Y6- Família

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✨Lumos✨

No dia seguinte acordei embrenhada no conforto embriagante dos braços de Harry. A manhã estava fria, mas não podíamos ficar na cama por demasiado tempo pois o Expresso de Hogwarts iria nos levar novamente para a estação nove e três quatros em mais ou menos duas horas. E eu ainda tinha de convencer três animais a entrar nas suas respetivas gaiolas — uma tarefa difícil, diga-se de passagem.

Assim que alguns resquícios de luz solar acertaram no meu rosto, forcei-me a sair do conforto que o corpo de Harry me oferecia com uma certa dificuldade. Ouvi um baixo resmungo proveniente do meu namorado, o que me fez abrir os olhos e encará-lo por alguns segundos enquanto me preparava fisicamente e psicologicamente para me levantar.

Foi uma tarefa difícil, porém realizei-a mesmo assim. Em breve estaríamos na Toca e, com sorte, teríamos a oportunidade de rever Sirius. E merda, só Merlin sabia as saudades que eu sentia. Principalmente devido às circunstâncias onde eu o tinha visto pela última vez. Meu cérebro também se encontrava num estado puro de felicidade ao pensar que meu pai estaria me esperando na estação. Tinham se passado quase quatro meses desde o dia um de Setembro e isso sempre criava uma dolorosa sensação de aperto no coração: saudades extenuantes.

Uma vez vestida, saí do dormitório com um passo rápido e ao mesmo tempo cuidadoso. Mesmo após tantos anos, meu corpo ainda não se tinha acostumado com as escadas do enorme castelo, muito provavelmente pelo fato de que elas tinham vida própria e conseguiam mover-se a qualquer momento.

Pisquei os olhos algumas vezes quando cheguei ao exterior da escola.

Havia algum nevoeiro no ar, cercando os cumes das montanhas e cobrindo partes do Lago Negro. Pequenas gotas de orvalho deslizavam pelas folhas das plantas e quando atingiram o capim sob meus pés alastraram-se por ele, desaparecendo lentamente da minha linha de visão. Percebi que meus tênis estavam ficando molhados e sujos com terra conforme eu andava. Ao que parece, os flocos de neve que tinham caído na noite anterior não tinham sido capazes de cobrir todos os centímetros dos terrenos de Hogwarts e a neve que resistira estava começando a derreter.

Minha visão capturou a cabana de Hagrid depois de alguns minutos de percurso. O homem já estava do lado de fora e parecia estar bastante ocupado em decorar o exterior da sua casa o máximo que podia. Sorri um pouco. Hagrid sempre decorava sua cabana poucos dias antes do Natal, e, surpreendentemente, sempre ficava com uma qualidade excelente.

Quando me aproximei o suficiente para que o homem conseguisse me ouvir de forma clara, falei:

— Bom dia, Hagrid.

Hagrid deu um salto, virando-se para mim com as sobrancelhas erguidas. Porém, ele sorriu logo depois.

— Bom dia, S/N — disse ele, apontando em seguida para as luzes pisca-pisca que estava pendurando em volta das janelas. — Estou pendurando minhas decorações natalinas. Mais vale que seja tarde do que nunca, leve isso para a vida — Hagrid sorriu novamente. — Quer comer alguma coisa, S/N? Tenho um chá delicioso lá dentro e um pouco de bolo que preparei ontem à noite.

Meu estômago revirou-se com a menção de comida. Quase senti o cheiro delicioso de comida quentinha inundando minhas narinas. Meu estômago ansiava pelo café da manhã do castelo, no entanto.

— Não, mas muito obrigada — respondi. — Você sabe onde o Marley está? Vim buscá-lo.

O homem balançou a cabeça afirmativamente, largando as luzes pisca-pisca e andando até à porta da cabana, abrindo-a. Quase não tive tempo para piscar. O filhote correu até mim com seu pequeno rabo balançando animadamente.

Marley ergueu-se, apoiando-se nos meus joelhos e latindo, pedindo por colo. Meu coração não aguentou. Estiquei os braços e segurei-o com cuidado, massageando a cabecinha do filhote. Seu pêlo escuro e macio deslizou por meus dedos, recordando-me da sensação que obtive quando o segurei pela primeira vez.

𝐈𝐓 𝐖𝐀𝐒 𝐌𝐄𝐀𝐍𝐓 𝐓𝐎 𝐁𝐄, Harry PotterWhere stories live. Discover now