Passado vol.1 - El fin

Passado ≈ 25

Ethan Whyne, treze anos.
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— vamos, Et — Ettore me chamou pela segunda vez, quando eu estava olhando para o teto do quarto — a mamãe já te perdoou, seja lá o que tenha acontecido.

Eu olhei para meu irmão de sete anos, percebendo então que ele era jovem demais para lidar com tudo aquilo.

Ele só tinha sete anos, e havia passado pela mesma coisa que eu passei.

— você tem que aprender a se manter firme, Ethan. Seu irmão é mais novo que você e conseguiu. Por que você não?

Olhei para o menino que ao contrário de mim que era ruivo com o cabelo mais escuro, tinha os cabelos castanhos, quase ruivos.

— ele... — engoli em seco, vendo os olhos curiosos me fitatem — ele... O que ele fez com você, Tore?

Os olhos do meu irmão piscaram, ele desviou o olhar, e sorriu para mim ao voltar os olhos para meu rosto novamente.

— eu vi a mamãe apanhando — disse, olhando para minha barriga coberta por uma camisa sem mangas — e eu fiquei quieto, tentando controlar o choro.

— como.... — engoli em seco — como você conseguiu fazer isso?

— eu não sei explicar — um sorriso de desculpas foi o que recebi, antes de ver ele se levantar e puxar minha mão — vamos, vamos comer.

E eu fui.

Desci as escadas com meu irmão que por sua vez mancava um pouco. Seus cabelos castanhos estavam cortados e eu me senti triste, ao ver o que nosso pai havia feito com ele.

— cadê o papai? — sussurrei baixo, vendo a mamãe comer de cabeça baixa, de costas para nós.

— ele foi resolver algum assunto em relação a...

— já entendi — o cortei, lhe olhando com repressão. Ettore sabia que eu odiava quando ele falava as coisas ruins que nosso pai fazia — vamos.

Eu mal prestei atenção no meu irmão quando me sentei de frente para minha mãe, com os olhos esperançosos.

Seus olhos que eram iguais ao do meu irmão se voltaram a mim.

Os sentimentos, foram mudando a cada segundo.

Raiva.

Medo.

Ódio.

Nojo.

Arrependimento.

Raiva, e repulsa.

Muita repulsa.

— mãe, você sabia que a gente... — tentei começar dois minutos depois, quando peguei um pouco de suco, tentando controlar a forma que minha mão tremia.

— Ethan — a voz da minha mãe saiu grossa, me fazendo estremecer no mesmo momento — não me dirigia a palavra, Ethan.

— mas mãe, eu...

— EU NÃO QUERO FALAR COM VOCÊ, ETHAN! — o grito me fez encolher na cadeira.

Fez o medo que eu reservava apenas para sentir do meu pai, passar a ser sentindo por minha mãe também.

Fez meu coração desmanchar, quando ela olhou para o prato e soltou um soluço, começando a chorar.

Os olhos agora banhados em lágrimas voltaram a mim novamente, os lábios pequenos com um pequeno corte na parte direita estavam tremendo e eu disse a mim mesmo que aquele seria o único olhar de dor e ressentimento que seria capaz de me tocar.