CAPÍTULO 77 - Marta e Alberto

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É segunda-feira. Alberto chega em casa mais cedo. Entra calado, sem falar com ninguém e vai direto para seu escritório. Sabia que Marta iria até lá assim que percebesse que ele tinha chegado. Como esperado, a governanta percebe que Alberto chegou. Corre para seu quarto, olha-se no espelho, arruma a roupa e o cabelo. Ela pega um vidro de perfume igual ao perfume que Cecília costuma usar e borrifa sobre si. Vira várias vezes o chefe elogiando o perfume da esposa. Tratou de descobrir qual era e comprara um vidro para ela própria. Ela então vai até o escritório dele.

- Seu Alberto, com licença. Boa tarde.

- Boa tarde, Marta - diz ele com rispidez, sem se levantar e sem olhar para ela.

Alberto percebeu que ela usava o mesmo perfume de Cecília. "Que diabos essa cretina quer usando o perfume da minha mulher?" Pensou ele ao sentir a fragrância.

- Eu vi que o senhor chegou mais cedo. Gostaria de saber se está precisando de alguma coisa. Depois que Dona Cecília se foi, o senhor tem se alimentado mal. Quer que eu lhe traga alguma coisa para comer? Algo para beber? Se eu puder fazer algo para melhorar seu humor...

- Somente minha esposa pode melhorar meu humor, Marta - ele responde, ainda sem olhar para a governanta.

- Me desculpe a sinceridade, não sei o motivo pelo qual vocês se desentenderam, mas ela não lhe deu nenhuma chance de argumentar, senhor? Simplesmente se foi? Talvez ela não mereça toda essa consideração. Sei que o senhor não faria nada de errado.

- E você tem ideia de como aquela mulher veio parar aqui em casa? - diz Alberto, finalmente encarando Marta nos olhos.

- Mulher? Como assim? - indaga Marta, com surpresa, já que Alberto não havia comentado com os empregados o real motivo da partida de Cecília.

- Por acaso você, por alguma razão qualquer, já teve contato com uma advogada chamada Milena dos Santos Lima?

- Não conheço ninguém com esse nome, Seu Alberto - tentando disfarçar o nervosismo. Suas mãos estavam frias.

- Tem certeza que essa senhora não lhe procurou recentemente? Ou quem sabe há bem mais tempo até? A senhorita realmente não se recorda de tê-la encontrado em alguma ocasião? - questiona ele.

- De forma nenhuma, Seu Alberto.

- Tem certeza, Marta?

- Tenho certeza.

- Essa é a foto da pessoa de quem estou falando - diz ele, colocando uma foto de Milena sobre a mesa. - Ela trouxe um casal que entrou aqui em casa enquanto eu dormia e causou um enorme transtorno entre mim e Cecília.

- Eu não duvido nada que ela estava mancomunada com a própria Dona Cecília para causar um divórcio e lhe arrancar muito dinheiro! - acusa a governanta.

Alberto fica possesso ao ouvir aquelas palavras. Suas faces ficam vermelhas.

- Marta!!! - grita ele, batendo na mesa e levantando-se. - Lava sua boca pra pronunciar o nome da Cecília!!!

- Seu Alberto, controle-se! Eu não tenho culpa das coisas que sua esposa apronta!

- Ora, Marta, não seja cínica!!! Você acha mesmo que eu sou idiota??? Acha??? - grita ele, puxando forte o braço da governanta.

- Eu nunca que iria achar isso do senhor! - diz Marta, com uma voz trêmula.

Alberto percebe que está muito alterado. Ele larga o braço de Marta, vira de costas e respira.

- Talvez eu deva voltar uma outra hora, quando o senhor esteja mais calmo - diz a governanta, visivelmente tremendo.

- Você fica! Eu não mandei você sair! Vai dizer que essa não é você nessas fotos??? - questiona Alberto, colocando sobre a mesa uma série de fotos impressas a partir das filmagens das câmeras que ele instalara por toda a casa. Havia fotos em que Marta aparecia enquanto ajudava a armar todo o cenário que Cecília encontrara ao entrar no escritório.

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