CAPÍTULO 2 - Vidas solitárias

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Cecília chega em casa cansada. As crianças tinham muita energia. E ela andava ultimamente sem energia nenhuma. Toda hora chegava alguma mensagem ou ligação de cobrança. Estava sendo consumida por aquela situação. Precisava urgentemente dar um fim naquilo tudo. Estava bastante esperançosa de que a conversa com o advogado lhe traria uma luz no fim do túnel.

Era um apartamento pequeno, em um bairro de classe média. Tinha o tamanho ideal para ela, que morava sozinha. Era bonito e bem decorado. O imóvel era seu e quitado. Ela vivia bem com o que lhe pagavam na escola. Tinha vivido até pouco tempo uma vida sem apertos financeiros. Era bastante controlada com seus gastos. Mas infelizmente precisou de uma quantia muito além de suas possibilidades e se viu na enrascada na qual se encontrava.

Ela era uma mulher sem muitas ambições. Até aquele momento havia conquistado quase tudo que almejara na vida. Muitos a aconselhavam a encontrar alguém. Como podia ela, uma mulher tão inteligente, bonita e agradável, estar sozinha, não se interessar por ninguém? Ela não dava ouvidos a esses comentários. Estava bem daquele jeito. Era muito discreta, não deixava as pessoas saberem exatamente o que se passava em seu coração. A pessoa mais próxima, que sabia uma ou outra coisa sobre sua intimidade, era a amiga Elisa. Ainda assim, havia muita coisa que ela preferia guardar para si mesma, não compartilhava com ninguém.

Cecília toma um banho demorado. Deixa a água morna cair sobre seu corpo. Por alguns instantes esquece seus problemas e apenas deixa a água cair sobre si.

***

Alberto chega em casa tarde da noite. Era uma bela mansão em um bairro nobre da cidade. Os empregados já haviam se recolhido. Ele entra devagar, para não fazer barulho. Não queria encontrar mais ninguém naquele dia. Estava muito cansado. Não tinha disposição nem para comer.

Subiu as escadas em silêncio e caminhou até seu quarto. Tirou o terno, afrouxou a gravata e jogou-se na cama. Fechou os olhos e lembrou-se de todo o corre-corre daquele dia. Desde que amanhecera na cama de sabe Deus quem até finalmente chegar em casa.

Era um excelente advogado, dono de um dos mais famosos e bem sucedidos escritórios do ramo. Vinha de família abastada, mas tudo que conquistara na vida havia sido em decorrência de seu próprio esforço. Não era nenhum magnata, mas possuía um patrimônio notável. Razão pela qual a mulherada não lhe dava trégua, sonhando em um dia, quem sabe, tornarem-se a senhora Callegari. Era também um homem muito bonito, o que acirrava ainda mais a competição entre o mulherio.

Apesar do constante assédio feminino, era um homem sério, por vezes sisudo, além de extremamente discreto. Vivia suas aventuras sexuais sem muito alarde. Às vezes compartilhava uma ou outra história com Caio, seu melhor amigo. E ainda que se envolvesse frequentemente em noites de luxúria na companhia de belas mulheres, não se via apaixonado por nenhuma delas.

***

Cecília sai do banho, veste seu roupão, prepara um chá e senta-se no sofá. Recebe uma mensagem de Elisa:

Elisa: Boa noite, Cécy. Só quero te dizer que estou aqui caso você queira conversar sobre aquele problema da dívida, tá. Não fica guardando tudo pra si, faz mal. Qualquer coisa, me liga. Bjs

Cecília: Obrigada, amiga! 💕 Ligo sim. Estou com bastante esperança que esse advogado vá me ajudar a dar um fim nesse problema.

Ela olha novamente o cartão com nome e endereço do tal escritório. Fora indicado por um amigo. Ela não entendia muito a respeito, mas ele lhe dissera que era um dos melhores da cidade. Estava disposta a pagar o alto valor cobrado pela consultoria. Ela tinha que tentar buscar uma saída para a encrenca na qual havia se metido.

***

Alberto desliga o chuveiro. Enrola a toalha na cintura e sai. Ainda de toalha, acomoda-se numa poltrona ao lado da cama, pega o celular e verifica as mensagens de texto. Algumas de Caio, outras da irmã, Karen. Apesar do horário, responde ambos mesmo assim.

Caio: Fala, meu camarada! Passando só pra lembrar que você foi intimado para audiência do inventário do seu falecido tio Aurélio. A audiência é amanhã. O juiz fará a leitura do testamento. Você foi nomeado por ele testamenteiro e também inventariante. Vê se chega um pouco mais cedo.

Alberto: Valeu pelo aviso, não me esqueci não. Dessa vez chego mais cedo. Não esquenta.
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Karen: Irmãozão querido, não esqueça que a festinha do seu sobrinho está chegando, hein! Estamos esperando você! 😘

Alberto: Pode deixar, irmãzinha! Estarei lá, sem falta! 👍

Mais adiante, muitas mensagens de Milena, uma advogada conhecida sua. "Que saco!" Pensou ele. "Essa mulher não me dá uma trégua!" Resolveu então ignorar as mensagens. Não estava nem um pouco interessado no que ela tinha pra dizer.

***

Cecília está tão cansada, que adormece ali mesmo no sofá. Da mesma forma, Alberto adormece na poltrona. Estavam exauridos. O dia havia sido extenuante.

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