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Ela ainda não havia me visto.

Os olhos castanhos olhavam o teto com calma e eu podia mentabolizar uma possível contagem nas linhas que haviam no teto a qual ela estava fazendo.

Sua mão alisava com o polegar o lençol que estava coberta com calma e vez ou outra ela suspirava fundo, fechando os olhos.

Seus olhos foram analisando o quarto parte a parte com cuidado e mais atenção do que eu jamais poderia imaginar que Maggie poderia ter, e eu me senti retrair, quando seus olhos caíram sob mim, e medo tomou eles.

Coloquei a mão no vidro tentando transmitir confiança para ela, mas tudo o que vi foi medo e inquietação em sua expressão facial, nos olhos, uma vontade súbita de que eu fosse embora.

Eu sabia identificar bem aquilo.

Sabia, porque por anos vi isso de minha mãe a qual não era exatamente minha mãe e agora estou vendo de Maggie, quem é sua filha.

Precisei respirar fundo para me recompor quando abri a porta do quarto, vendo a garota quebrar o contato que não era tão visual assim.

— Catarina? — a chamei com a voz mais grossa que imaginava, a assustando.

Por que eu a chamai de Catarina?

Eu não estava satisfeito em vê-la ali comigo?

Por que eu não estava conseguindo sentir as coisas direito, quando meu irmão estava morto, Lizzie havia me xingado de um nome horrendo e Maggie estava ali?

Lizzie havia realmente me xingado?

— Mag? — a chamei novamente, tendo os olhos castanhos a qual amo  tanto me olhando — você está bem?

Um sorriso sarcástico banhou os lábios que até agora eu não havia percebido que estava brancos; e ela suspirou ao dizer.

— você... — parou, fechando os olhos de forma firme, balançando a cabeça negativamente — eu estou, Ethan.

Respondeu, virando para o lado oposto.

Maggie Catarina.

"Você está bem" — é claro que eu estou.

Tentei controlar a vontade que estava de ficar me balançando de forma impaciente quando Ethan ainda estava me encarando com preocupação, respirando de forma pesada.

É claro que eu estou bem — pensei novamente, querendo gritar.

Eu estou bem.

Minha intimidade não estava doendo, mas isso não quer dizer que eu não estivesse com dor.

Acordei com pesadelos, por conta de um loiro que havia me prometido que não iria me machucar, e que havia feito isso de uma forma talvez mais dolorosa do que Ethan conseguiu.

Meu pescoço estava com marcas de dedos. O homem que muito provavelmente era parente de Ethan havia me estuprado. Eu havia deixado alguém morrer, havia tentando sobreviver quando meu corpo implorou para desfalecer quando estava recebendo os medicamentos necessários.

Eu estava a mais de dois minutos, tentando controlar a fúria inebrante que meu corpo estava querendo liberar e aquela pergunta pareceu ser o gatilho final.

Eu estava bem.

Eu estava bem.

Eu estava bem, mesmo que meu passado estivesse a tona novamente, me trazendo para um abismo sem fim.

Eu estava bem.

Passado vol.1 - El finWhere stories live. Discover now