Deep Desire - Rafe C. | JJ Maybank

Capítulo 47

_ S/n _

Minha mãe andava de um lado pro outro, mesmo com um nível elevado de dificuldade por causa da muleta. Mas eu não diria pra ela parar, estava claro que ela se encontrava uma pilha de nervos. Eu estava sentada na cama, pelo menos estava vestida agora, com um vestido que foi a coisa mais rápida que encontrei depois de mandar JJ ir embora.

- Mãe, fala alguma coisa!- Me pronunciei depois de minutos de tensão.

- Eu nem sei por onde começar!- Ela disse irritada, parando de andar finalmente. - Você passou de todos os limites agora, tá me entendendo? Eu não te ensinei assim. - Seu rosto estava corado pela irritação, ela me apontava o dedo enquanto falava.

- Mãe, eu sin-

- Chega, não quero ouvir mais uma palavra! Você só sabe mentir pra mim, S/n! A que ponto chegamos?- Ela disse e eu suspirei, abaixando a cabeça. - Eu cansei de tentar fazer você me ouvir. - Ela disse e começou a ir em direção a porta, saindo do quarto completamente transtornada.

Eu fiquei sem reação, parada na cama, me perguntando o que ela quis dizer com isso. E sinceramente eu tinha medo de descobrir.

Nem um minuto depois ela voltou. Anna foi diretamente até a minha janela, não tirei meus olhos dela por um segundo que fosse. Quando percebi o que ela estava fazendo, fiquei chocada, ela havia acabado de colocar um cadeado na fechadura da minha janela.

- Mãe, por favor! - Pedi, logo vendo ela me ignorar e começar a vir em minha direção. Então ela veio até mim e pegou meu celular na cama.

- É melhor começar a se acostumar a ficar sem isso. - Ela começou a se afastar. - E talvez seja bom já começar a arrumar suas malas também.

Mas que porra?

Em um movimento brusco, eu me levantei e tentei puxar o celular das mãos dela. Mas meu ato de desespero a desequilibrou na muleta e minha mãe quase caiu. Eu fiquei assustada, com as mãos no celular que ela ainda segurava, o olhar que recebi foi de total reprovação.

- Nossa, parece que já está começando a agir igual as pessoas que você tem andado. - Ela disse em um tom humilhante, e eu apenas soltei o aparelho. E então ela saiu, batendo a porta com força.

Me joguei na cama, que por sinal estava toda molhada ainda, e tapei meu rosto com um travesseiro, gritando o mais alto que consegui. Eu nem sei explicar a minha indignação, essa noite estava indo tão bem a meia hora atrás. Só de pensar que era só ter trancado aquela maldita porta...

Quando me dei conta, meus rosto já estava tomado pelas lágrimas. Eu chorei de raiva e muita frustração, só conseguia imaginar o quão ferrada eu estava. Passei a noite assim, ainda bem que eu tinha a Susie pra ficar abraçada até que eu pegasse no sono. Assim eu me sentia menos sozinha. Foi uma noite longa, sem ter com quem falar e sem ter nenhuma noção do que iria acontecer.

Na manhã seguinte, fui acordada pela minha irmã e nem sei explicar o alívio que senti ao vê-la.

- Irmã, o JJ me contou o que aconteceu. Como você está?- Kie tinha um tom de voz preocupado. Ela estava com as mesmas roupas da última vez que a vi, parece ter acabado de chegar.

- Mal. - Falei me sentando na cama. - Que horas são?

- Oito. - Ela me entregou um copo de água. - Seus olhos estão inchados. - Ela observou. - Me conta o que mais aconteceu? Como a mamãe reagiu?

- Acho que ela vai me mandar pra um colégio interno. - Falei, sentindo um nó na garganta só de pronunciar isso em voz alta.

- O quê? Não, ela não pode. - Kie negou com a cabeça, se levantando indignada.