No crepúsculo da manhã, Elisa acordou com o soar de uma sirene. Sobressaltada, sentou-se na cama e assim ficou até que o som fosse desaparecendo a distância. Ainda sonolenta, puxou a coberta por sobreos ombros nus e só então lembrou-se de Juan e olhou para o lado. Ele ainda dormia, na mesma posição de costume, os braços erguidos em torno da cabeça. Estava coberto apenas até a cintura e a luz vermelha-alaranjada que entrava pela janela revelava seus ombro se braços fortes. Elisa sentiu uma vontade louca de tocá-lo, acariciar seus cabelos, ajeitar as cobertas e correr os dedos pelas suas costas nuas, mas se conteve, limitando-se simplesmente a olhá-lo amorosamente para que não acordasse. Com um sorriso de felicidade nos lábios, escorregou silenciosamente para fora da cama e, na ponta dos pés, dirigiu-se ao banheiro. Ligou o chuveiro e, com os olhos fechados, deixou a água escorrer pelo rosto e corpo, relembrando cada detalhe dos maravilhosos momentos que haviam desfrutado na noite anterior. Estava assim distraída, quando, de repente, a porta do box se abriu e à sua frente surgiu Juan, ainda sonolento.
- Estava imaginando aonde você teria ido - disse ele.
- Pode ficar sossegado que não vai se livrar de mim com essafacilidade - brincou Elisa.
- Quando ouvi o chuveiro, pensei que talvez precisasse de alguma ajuda - disse ele com voz rouca.
- Sabe que não dispenso sua ajuda em hipótese alguma - respondeu ela, fingindo seriedade. - Mas estava pensando em ir na empresa. Você quer ir comigo?
Ele aceitou, ela virou-se de frente para ele, atirou os braços em voltado seu pescoço e puxou delicadamente sua cabeça para baixo. Enquanto se beijava abaixo do chuveiro.

-*-

Aquela hora da manhã o movimento era intenso, Elisa e Juan chegaram à portaria do grande edifício.
- Bom dia, - Elisa cumprimentou, mostrando aprazibilidade ao entrar na imensa recepção do escritório.- Gostaria de falar com Fernanda.
- Tem hora marcada?
- Não preciso. Meu nome é Elisa Monteiro.
O rapaz levantou o olhar do jornal que estava lendo, e aproximou-se rapidamente.
- Você é mesmo Elisa Monteiro?
- Claro! Por acaso tem cara de mentirosa?
Juan que estava ao seu lado, não gostou nenhum pouco da abordagem inesperada.
- E quem é você? - Juan perguntou, enciumado.
- Meu nome é Samuel Luck. Trabalho no setor de contabilidade. - ele estava visivelmente nervoso, e olhando para os lados antes de continuar a falar quase sussurrando: - Senhorita Monteiro, gostaria de falar com você, mas eu outro lugar. Não iria incomodá-la se não fosse urgente.
Samuel acompanhou Elisa e Juan para uma cafeteria ali perto. Elisa colocou a bolsa sobre a mesa e tirou o casaco rapidamente, tentando amenizar o calor que sentia. Juan sentou ao seu lado com os braços cruzados, desgostoso do mistério que aquele homem fazia.
- Então diga logo do que se trata, Samuel. - disse Elisa, já um tanto ansiosa com todo aquele suspense.
Na verdade, Samuel mostrava-se inquieto, olhando para os lados sem parar. Seu cabelo ruivo, despenteado, como se tivesse passado por uma ventania. Os olhos azuis brilhavam de entusiasmo. E parecia um executivo, já que vestia terno e gravata.
Elisa olhou para ele, desconfiada. Se estivesse sozinha, nunca havia aceitado para ir a lugar algum com um desconhecido. No entanto, Juan mantida o olhar feroz para o homem em sua frente.
Samuel tirou de uma pasta preta que trazia consigo. E ele entrega para Elisa. Ela analisou cuidadosamente todos os papéis e arregalou os olhos a ver os valores.
- O capital está muito baixo. Aqui tem alguma coisa errada. Essa contabilidade está errada.
Juan limitou-se a observar, enquanto Elisa conversava com Samuel.
- Sinto muito, mas os cálculos estão corretos.
- Fernanda sabe disso?
- Por favor, Senhorita Elisa, não fale a ninguém que mostre esses papéis. Estou sendo ameaçado.
- Por quem? - Elisa murmurou, incrédula.
- Por Lorenzo Loyola. - Samuel voltou a sussurra, visivelmente, assustado. - Quando mostre esses papéis a Senhora Fernanda, no mesmo dia, Lorenzo me ameaçou. Temo pela minha vida. Leve esses papéis consigo.
Elisa olhou em volta da mesma forma que Samuel, e escondeu os relatórios dentro da bolsa.
- Preciso da sua ajuda para revisar tudo. - Elisa ficou calada por um momento antes de continuar falando: - Amanhã é meu casamento, e a empresa não funciona no domingo. Mas segunda feira, venho te encontrar. Precisamos de mais provas.

_*_

Fernanda tomou um gole do café preto amargo. Naquela manhã, ela havia acordado com uma dor de cabeça horrível. Pegou dentro da gaveta de sua mesa um remédio e o tomou com água. Todos os seus planos para separar Elisa e Juan tinham dado errado. Nem Bernardo havia conseguido seduzir Elisa, apenas ganhou um olho roxo de Juan.
Alguém bateu na porta, e entrou no seu escritório. Fernanda ergueu o olhar, e sorriu a reconhecer seu amante favorito.
Seu nome é Lorenzo Loyola, o executivo-chefe de operações e seu braço direito. E nas horas vagas, seu amante.
Ele era o tipo de homem que despertava desejo em qualquer mulher. Mesmo vestindo um terno escuro, notava-se o corpo atlético. Os cabelos negros estavam penteados e bem cortados. A barba muito bem feita, linear, meio que parecendo que a barba está encaixada no rosto, com o cavanhaque e as costeletas mais marcadas. Lábios finos e o olhar marcante.
- Bom dia, Nanda. Olha o que trouxe para você! - Ele entregou um pacote e dentro tinha um croissant. - Não posso deixar minha amada passar o dia só tomando café. Cuide melhor de sua alimentação.
Fernanda sorriu, maliciosamente. Lorenzo fazia esse gentil gesto com segundas intenções.
- Obrigada! - Fernanda agradeceu, deixando o pacote de lado. - O que você quer dessa vez? Diga logo! Não estou de bom humor para seus joguinhos.
- Dos lucros, Querida. E da parte que me corresponde.
Olhos verdes faísca, cismada.
- Por que acha que vou te dá alguma coisa?
- Você ganhou muito dinheiro, Nanda. E pelo simples motivo de que ninguém além de mim sabe que está cometendo fraude na empresa.
Fernanda se aproximou da figura masculina, lentamente, com os olhos fixos nos dele. Ela lhe agarrou pela gravata, fazendo se abaixar para ficar ao seu nível.
- Não brinca comigo, Lorenzo. Eu sei muitas coisas suas. - Fernanda olhou para ele e sorriu, com malícia.
Lorenzo lhe dá aquele beijo que causa arrepio, brinca com as línguas dela. Ele para apenas para ameaçar mais uma vez.
- Também sei sobre você. - sussurrou, deslizando a mão do ombro para dentro da blusa dela. - É bom não falar nada, ou vai se arrepender. Afinal, somos cúmplices.
O telefone tocou insistentemente, com muito contragosto ele retirou a mão do seu decote. E Fernanda atendeu o telefone.
- Verônica, melhor que seja importante, estou em reunião.
- A Senhorita Elisa estava aqui. Mas ela saiu com o contador Samuel Luck.
- Entendi. Muito obrigado.
Fernanda desligou o telefone e, falou furiosa.
- Samuel Luck está causando problemas novamente. Temos dá um jeito nele.
Como se pudesse ler mentes, Lorenzo arrumou a gravata e passou as mãos pelos cabelos, se organizando. E antes de sair perguntou:
- Vamos nos encontrar hoje?
- Creio que nao, amanhã é o casamento da minha irmã. - Fernanda se acomodou na cadeira da presidência, enquanto colocava uma pilha de papéis espalhadas pela mesa.

Marido de AluguelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora