Dunas cantantes

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Mais tarde, quando a noite começou a dar seus primeiros sinais, nosso grupo se reuniu em volta de uma fogueira. Enquanto aguardávamos o espetáculo das dunas começar, o Sr. Drake se dispôs a nos contar algumas informações sobre sua mais recente descoberta.

— Meus amigos, eu sou um investigador de mistérios há muito tempo, e tenho me deparado com muitas coisas interessantes em minhas jornadas. Mas algo que sempre me intrigou foram os dijins.

— Dijins? — eu perguntei, curiosa.

— Você deve conhecê-lo como o famoso gênio da lâmpada mágica. — respondeu Candice ao meu lado.

As chamas da fogueira crepitavam em uma sinfonia de luz e sombras, enquanto as dunas cantantes sussurravam ao vento noturno. A escuridão envolvia nosso grupo, intensificando o mistério e a curiosidade que permeavam o ar. Allan, fascinado, não conseguia desviar os olhos do rosto enrugado e investigador do Sr. Drake Drake, que parecia carregar consigo segredos ancestrais.

— De acordo com a mitologia árabe, os Dijins eram seres celestiais que existiam desde os primórdios da criação. Tinham uma elevada posição no paraíso, semelhante aos anjos, mas eram considerados inferiores na hierarquia celeste. No entanto, depois da criação do homem, eles se recusaram a se curvar perante a nova criatura e foram expulsos do paraíso, transformando-se em seres perversos e asquerosos.

A voz do Sr. Drake parecia ecoar entre as dunas, enchendo a noite com uma aura misteriosa. Os olhos de Allan brilhavam de admiração e encanto, enquanto eu, apesar do meu ceticismo, não conseguia negar o fascínio despertado por aquelas palavras. O Sr. Drake, percebendo o impacto de sua narrativa, continuou:

— Entretanto, recentemente descobri algo que pode mudar completamente a forma como entendemos essas criaturas. — Ele pausou, permitindo que suas palavras encontrassem ressonância na mente dos ouvintes. O crepitar da fogueira ecoava suavemente enquanto todos ali presentes aguardavam ansiosamente por mais informações. — Segundo um antigo escrito ao qual tive o privilégio de ter acesso, os Dijins são, na verdade, seres cósmicos provindos do próprio universo. Eles desempenharam um papel importante na evolução da humanidade, sendo conhecidos por sua sabedoria e poderes extraordinários. Eles eram amigos dos humanos, guardando-os em seus caminhos e ajudando-os a desenvolver suas habilidades. De acordo com o inscrito, foi graças aos Dijins que muitas civilizações foram formadas e floresceram.

Enquanto o Sr. Drake compartilhava suas descobertas, notei que Jin, que estava no outro lado fogueira, exibia uma expressão intrigante. Seus olhos fixos no investigador demonstravam uma mistura de fascinação e inquietação. Era como se o Sr. Drake estivesse desvendando segredos que há muito tempo permaneciam ocultos. Essa intensidade no olhar de Jin despertou em mim uma sensação de curiosidade e uma pontada de estranheza, mas decidi deixar isso de lado e concentrei minha atenção nas palavras do investigador.

— Todavia, relatos indicam que a amizade entre Dijins e humanos teve um fim trágico. — continuou o Sr. Drake, aprofundando ainda mais a história. Tudo começou em uma civilização que data do tempo perdido nas brumas da história. Os humanos, seduzidos pela ganância, tramaram uma armadilha para os Dijins, visando roubar-lhes seus poderes. Antes que pudessem concretizar seu plano, os Dijins criaram um portal para um mundo plano, onde puderam fugir e proteger-se da cobiça humana. Nem todos os Dijins optaram por deixar a Terra; alguns permaneceram vagando solitários pelo mundo, evitando o contato com os humanos.

O silêncio tomou conta do ambiente, cada um absorvendo as informações compartilhadas pelo Sr. Drake. A fogueira projetava sombras dançantes sobre nossos rostos, enquanto as chamas pareciam ecoar a narrativa do investigador.

— Além disso, a lenda ressalva que esses seres cósmicos deixaram para trás uma pedra miraculosa, um monolítico sagrado que fora muito cultuado nos tempos antigos. Muitos acreditavam que era um presente divino, mas os cientistas da atualidade desmistificam esse fato, alegando que a pedra não passa de um fragmento de um cometa que caiu na Terra durante a era jurássica. O fato é que essa pedra guarda muitos mistérios. — O Sr. Drake fez uma pausa dramática, olhando para cada um de nós com expectativa. — Ela está fragmentada em várias partes, sendo uma delas conhecida por estar nesta cidade. A localização dos demais fragmentos da pedra miraculosa permanece desconhecida, mas, segundo a lenda, se esses fragmentos forem reunidos, um portal se abrirá para o mundo dos Dijins. No entanto, há uma advertência gravada no antigo inscrito que alerta que aqueles que ousarem reunir a pedra miraculosa serão severamente punidos pela ira dos Dijins.

A ÂNFORA MÁGICA Where stories live. Discover now