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Maggie Catarina.
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— eu já falei para você relaxar — o loiro me disse quando eu estava distante de si, coçando meu pulso — eu não vou fazer nada com você, Maggie. Eu prometi, se lembra?

Confirmei, voltando meu olhar para frente.

ele está te chamando — uma voz grossa me fez quase pular da cadeira, colocando a mão no coração quando a sombra grande apareceu atrás de mim.

O loiro confirmou, me lançando um olhar de aviso quando saiu.

— então seu nome é Maggie Catarina — o homem que tinha uma estrutura grande e gorda falou, sentando onde o homem que acabara de sair estava — você gosta de alguma coisa além de ballet?

eu não tenho a mínima intensão de te machucar, na verdade não sou eu o mandante desse sequestro. Mas estou pedindo a você uma única coisa que é: não seja rude com quem está tentando te ajudar.

Tentei coçar a garganta antes de falar e o homem sorriu, antes de dar a volta na cadeira e pegar uma bolsa térmica.

— água — jogou a garrafa em minha direção, que quase caiu por eu não ter prestado atenção o suficiente — pode ver que está lacrada.

Confirmei, bebendo a água com paciência, tomando cuidado para não me entalar.

O ferimento em minha barriga doía, e me peguei me perguntando se estava infeccionado.

— e então? — perguntou novamente e eu balancei a cabeça em confirmação.

— gosto de tênis — meu coração falhou uma batida quando disse, e um sorriso quis aparecer em meus lábios, me contentei em esconder — e eu gosto de comida do Irã.

— é sério? — ele pareceu surpreso com minha resposta, cruzando as pernas com interesse — eu acho essa comida sem sal. Mas, eu gosto das mexicanas, já comeu?

— sim — respondi, voltando meu olhar para onde estava antes; para uma cortina preta naquela sala preta — é boa.

Vi o homem de canto confirmar, e assim se passou o silêncio por mais três minutos.

— quando eu vou para casa? — me vi perguntando, quando meu bumbum estava doendo e o ferimento parecia que tinha algum bicho dentro, o fazendo coçar.

— você quer ir para casa? — o homem pareceu surpreso com minha pergunta e eu continuei olhando para a cortina preta, onde parecia ter uma maca de odontologia ali.

Eu queria ir para casa? — eu não sabia de verdade responder aquela pergunta.

Eu queria ir para casa ou queria tirar aquele vestido e cuidar do meu ferimento?

Eu queria tirar aquele sentimento de dúvida e medo que estava sentindo a cada segundo que se passava naquele lugar, ou só queria voltar para Ethan e me permitir ser triste?

— eu não sei — o homem estralou os dedos, atraindo meu olhar para si — seus olhos são lindos.

Congelei, piscando os olhos, virando lentamente para frente.

— ei — o homem sorriu novamente, fazendo com que eu voltasse meu olhar para si — não é desse jeito que eu estou falando. Eu tenho uma filha da sua idade e ela tem meus olhos, não os da mãe, que são como o seu.

Confirmei, tentando parar de imaginar um milhão de possibilidades a qual iria me destruir a medida que eu ficava naquele lugar.

Passado vol.1 - El finWhere stories live. Discover now