CAPÍTULO 6 - A consultoria | Parte 2

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- Desculpa. Não entendi.

- Senhorita Cecília Petri, eu, Alberto Callegari, gostaria de pedi-la em casamento.

- Doutor Alberto, eu espero que isso não seja nenhum tipo de brincadeira, pois não tem a mínima graça.

- De forma nenhuma, senhorita Cecília. Não é nenhuma brincadeira. Nem tampouco alguma espécie de assédio da minha parte. Não me entenda mal.

- Não lhe entender mal, Doutor Alberto??? Não é que eu esteja entendendo mal, eu não estou entendendo é nada!!!

- Me deixe explicar.

- Eu saí da minha casa hoje com uma grande esperança de finalmente resolver essa questão que me aflige, minha vida e a de meus familiares está em perigo, e me deparo com essa sua proposta sem pé nem cabeça! O senhor está fora si!

- Me escute, senhorita Cecília, não sou nenhum louco! Por favor, me deixe falar, me dê alguns minutos e eu posso explicar tudo!

- Alguns minutos é tudo que a lábia de um advogado astuto precisa para ludibriar alguém! - diz Cecília, bastante aborrecida com tudo aquilo. - Meu Deus! Eu não posso confiar nos homens! Em nenhum deles! Vocês todos iguais! Todos um bando de aproveitadores cafajestes!

Ela se levanta, pega sua bolsa, põe no ombro e caminha alguns passos em direção à porta.

- Senhorita Cecília, por favor, acalme-se! Por favor, eu lhe peço! Confie em mim! Me deixe explicar!

Cecília para de caminhar antes de chegar até a porta. Olha para cima e respira fundo. Não sabe por que cargas d'água resolvera ouvir aquele homem. Ela se volta novamente para ele. Alberto respira aliviado.

- Muito bem, doutor Alberto Callegari. O senhor tem exatos cinco minutos para me explicar que conversa de doido tarado é essa! - diz ela.

- Eu lhe agradeço, senhorita Cecília.

- Não me agradeça, senhor Alberto. Apenas explique que disparate é esse.

Cecília não mais se senta. A conversa segue com os dois de pé.

- Juridicamente, com relação ao seu caso, não há muito a ser feito. Todavia, existe uma forma de lhe ajudar. Posso quitar sua dívida e me tornar o seu credor, o que irá livrá-la das mãos desse agiota.

- E o que um eventual casamento com o senhor teria a ver com isso? Ainda não consigo entender, Doutor Alberto!

- Eu lhe faço um favor, o de quitar a sua dívida, e a senhorita me faz um favor, o de se tornar minha esposa. Assim como essa dívida tem lhe tirado o sono, também tenho uma contenda que tem me tirado a paz. Podemos nos ajudar mutuamente - propõe ele.

Cecília está estupefata. Não está acreditando no que está acontecendo diante de seus olhos.

- Mas essa é muito boa! Venho até o senhor por entender que o senhor seja um dos melhores advogados da cidade, senão o melhor, e o senhor me oferece uma troca de favores! É isso? Não seria um tanto desonesto da sua parte?

- Eu preciso que a senhorita me permita explicar toda a situação e para que então me diga se aceita minha proposta ou não. Mas, por tudo que é mais sagrado, me deixe falar! A senhorita até agora não me deu essa chance!

- Está me chamando de tagarela, de histérica ou o quê???

Alberto respira, espera que ela se acalme. Ele sabe perfeitamente que o que ele acabou de propor àquela moça é uma insanidade. Não poderia esperar dela uma reação diferente. Sabia que precisava que ela se acalmasse para que ele pudesse falar.

Casal Por Contrato Where stories live. Discover now