1.7

600 134 10
                                    

Fabrício

Minha tentativa foi inútil, já que a demônia entrou naquele cômodo como uma bala, colocou as mãos na cintura e me encarou

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Minha tentativa foi inútil, já que a demônia entrou naquele cômodo como uma bala, colocou as mãos na cintura e me encarou.

— Que foi, eu dou choque por acaso? — indagou parecendo com raiva.

— É o que? — Tava querendo fugir e veja quem vem atrás de mim.

— Eu tô dando choque? É a segunda vez que tamo dançando e tu sai correndo logo em seguida, quero saber se eu dou choque ou o que.

Puxei o ar pelas narinas, mas então o cheiro dela entrou no meu sistema e não pude mais ser tão resistente assim, encaixei a mão na nuca dela e puxei de encontro a mim. Nossas bocas se encontraram, causando um choque de dentes inicialmente, na minha urgência enfiei a língua por seus lábios que na brusquidão se abriram. Enlacei seu corpo com o outro braço e nos colei, esfregando o pau na barriga dela, pra saber o que tava fazendo comigo, Raniely gemeu, mas colocou as mãos em meu peito e empurrou.

— Não, assim não ... — disse, dando um passo atrás.

— Só pode ser brincadeira! — exclamei frustrado. — O que tu quer de mim, demônia? Veio atrás de mim pra fazer cú doce depois?

— E-eu... — gaguejou, as bochechas em brasa e os olhos cheios de lágrimas.

Uma sensação ruim se apoderou do meu peito, me senti um jumento por ter sido brusco e antes de pensar muito, já tava erguendo a mão e tocando o rosto bonito, que naquele momento deixava transparecer a pouca idade que ela tinha.

— Desculpe? — pedi, abaixando até que meu rosto tivesse na mesma altura que o dela.

— Tudo bem, acho que posso ter lhe dado a ideia errada no fim das contas. — Virou as costas e foi até a porta. — Por que me quis aqui, Fabrício?

Franzi o cenho, sem entender o que ela quis dizer com isso, mãe que ficou a cargo dos convites, não eu.

— Eu não... — Nem sabia o que responder sem magoar ainda mais a garota.

— Quando dona Graziela me disse que tu queria que eu viesse, pensei que fosse verdade a história que precisou voltar pra Maceio as pressas daquela vez e agora queria se desculpar por sair daquele jeito — falou, rindo em descrença.

Meu coração naquele momento já tava disparado além da conta, ao falar daquela dança há tanto tempo, Raniely tinha um brilho no olhar que me deixou confuso e esperançoso. Loucura total, eu sei, mas não conseguia resistir a ela.

— Que ideia de jerico essa minha, tu um homem feito... — Abriu a porta, mas eu me adiantei e entrei na sua frente.

— O que tem um homem feito como eu? — precisei perguntar pra ter certeza que tava indo pelo mesmo caminho que ela.

Fabrício- O arrependido (Homens do Sertão- Livro 4)Where stories live. Discover now