Y6- Tempo

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✨Lumos✨

A ala hospitalar estava perturbadoramente silenciosa. Era de noite e no lado de fora chovia torrencialmente e uma vez ou outra o céu era iluminado por relâmpagos barulhentos. Devido ao recente envenenamento de Ron, tanto o Sr. Weasley como a Sra. Weasley tinham sido chamados à escola para que o diretor pudesse conversar com eles.

Enquanto eles não podiam fazer companhia ao próprio filho, eu, Harry, Hermione e Ginny ficámos com ele. Minha melhor amiga sentou-se numa poltrona ao lado da cama, olhando para Ron com preocupação. Apesar dos esforços da Madame Pomfrey para que ninguém tocasse no nosso amigo, Hermione não deu a mínima e apenas segurou sua mão com cuidado. Já Ginny, parecia estar à beira das lágrimas.

Nenhum dos dois o dizia em voz alta, mas era bastante visível que Ron e Ginny eram muito próximos. Em termos de idade, o ruivo era apenas um ano e alguns meses mais velho do que ela, o que fez com que na infância eles criassem laços que não tinham com os restantes irmãos. Mesmo quando brigavam — e isso era habitual — era visível a preocupação que sentiam um pelo outro. Eu ainda me recordava especificamente do quanto Ron ficara perturbado após observar as lágrimas da irmã naquele dia na biblioteca, na altura em que Lucy ainda a procurava. E assim que Ginny soube que o rapaz estava na enfermaria, recuperando de um envenenamento, sua pele empalideceu e seus olhos ficaram automaticamente vermelhos e inundados de lágrimas. Eu podia afirmar que nunca a tinha visto assim.

Passos ecoaram pelo corredor e eu me virei automaticamente, dando de caras com Dumbledore e logo atrás de si estavam a professora McGonagall, Snape e Slughorn, esse que ainda tinha nas mãos a garrafa de hidromel.

Fiquei ligeiramente surpresa pelo fato de que Dumbledore parecia estar bastante calmo face ao ocorrido, como se não fosse nada. Contudo, aquele era seu comportamento habitual, pensei. Nada transparecia, nem mesmo uma única preocupação e, por vezes, eu me questionava do motivo de tantos detalhes ocultos, da existência de tantos segredos.

Ao que parece, essa era a única forma de manter a tranquilidade entre as pessoas, mesmo que em troca algumas almas se esvaíssem em sangue lentamente.

— Bem — McGonagall pigarreou, corrigindo sua postura. — É de ter em conta os atos heróicos do Sr. Potter mas a verdadeira questão é: porque foram necessários?

— De fato, Minerva — Dumbledore concordou, virando-se lentamente para Slughorn. — Horace, isso me parece um presente. Por acaso se recorda de quem lhe ofereceu esse frasco?

Slughorn negou com a cabeça lentamente.

— Na verdade, tencionava dá-lo como presente.

— A quem, se me permite saber?

— A você, diretor.

Houve um silêncio desconfortável entre nossos corpos conforme os professores se entreolhavam e Snape analisava muito bem aquele frasco apenas com o olhar. Como se o reconhecesse. No entanto, fui a única a perceber.

— Onde está ele? — indagou uma voz familiar. — Onde está o meu Uon-Uon?

Lavender entrou na ala hospitalar com um passo rápido e aproximou-se da cama onde Ron estava deitado, ignorando os olhares que os professores lhe lançaram. A garota deu um passo em frente, encarando Hermione como se estivesse dizendo que ela deveria sair.

— O que ela está fazendo aqui? — ela cuspiu na direção de Hermione.

A morena levantou-se no mesmo momento.

— Eu poderia fazer a mesma pergunta.

A ruiva, pelos vistos, ofendeu-se.

— Eu sou a namorada dele!

𝐈𝐓 𝐖𝐀𝐒 𝐌𝐄𝐀𝐍𝐓 𝐓𝐎 𝐁𝐄, Harry PotterWhere stories live. Discover now