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Dois dias depois, Dinamarca.

Maggie Catarina.

— você acha que está bom? — Ethan me perguntou com tranquilidade, quando eu estava comendo a torta de framboesa que ele havia feito.

— está — respondi, tentando ter o mínimo contato possível.

Nesses dois dias que se passaram, um inteiro fiquei dopada, por conta das constantes crises.

No segundo, quando estávamos voltando para a Dinamarca, ainda estava grogue e os calmantes que Ethan me deu com a justificativa de que o vôo iria me deixar agoniada, me derrubou pela metade do caminho.

Restando uma Maggie que apenas assentia quando Ethan falava qualquer coisa.

— você não acha que está muito doce?

O olhei, tentando processar sua pergunta.

— a torta, Maggie. É sua preferida. Você não acha que está muito doce? — continuei o encarando, pensamento em como contaria para ele que essa torta já não tem o mesmo sabor que antes.

— está perfeito, Ethan — respondi, voltando meu olhar para as árvores que tinha ali, de onde estávamos — eu não quero mais comer.

— mas você disse que... — ele se calou, confirmando logo em seguida, me ajudando a levantar quanto fiz menção de o fazer.

— eu consigo andar sozinha — menti, mas não era cem por cento mentira — será que você podia... Me soltar?

Minha voz estava baixa enquanto falava, porque eu estava querendo mais que qualquer coisa ficar longe dele e de qualquer outra pessoa do mundo.

Quase todas pessoas do mundo.

Eu queria minha mãe, mas isso não era possível.

— o que está acontecendo com você, princesinha? — a mão foi posta em meu rosto, em um carinho lento — você quer jogar tênis? Dançar ballet talvez?

O encarei, tentando esconder aquela raiva que a garota de dezesseis anos sentiu anos atrás, esperando ele perceber que eu não poderia fazer nada daquilo, mesmo que quisesse.

Como ele pareceu não perceber e a raiva que eu estava sentindo era tanta, desisti, indo para fora dali.

— Maggie, eu não posso te deixar sozinha — a mão de Ethan segurou meu braço, e eu o puxei — o que você quer, porra?

— o que eu quero?! — gritei — eu quero minha vida de volta, Ethan! Minha vida de três semanas atrás que embora não fosse a melhor graças a você novamente, estava começando a se reerguer.

— mas que...

— a que eu jogava tênis — o interrompi — já que o ballet você conseguiu destruir as lembranças boas que tinha. Você se lembra, não? Afinal, você amava me ver dançando praticamente mancando quando havia acabado de me est...

Una tapa atingiu meu rosto.

Uma tapa forte, que virou o mesmo.

O rosto de Robert me veio a mente, junto ao seu pedido de desculpas.

Os olhos que eram tão parecidos com os de Robert estavam me olhando com uma espécie de interesse, que só percebi agora.

— quem é Robert? — sussurrei baixo, o olhando.

Seu rosto mostrou surpresa, depois medo e então receio. Depois raiva e então, nada.

— quem é Robert, Ethan? — perguntei novamente, tirando a mão do rosto — quem é Robert, porra?!

Passado vol.1 - El finOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz