FIM

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Fabrício

Um mês depois

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Um mês depois

— Chegamos! — declaro, assim eu estaciono em frente a vila do biólogos.

Olho pra Raniely e percebo como ela aperta o dedos sobre as coxas, como se evitasse que elas tremessem mais, porém, percebi a tensão no corpo dela assim que viramos pra rua que dá acesso a área do Instituto, meus olhos vão pro retrovisor e o suspiro que me vem olhando pra minha filha dormindo tranquilamente depois de horas de vídeos infantis sobre tubarões, caramujos e animais da fazenda. Rafaela cresceu muito no último mês, ao ponto que já senta e sustenta o corpo sem precisar de escora, os dois dentinhos logo serão quatro e pelo andar da carruagem ela anda antes de completar um ano. Poder estar lá observando todo o processo foi incrível, apesar de toda a minha preocupação com o andamento das coisas aqui em Paripueira, segui as orientações de Wesley e esperei o desdobrar da operação, não colocando minha família em uma situação de vulnerabilidade.

— Tá pronta? — pergunto, estendendo a mão pra segurar a ela, que tá gelada e pegajosa de suor.

— Não... — sussurra, olha pros lados e passa as costas da outra mão sobre o lábios, recolhendo o suor que se avolumou ali. — Mas bora assim mesmo!

— Niely, nada é como antes — lembro a ela. — Agora nossa vida vai tá nos eixos.

— É né? — indaga, com os olhos me suplicando um resposta positiva.

— Claro que é, vamo colocar as coisas aqui em ordem e planejar nosso casamento, viver o que não foi permitido por mais de um ano. — Olho pra Rafaela de novo, que começa a abrir os olhos, agora que o carro tá parado. — E não esqueça o aniversário da apressadinha ali, é tanta coisa que quando menos esperar ficamos sem tempo pra nada.

— Não tô tranquila tendo deixado tua mãe sozinha — diz, lembrando que mãe só virá nos visitar daqui a algumas semanas.

— Nós não deixamos ela sozinha, fomos praticamente expulsos de casa — digo, rindo. — Ela tá bem, agora que separou daquele infeliz, vai poder reconstruir a vida dela.

— Acha mesmo? — indaga, ainda incerta.

— Amor, ela enfim pode tomar posse do que lhe pertence, sem o pai ou Gilmar enchendo o saco, não precisa mais se preocupar comigo, pois sabe que não poderia tá melhor do que agora e ainda salvou o Sonar pra nós.

Meus olhos lacrimejam tomados pela emoção, mãe já vinha planejando me tirar das amarras de pai há muito tempo, por isso há pouco mais de três anos, quando Dagoberto e eu fundamos o Sonar, ela criou um fundo de financiamento para que não ficássemos em maus bocados, sem as doações da empresas do papai e seus amigos. E sabendo que ele não duraria para sempre, apesar dos investimentos que ele recebe, Sabrina, com ajuda de Helena e a amiga dela Bruna conseguiram atrair novos investidores, agora podemos dar continuidade aos trabalhos, sem demitir ninguém, pelo contrário temos novos funcionários, já que o Instituto passará a partir do próximo semestre dar cursos diversos para a população local, desde bordado, reforço escolar até instrução de mergulho, assim poderemos lidar com os turistas e os barqueiros, ensinando que dá para terem seus empregos preservados, sem prejudicarmos o meio ambiente.

Fabrício- O arrependido (Homens do Sertão- Livro 4)Where stories live. Discover now