É domingo, o céu está azul e o sol brilha forte. Cecília levantou-se antes de Alberto e desceu para seu escritório. O recesso do meio do ano se aproximava, resolveu deixar tudo preparado para o fim do semestre. Está entretida com seus papéis, quando percebe que são quase dez horas e Alberto ainda dorme. Ele não tem o costume de acordar tarde. Resolve subir até o quarto. Ela abre a porta e Alberto está deitado na cama, mas não está dormindo.
- Alberto, você vai descer para o café?
- Não, Cecília, não estou passando muito bem...
Ela se aproxima e senta ao lado dele.
- São os rins de novo?
- De novo... Quando tenho essas dores, sinto muita náusea, não para nada no estômago. Dói tudo. Não tenho a mínima condição de comer nada...
- Vou pegar seus remédios.
- Já os tomei, mas, aparentemente, não fizeram muito efeito...
Ela coloca a mão sobre a testa do marido.
- Você está com febre... Pelo visto está alta... Vou te levar a um pronto-socorro...
- Vou tomar outro analgésico e um antitérmico. Daqui a pouco vou melhorar. Não se preocupa, tá...
- Alberto, febre é um sinal de alerta. Eu vou te levar ao médico.
- Não precisa...
- Precisa sim. Vamos lá. Você vai trocar de roupa ou vou ter que te levar de pijama? - diz ela com firmeza.
- Tá... Tudo bem... Vou trocar de roupa... - rende-se ele.
Ela vai ao armário e traz uma calça jeans mais confortável e uma camiseta. Ele senta na cama, mas sente bastante incômodo. Ela o ajuda a trocar a roupa. A dor estava bem forte.
- Você consegue descer a escada?
- Vou ter que conseguir - diz ele.
Ela o abraça e, devagar, descem as escadas e chegam ao carro. Ela dirige um pouco apressada.
- Cecília, não precisa sair dirigindo que nem doida, senão a gente bate o carro e vamos nós dois pro hospital. Vai ser pior - diz Alberto.
- Já estou acostumada. Às vezes preciso ir mais rápido pra chegar na escola a tempo.
- Bonito mesmo, né... Você andar dirigindo feito doida por aí! Ai... Droga... - ele reclama da dor.
- Alberto, me faz um favor, conta pro médico tudo que tá acontecendo com você.
- Pode deixar... Vou contar... - diz ele com a voz fraca.
- Eu sei que tem vindo sangue na sua urina.
- Sabe? Como?
- Umas duas vezes você esqueceu de dar descarga. Percebi, mas não quis te dizer.
- É um sintoma comum de cálculo renal.
- E você ficou calado, não me disse nada e nem procurou um médico. Você parece que gosta de passar mal, viu!
- E você tá parecendo a minha mãe - diz ele.
- Eu devia era te dar uns tapas na bunda mesmo!
- Aí eu gamo - brinca ele, mesmo sentindo dor.
- Para de gracinha, Alberto! Você tá aí passando mal e ainda fica fazendo piada!
- Você fica encantadora assim brava, sabia? Queria ser um aluno seu pra te ver dando bronca na turma!
- Alberto!
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Casal Por Contrato
RomanceCecília Petri, uma doce e amável professora do ensino fundamental, se vê repentinamente em apuros financeiros. Ela contrata Alberto Callegari, um conhecido e competente advogado para lhe ajudar a encontrar uma solução. Ele a surpreende com um inusit...