Segredos

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"Enxergue a verdade", falou uma voz estranha, e nesse instante a imagem daquele olho sinistro pairou sobre mim. Sua energia parecia me atrair para seu interior, e sem conseguir resistir, deixei-me ser sugada para ele. Abri os olhos aliviada ao perceber que tudo não passara de um sonho. Contudo, o significado daquele olho permanecia enigmático. Não me restavam dúvidas de que havia uma conexão entre aquela visão e Jin. Mas qual seria a verdade que ele desejava que eu enxergasse?

Ainda atordoada, deixei a barraca em busca de Zyan, porém, para minha surpresa, ele não estava lá. No entanto, um murmúrio sussurrante emergia das profundezas das árvores. Curiosa, parti em busca do murmúrio e deparei-me com Zyan e Jin conversando em tom confidencial. Rapidamente, escondi-me atrás das folhagens, repreendendo-me por estar espionando uma conversa privada. Porém, minha curiosidade era mais forte do que minha consciência, e sentia-me intrigada pelo que estava sendo discutido ali. Afinal, Jin parecia estar questionando Zyan sobre algo importante, e eu não conseguia resistir à tentação de descobrir mais.

—Eu já disse, Jin, ela é como uma amiga para mim — disse Zyan, sua voz carregada de tensão. Ele parecia acuado diante da presença dominante de Jin.

— Meu príncipe, é admirável que pense dessa forma — respondeu Jin com um sorriso cínico no rosto. — No entanto, se você está tão certo de suas convicções, por que ainda não revelou a verdade a ela?

As palavras de Jin me atingiram como uma onda gigante, afogando-me num mar de perplexidade. Zyan estava escondendo algo de mim. Então, era essa a verdade que Jin queria que eu enxergasse. Um turbilhão de pensamentos invadiu minha mente enquanto eu tentava processar a informação. De repente, como se percebesse minha presença, Jin se virou na minha direção.

—Bom dia, Najmat saghira — cumprimentou-me de maneira sarcástica. — Ou seria melhor dizer boa noite? — completou antes de desaparecer em uma explosão de brilho.

Sem saber o que pensar, meus olhos buscaram respostas nos de Zyan. Sua expressão carregada de preocupação e desconforto deixava claro que algo estava errado, mas ele permanecia em silêncio. Uma sensação de mistério pairava no ar, alimentando minha curiosidade. Enquanto Zyan se afastava em direção ao acampamento, a tensão ao meu redor se intensificava. O ar parecia eletrizado, como se o segredo fosse palpável. Eu tinha a certeza de que havia uma conexão crucial entre a aparição daquele olho e  a cena que eu acabara de presenciar, e eu estava disposta a desvendar essa verdade.

Horas se passaram e Zyan continuava evitando meu olhar. Eu não podia simplesmente deixar essa situação sem respostas. Reunindo coragem, decidi confrontar Zyan. A noite estava mergulhada em um silêncio misterioso, enquanto a pálida luz da lua iluminava fracamente o acampamento, criando sombras sinistras que dançavam ao nosso redor.

Me aproximei da fogueira onde ele estava sentado, tentando manter a calma apesar da inquietude que tomava conta de mim.

—Zyan, precisamos conversar — disse, minha voz soando mais firme do que eu realmente me sentia.

Ele suspirou, como se já soubesse o que estava por vir, mas manteve o olhar distante, evitando encarar-me diretamente.

—Estou ouvindo — respondeu de forma fria.

Inspirei profundamente antes de prosseguir, sentindo o peso do mistério pairar no ar.

—É sobre o que ouvi mais cedo. Que verdade é essa que você não me contou?  — disse, sem rodeios, fixando meus olhos nos dele, em busca de alguma resposta.

Zyan pareceu incomodado com a pergunta, seus lábios se apertaram em uma linha tensa. Ele desviou o olhar por um instante antes de voltar a encarar-me.

—Não é nada importante— respondeu, tentando parecer convincente. Mas eu não estava satisfeita com aquela resposta. Um sentimento de desconfiança crescia dentro de mim, misturado com a determinação de desvendar a verdade.

—Zyan, eu ouvi tudo o que vocês falaram. Por favor, seja sincero comigo — insisti, sentindo a frustração se acumulando em meu peito. Minha voz ecoava com um leve tremor, revelando a intensidade das minhas emoções.

Zyan se levantou bruscamente, seus olhos refletindo uma mistura de raiva e desconforto. Ele se aproximou de mim, sua figura imponente e ameaçadora.

—Em primeiro lugar, você não deveria ficar escutando as conversas alheias — disse ele, sua voz carregada de reprovação. —E em segundo, pare de se intrometer em questões que não lhe dizem respeito.

Seu olhar era frio e distante e eu me senti diminuída diante de sua postura. Mas, ainda assim, uma chama de determinação queimava dentro de mim. Eu sabia que havia algo a mais naquela conversa, algo que ele não queria me revelar.

—Ok. Desculpe por incomodá-lo — respondi, abaixando o olhar momentaneamente, mas minha determinação permanecia inabalável.

Zyan assentiu e se sentou no outro lado da fogueira, deixando um espaço vazio entre nós. O crepitar das chamas parecia ecoar o desconforto que pairava no ar. Enquanto eu refletia sobre as palavras de Zyan, o mapa se revelou novamente em meu pingente, mostrando o caminho a seguir. Percebi que Zyan também olhava para mim, e um entendimento silencioso se estabeleceu entre nós. Era hora de deixar de lado as incertezas e continuar nossa jornada.

—Vamos, Adhara. Temos que nos concentrar no que está à frente — Zyan disse, sua voz carregada de determinação, tentando me animar.

Eu balancei a cabeça, tentando me livrar dos pensamentos que me incomodavam.
—Sim, você tem razão.

A ÂNFORA MÁGICA Where stories live. Discover now