Y7- Preto no Branco

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✨Lumos✨

Existe uma lei básica na vida.

Se o coração continuar batendo e o cérebro permanecer funcional, sobrevivemos. Caso contrário, é quase uma morte certa.

Por isso, tive uma sorte imensa quando a faca de Bellatrix errou por centímetros uma artéria. Sofri múltiplos cortes ao longo do corpo, alguns profundos o bastante para que sangrasse até à morte se não tivesse sido encontrada a tempo. Não me recordava de muito, porém, do pouco que permanecera, sabia que não tinha sido um ataque motivado por motivos pessoais. Não, claro que não. Bellatrix não seria rancorosa ao ponto de me matar no meio de uma floresta afastada da metrópole sem um motivo minimamente razoável.

Isso era questionável, na minha opinião. Mas não havia outra razão que pudesse explicar o ataque furtivo. Voldemort me procurava — isso não era uma surpresa —, e se me capturasse mais uma vez, então começaria em grande. Aparentemente, entradas dramáticas eram apelativas para o Lorde das Trevas.

E o quão gratificante seria ter a arma que ele tanto procurava em suas mãos, demasiado ferida para se defender? Bom, seria tudo.

— Bom dia, S/N — era um médico. A Sra. Weasley decidiu que seria melhor que meu estado fosse observado por um olho profissional. Por isso, assim que amanheceu, Molly enviou uma carta a um amigo de longa data. — O meu nome é Stephen, mas, se preferir, pode me tratar por Noisy.

Não contive a confusão. Se Barulhento era seu apelido para os pacientes, então seu nome para a esposa seria inimaginável. Na verdade, não sabia se Noisy estava realmente casado. Apenas formei uma opinião ao observar a aliança que descansava em seu dedo anelar. Formar pensamentos e deduzir como seria a vida de uma pessoa que eu desconhecia era bom para passar o tempo.

— Não vejo porque não.

— Ótimo — um sorriso torto iluminou-lhe o rosto. Não durou muito, especialmente porque seu olhar capturou uma vista mais interessante. Como eu o compreendia. — Pelas barbas de Merlin, você é…

— Sou o Harry Potter, sim — meu noivo remexeu-se na poltrona, desconfortável. — Intensamente procurado, como o senhor saberá, infelizm…

— Ah, sim! Seria um enorme espanto se não o conhecesse, não é? — riu. — Duvido que exista uma única pessoa que nunca tenha escutado o nome "Harry Potter" pelas redondezas!

— Se o senhor o diz…

— É claro que digo! Deveras interessante se pensar bem. Sr. Potter, já conheci uma mulher que… ela era um amor de pessoa, sabia? Ela estava grávida e dizia a todos que o nome do filho seria Harry em homenagem ao famoso Harry Potter! Uma benção um bebê, uma benção realmente…

— Tá — Harry disse, dando um sorriso amarelo. Noisy não reparou, no entanto. — É um prazer, mas será que poderia observar os ferimentos da minha noiva, por favor? É importante.

Stephen piscou os olhos.

— Oh, sim! Me desculpem — houve uma pausa. Suas mãos agarraram uma mala de couro, colocando-a em cima da cama. — Não esperava trabalhar hoje, sabem. Mas quando recebi a carta da Molly, percebi que era urgente.

Enquanto o homem vasculhava a mala, Harry inclinou-se para beijar minha bochecha. Ainda não tivera a chance de conversar naquele dia pois assim que acordei me deparei com um quarto silencioso, seguido de uma visita de Stephen. Mesmo assim, não estive sozinha. Harry dormira na poltrona, porém seus olhos inchados eram um indício de uma noite passada em claro.

Seus lábios chegaram a murmurar algumas palavras silenciosas; eram apenas três, porém eram suficientes. "Eu te amo" era o que ele dizia. Um sorriso sincero pintou os meus lábios e eu, aliviada ao extremo — por vezes, eu tinha o horroroso pensamento de que Harry me afastaria antes que eu o fizesse —, moldei as mesmas palavras. Elas, em algum lugar do planeta, ecoaram alto e a bom som. Mas aqui, ficaram perdidas no silêncio confortável que nos cercava.

𝐈𝐓 𝐖𝐀𝐒 𝐌𝐄𝐀𝐍𝐓 𝐓𝐎 𝐁𝐄, Harry PotterWhere stories live. Discover now