqui, eu vou tá sendo muito mole, isso tu pode ter certeza. - falei alto - Eu não coloco a mão em tu, porque é perca de tempo meu bem.

Vamos meter o pé daqui. - Lya disse e puxou o braço da Mikaely a mesma se soltou e continuou me encarando

Quem nasce vagabunda, morre vagabunda, não tem jeito. - sorri - Vai continuar pulando alto quando eu passar, vai continuar se mordendo ao saber que a gente ainda ta junto. Vai se rasgar quando ver ele aqui fora e ao meu lado. - falei e continuei descendo - Elas se morde porque nois é bonita - gritei e em seguida ri

Vai continuar passando mal, porque pra me tirar do sério tem que fazer muito.

Cortei pelo beco e cheguei na boca.
Entrei e cumprimentei os caras de plantão.

Morales tá la na salinha te esperando. - GM falou e eu entrei na salinha

Morales estava sentado na mesa fazendo as contabilidades

Boa tarde, cunhado.- chamei a atenção dele e me sentei na cadeira de frente - Tudo em ordem?

Boa tarde, Loirinha. - sorriu - To aqui quebrando a cabeça com umas contabilidade. Tem coisa que não bate. - bufou e jogou o caderno na mesa

Então essa parada aí tá errada. - peguei o caderno - Não tinha que estar dando tanta diferença. Tá desconfiando de alguma coisa? -perguntei olhando o caderno

Deixa essa parada aí que eu resolvo. Teu b.o é outro. - pegou o caderno da minha mão - Quero saber como tá funcionando lá dentro, tudo certo?

Ah era sobre isso. - me encostei na cadeira - Tudo dando certo lá dentro, é o único que vende lá. Tá dando dinheiro essa parada.

Tu só tem que tomar cuidado pra entrar com as paradas, se não tu vai cair também - assenti de leve - Aquele corre lá já deu tudo certo. Tamo contando já.

Me ajeitei na cadeira incentivando ele a continuar.

Armamento entregue, pagamos a propina pros pela saco e por enquanto a favela tá mo paz. - pegou um cigarro e ascendeu

Vou passar pra ele. Não atrasa a propina não, paga certinho pra não ter b.o - me levantei - Eu e o Fernandez queremos que a favela permaneça em paz - ele assentiu soltando fumaça - Era somente isso?

Sim, era só isso. Passa pra ele e tá tudo certo. - concordei e me aproximei da porta

Resolve essa parada aí da contabilidade, não quero nenhuma divergência. E se algo não tiver batendo é porque alguém tá de pilantragem. - falei e sai da sala dele

Morales começou a tomar conta de tudo por aqui, quando o Pedro foi preso.
Predo falou pra mim assumir, mas eu não entendia nada, sempre fui trabalhadora, nunca tinha feito corre nenhum.

Falei pra ele que não ia assumir, pois ia dar muito errado, foi aí que ele colocou o Morales para tomar conta de tudo.

Eu participo de pequenas coisas hoje em dia, mas sou mais envolvida que antes.

Muita gente aqui acha que eu tenho orgulho da vida que eu levo, mas nunca tive.
Nunca me garanti ou me gabei por ser mulher de bandido, pelo contrario, eu sou a mais tranquila daqui.

O meu marido é bandido, eu não. Não tenho que ficar me garantindo nele.

Coração bandidoWhere stories live. Discover now