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Fabrício

— Pra onde tu vai? — Sabrina pergunta, os olhos arregalados me vendo jogar algumas peças de roupa dentro da mala

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— Pra onde tu vai? — Sabrina pergunta, os olhos arregalados me vendo jogar algumas peças de roupa dentro da mala. Júnior um dos biólogos vai comigo até Caruaru e volta para casa com a caminhonete do Sonar.

Está claro que mesmo se eu não tivesse bebido além da conta mais cedo, com sentimentos tão bagunçados como agora não serei capaz de dirigir até o hospital que mamã me disse ser onde Raniely está prestes a dar à luz a nossa filha.

Caramba, eu vou ser pai e não fazia ideia!

Não sei se estou mais puto da vida com Niely ou com mais angustiado imaginando o que ela passou esses meses todos enfrentando aquele fi de rapariga do pai dela. Mas puta que me pariu, ela podia ter me ligado, eu teria ido buscar ela no mesmo instante.

— Fabrício! — Sabrina grita se enfiando na minha frente.

— Eu preciso resolver uns problemas, quando voltar te explico, nesse momento nem eu sei ao certo o que vou fazer, tá bom?

Puxo minha colega de quarto pra um abraço rápido e beijo sua testa, já me sentindo mal por deixar ela sozinha pra enfrentar Joene, que não tem dado mole pra pobre garota, mas antes de ajudar quem quer seja, preciso descobrir o que perdi nos últimos meses.

— Não pode esperar até o dia amanhecer? — Sabrina franze os lábios, ela está nervosa e não é por menos, há poucos meses o irmão sofreu um acidente de carro e por pouco não perdeu a vida, isso mexe com qualquer pessoa, ainda mais uma garota do coração imenso como ela, mesmo que finja que não, Sabrina é frágil por trás da fachada de dona do pedaço.

— Não dá, meu bem, é assunto de família — digo, ela morde o lábio e balança a cabeça conformando que entende.

Pego a alça as mala e dou outro beijo na testa dela, saio para o casada do nosso apartamento e desço as escadas o mais rápido que consigo, Júnior já está ao volante. Som ligado em uma das rádios que toca músicas dos anos oitenta e noventa, batuca os dedos ao ritmo do rock antigo e mal vira o rosto quando entro. Ele não perguntou nada quando liguei pra ele ainda dentro do Uber e pedi que me fizesse um favor, apenas assegurou que estaria me esperando e dito e feito.

— Bora lá! — diz, dando a partida e saímos do estacionamento do Sonar.

Assim que pegamos a BR 101 ele decide quebrar o silêncio, diminui o volume da música e mesmo sem virar para me olhar indaga.

— O que vamos fazer em Caruaru?

— Aparentemente eu estou prestes a me tornar pai — digo, olhando para o negro da noite além da janela.

— Não me fode — fala incrédulo. — Como assim?

— Rani... — O nó em minha goela me impedi de terminar até mesmo o nome dela. a saudade queimando em meu peito com uma brasa que não se extingue, a cada pulsar do meu coração é como abanar e manter ela acesa.

Fabrício- O arrependido (Homens do Sertão- Livro 4)Where stories live. Discover now