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Meus olhos estavam fechados, mas eu sentia um pano macio ser passado pelo meu rosto, com delicadeza.

Eu mal estava escutando coisas, mas podia escutar o ruído de plástico abrindo, junto a outras coisas.

Meu corpo estava e não estava doendo, estava sensível, mesmo que a dor que eu estivesse sentindo não parecesse ser real.

— Maggie? — uma voz preocupada soou, tocando minha mão.

A puxei no susto, abrindo os olhos e puxando forte o ar.

Mal consegui os olhos e isso me resultou em uma agonia grande.

— Maggie? — a mão pesada foi posta em meu rosto, me fazendo querer chorar.

— por favor, não me machuque — pedi, tentando enxergar além da névoa cinzenta e me mexer — por favor...

— ei, se acalme — a voz estava calma enquanto segurava meus dois braços — se você não se acalmar, eu vou ter que te prender.

Aos poucos, parei de me mexer, abrindo meus olhos — tentando — quando o pano macio novamente foi passado nos mesmo, me permitindo quase abrir os olhos totalmente.

Erick estava ali, com uma camisa sem mangas, mostrando seu corpo grande. Eu não me importei com aquilo, mas sim o fato de que eu mal estava sentindo dor.

— remédio — murmurou, parecendo ter lido minha mente  — já falei que quase me tornei enfermeiro?

Continuei encarando ele, o vendo se mexer de um lado para o outro, trazendo uma garrafa de água para mim.

— eu irei te orientar e preciso que você me escute com atenção, sim?

Confirmei, fechando os olhos quando uma dor desconhecida me invadiu, me deixando desconfortável.

Por que eu estava e não estava sentindo dor?

Por que minha intimidade estava estranha, mesmo que isso não significasse sentir dor exatamente?

— Maggie? — os dedos dele foram para frente do meu rosto, os estralando — não chore, querida...

Os olhos do homem, embora eu mal pudesse os ver, estava em um estado completo de dor e preocupação, me fazendo chorar mais.

Ele estava com pena de mim.

Ele havia me visto sem roupas.

Ele estava cuidando de mim, quando ninguém estava o fazendo.

Ele estava ali, preocupado com alguém que nem conhecia, mas...

Se ele estava com pena de mim, por que estava naquilo tudo?

Balancei meu rosto, tentando parar de chorar, me afastando dele da maneira que podia, quando a desconfiança me invadiu.

— por que? — perguntei, ainda tentando tirar as lágrimas dos meus olhos, ajustar minha voz e tirar aquela sensação do meu corpo — por que você está fingindo que está cuidando de mim? Você... — parei para tentar respirar — você... Por que vocês não param? E-eu...

Comecei a chorar mais e a me debater quando os braços de Erick contornaram meu corpo, em um abraço apertado, mas não o suficiente para ser sufocante.

Meu corpo todo doía agora.

— eu preciso que você fique quieta, Maggie — a voz dele soou novamente, em um tom de preocupação e calmaria — você precisa me escutar, antes que seja...

A voz dele foi interrompida, ele mal teve tempo de agir quando um tiro atingiu sua cabeça, e seu corpo desfalecido caiu no chão.

Passado vol.1 - El finМесто, где живут истории. Откройте их для себя