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Fabrício

Tateio as cegas pelos corredores do hospital, o sangue que corre rapidamente em minhas veias, se faz ouvir a cada pulsar do meu coração nos meu ouvidos

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Tateio as cegas pelos corredores do hospital, o sangue que corre rapidamente em minhas veias, se faz ouvir a cada pulsar do meu coração nos meu ouvidos. Busco por mais esse não chega com facilidade.

O que eu tô fazendo? Caraí, que disgraça tá acontecendo comigo?

Puxo a gola da camiseta pra ver se assim o sufoco diminui, mas é impossível, quando acho que vou perder a consciência, uma mão segura em meu ombro e o aperto é bem-vindo por demais.

— Fabrício? Filho o que tá acontecendo? Cê tá bem? — mãe pergunta alarmada.

— Eu... — tento formular uma frase coerente, mas acabo me engasgando com as palavras e o choro que começa a subir pela garganta. — Tenho que sair daqui.

— Venha!

Não sei por onde ela me leva, nem como vim parar no banco do carona do carro dela, só dou por mim, quando passamos por uma placa que nos deseja uma boa viagem.

— Por que tamo saindo da cidade? — questiono, me ajustando no banco.

— Pra tu poder respirar outra vez — diz, sem desviar os olhos da estrada.

— Eu preciso voltar, minha filha... — me calo quando a mão dela aperta meu ombro outra vez.

— Precisa se recompor antes de ver tua filha, a mãe dela e o Marcelo.

O tom condescendente dela me irrita, é sempre assim, aquele merdinha conseguiu tirar o amor das duas mulheres da minha vida, mas minha filha ele não vai tomar, num vai mesmo.

— Num precisa se preocupar com o Zé ruela do teu enteado, eu só quero ver minha Rafa — falo, olhando pra fora da janela, mas sem realmente ver coisa alguma.

— Minha preocupação não é o Marcelo, é tua cabeça quente colocar a perder qualquer chance de tu e Raniely entrarem em um acordo sobre uma guarda compartilhada.

Dessa vez ela vira pra me olhar, através do vidro da janela consigo ver uma dor profunda em seus olhos e ela reflete no meu peito como se tivesse levado um socão. Ficamos em silêncio por mais uma par de minutos, até que avisto a entrada de um condomínio e ela embica o carro pra entrada dele, só parando na cancela que libera a passagem.

— O que tamo fazendo aqui? — pergunto intrigado.

— Tenha um pouco de paciência, filho — sugere, assim que somos liberados para prosseguir.

Passamos pelas casas de tijolos vermelhos em estilo colonial, como pouco se ver, as construções lembra a casa dos meus avós ou seria os desenhos que eu fazia quando criança? Balanço a cabeça para desfazer esse pensamento, eu não desenhava nada bem e minhas casinhas se resumiam a linhas unidas.

— Quem mora aqui? — pergunto, assim que ela estaciona em frente à casa mais distante das demais.

— Ninguém por enquanto — diz, já descendo do carro. — Venha.

Fabrício- O arrependido (Homens do Sertão- Livro 4)Where stories live. Discover now