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Fabrício

A pior sensação que existe, é ver alguém que se ama sofrer e não ser capaz de fazer muita coisa para aliviar a dor

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A pior sensação que existe, é ver alguém que se ama sofrer e não ser capaz de fazer muita coisa para aliviar a dor.

Me sinto assim nesse momento, a dor que toma conta do semblante de Raniely é como pequenas navalhas rasgando meu peito. Ela pisca algumas vezes, parecendo atordoada com a notícia da morte do irmão. Sua mão na minha aperta um pouco mais, no entanto ainda consigo sentir o tremor, que parece ter inicio daquele ponto e vai se espalhando pelo corpo dela, antes que consigo reagir, Raniely já soltou minha mão e atravessou a porta da cozinha, por onde Helena passou há pouco. Quando faço menção de ir atrás dela, Wesley me para.

— Deixe ela! — diz, vindo se colocar entre a porta e eu. — Ela precisa viver esse momento sozinha.

— Do que tu tá falando? Tá maluco? — Encaro ele incrédulo.

— Não, só sei o que é melhor pra ela — diz, cruzando os braços.

— Uma ova que sabe! Tu num sabe porra nenhuma, já deixei ela sozinha uma vez, num vou fazer isso agora. Afinal, que bosta de irmão é tu? Parece até que foi alguém desconhecido que acaba de morrer, não teu irmão. — Eu já tinha achado esse sujeito estranho quando mãe me apresentou ele, agora que descobri mais alguns detalhes sobre esse fi duma égua maluco, não tenho mais a certeza de que ele seja a pessoa certa para nos ajudar.

— Ele não era meu irmão e deixou isso bem claro da última vez que nos vimos. Caside que eu devia lamentar ele ter morrido? — Dá de ombros, até Helena o olha assustada.

— Olha só, tá faltando isso aqui pra eu te mandar a puta que pariu, pois já me omitiu que era irmão de Raniely, meses trabalhando junto e fingiu que conhecia ela através de mim, pra de manhã bem cedo invadir minha casa e dizer que é irmã dela, sugerir que ela sirva de isca, como se eu fosse deixar ela outra chegar minimamente perto daquele psicopata. Agora quer que a garota, que é tua irmã, que enfrentou muitas merdas e não teve ninguém por ela fique sozinha. Seja lá o que te aconteceu, acho que desligou algum botão no teu juízo fodido, né possível que seja tão insensível assim.

Encaro ele sem titubear, minha testa a centímetros da dele, se me disser uma gracinha que for, vai levar uma cabeçada. E tô pouco me fodendo se ele vai me quebrar na porrada depois.

— Fabrício! — Helena chama, em tom de alerta. — Vá atrás de Raniely!

Helena acena com a cabeça em direção a porta e se coloca ao lado de Wesley, a mão no ombro dele, que se retrai ao toque dela, mas não se afasta.

— Eu não sei qual o teu problema com o infeliz do Agripino, só não queira usar Raniely pra atingir ele, vai ser um trabalho perdido, aquele miseravi num ama ninguém além de si mesmo!

Dito isso, desvio dele e saio em disparada atrás dela, um dos seguranças aponta o rumo que ela tomou, corro pela rua de paralelepípedos que dá para o portão pelo qual entramos ontem, não demora pra que eu veja ela de cócoras próximo de um das arvores, uma mão apoiada no tronco e a outra no chão, apertando o estômago. Conforme vou me aproximando percebo que está vomitando, ou tentando vomitar, mas nada sai dos seus lábios, no entanto o corpo sofre os espasmo causados pelo esforço.

Fabrício- O arrependido (Homens do Sertão- Livro 4)Where stories live. Discover now