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Raniely

— Posso entrar? — Laiane pergunta, colocando só a cabeça pra dentro do quarto, que passei toda minha infância e boa parte da adolescência

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— Posso entrar? — Laiane pergunta, colocando só a cabeça pra dentro do quarto, que passei toda minha infância e boa parte da adolescência.

— Claro! — digo, forçando um sorriso.

— Eita, que cara é essa? Nem parece que amanhã tu vai se casar! — Me lembra e olho na direção do espelho de corpo inteiro.

É minha cara num tá nada boa. A verdade é que tô como um peixe sendo carregado pela maré. Primeiro foi o ultimato de Marcelo, na mesma noite eu recebi um email com fotos de Fabrício e uma morena andando pela praia perto do Sonar, colocando mais razão aos palavras de Marcelo, sobre eu ficar alimentando uma esperança em alguém que obviamente num tá interessado em mim. Os emails se sucederam pelas últimas semanas, até que quinze dias atrás eles foram flagrados se beijando e saiu em tudo que é blog de fofoca, afinal ele é filho de um dos grandes empresários do Nordeste, todos querem saber que será a futura senhora Lavoisier. Aparentemente não sabem de quem se trata, mas tá mais do que na cara que eles tão juntos pra valer.

Tudo aconteceu ao mesmo tempo que papai apareceu na cada de dona Graziela, dizendo que tava lá pra me buscar, que a única filha dele num ia sair da casa dos outros pra igreja não. Agora que eu parecia ter tomado um rumo que prestes na vida, ele me perdoava. Minha primeira reação foi mandar ele as favas, dizer que nunca fui uma perdida, mas Marcelo se adiantou e falou como ficava feliz com nossa reconciliação. Mesmo um pouco contrariada, aceitei vir com ele, pois tava com uma saudade de mãe e essas últimas três semanas que passei aqui, ela tem se mostrado tão arrependida por num ter ficado do meu lado.

— Niely? Ainda tá aqui? — Laiane estala os dedos diante dos meus olhos.

Pisco e sorriso sem graça pra ela. Nesse momento Rafaela começa a chorar, depois de acordar do seu sono de tetéu do meio da tarde. Aproveito pra ir até ela, tomando uma respiração profunda quando ela me sorri, não uma risada aberta, mas já começando a demonstrar emoções e tão parecida com o diacho do pai. Qualquer um pode jurar é castigo, pra me lembrar dele todos os dias da minha vida, porém, eu confesso que amo o fato dela tá quase a cópia fiel dele, com exceção da pele ter um tom caramelo mais profundo e os cabelos serem castanhos claro e encaracolados, como os meus eram até duas semanas atrás.

— Num tem jeito de tu dormir mais do que meia hora, né, apressadinha? — ralho com minha filha, que abre a boca fazendo uma careta, deixando a covinha na bochecha a mostra. — É eu sei, tá sentindo que teu pai tá pra chegar né?

— Ele vem mesmo pro casamento? — Laiane pergunta.

Viro pra ela com Rafa no colo e confirmo com um balançar de cabeça.

— Não pra cerimonia, mas pra ficar com Rafaela hoje à noite e amanhã o dia todo, antes de nós embarcar pra lua de mel. — Minha voz não tem muita emoção e isso parece alertar Laiane.

Fabrício- O arrependido (Homens do Sertão- Livro 4)Where stories live. Discover now