Capítulo 83

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Anne

Quando meu pai finalmente teve alta daquele hospital, achei que as coisas talvez pudessem finalmente ficar tranquilas e boas para mim outra vez, pensei que me sentiria completa Finalmente. Mas a verdade é que eu ainda não conseguia ficar verdadeiramente feliz... É claro que ter o meu pai de volta foi a melhor coisa que já podia ter me acontecido, e dizer Adeus aquela mulher que um dia chamei de mãe também mexeu com minha cabeça. Mas acima de tudo, eu sentia saudade do meu amigo. Chorava todas as noites sempre que imaginava o seu sorriso. E me iludia com a esperança de que talvez o pudesse abraçar mais uma vez.

—— Você tá pronta ? Está todo mundo esperando você lá embaixo. – Tony da três leves batidas a porta do quarto antes de entrar, me pegando completamente pensativa em frente ao espelho, ainda com meus cabelos bagunçados, e o rosto um pouco inchado por conta de todas as lágrimas. Ele não gostava de me ver dessa maneira, e sempre repetia para mim que eu devia ser forte, devia seguir a minha vida e ficar no presente. No que estávamos vivendo agora. Mas eu nunca imaginei que isso pudesse ser tão difícil.

— Eu já vou descer. – Soluço passando a manga de meu moletom sob os olhos.

— Anne... – Ele me dá um sorriso fraco pegando uma escova que estava sob a escrivaninha do quarto. Penteado cuidadosamente meus cabelos, mecha por mecha. — Você sabe que não gosto de te ver assim. – Sussurra. — Não gosto de ver a minha filha chorar. E não gosto que você fique presa nesse quarto o dia todo. Passamos a semana planejando essa festa, e eu sei que é difícil pra você esquecer o que aconteceu. Mas se você só focar a sua mente no que é bom de verdade, no que está bem aqui a sua frente, talvez você consiga seguir melhor do que está agora.

— Eu não sei... – Suspiro. — Tenho tanto medo de continuar sendo uma aberração pro resto da vida.

— Aberração? Do que você está falando Anne ? Você não é nenhuma aberração. – Ele aperta os lábios um pouco irritado com minha comparação.

— Pai olha pra mim. – Fungo. — Eu nem ao menos consegui pentear meu próprio cabelo. Você acabou de fazer isso por mim, e eu não consigo por outra roupa que não sejam meus moletons. Sempre longos e quentes... Pareço uma maluca andando por aí com roupa de frio mesmo estando a uma temperatura de 30 graus. Ninguém consegue me entender, por que as vezes nem eu mesma consigo fazer isso, e de verdade eu estou cansada pai, estou cansada de viver dessa forma. Estou cansada de sentir tento medo das pessoas. E estou começando a achar que isso nem se quer vai mudar. – Deixo com que algumas lágrimas corram mais uma vez por meu rosto inchado repetindo o mesmo ciclo de prantos constantes.

— Tá tudo bem pequena. – Ele me abraça apertado fazendo com que meu choro aumente mais e mais. — Você não precisa se forçar a nada Anne. Eu te entendo, e sei que tudo isso é difícil pra você. Mas não tem que pensar dessa forma. Por que isso não é verdade, você não é uma aberração, e não vai ser assim pra sempre. Isso vai passar, eu sei que vai.

— Como pode ter certeza? – Gaguejo. — Como posso acreditar que isso um dia vai mudar, se sempre que eu penso ter superado, sempre que penso estar livre dessa maldição terrível ele está lá comigo novamente. Esse medo idiota e constante, medo imbecil que não deixa com que ninguém se aproxime de mim. Poxa, eu nem consegui falar com o Peter direito dês de que você saiu daquele hospital. Ele disse que me amava pai, disse que gostava de mim de verdade, e eu não tenho a coragem de dizer o mesmo, não tenho a coragem de deixar ele ao menos chegar perto de mim. E isso me irrita, me irrita por que eu quero ele comigo, queria poder estar com ele, queria saber como é dar um beijo em alguém, mas eu não posso. Eu não consigo papai. – Explodo mais uma vez em cataratas d'água recostando a cabeça sob seu peito.

— Calma, vai ficar tudo bem. – Sussurra baixo ainda me abraçando forte. — Eu estou aqui com você, vou ficar do seu lado lá embaixo. E sempre que você se sentir mal, se sentir medo de todas aquelas pessoas a sua volta, se lembre que não está sozinha. Por que ali tem várias pessoas que te amam muito Anne. E você sabe disso. Sabe que é muito amada, e ninguém nunca irá te fazer mal outra vez meu amor. Por que se alguém um dia se atrever a isso, eu quebro essa pessoa em duas. Tá bom ? Além disso, você pode não enxerga agora, mas está progredindo muito.

— Como assim ? – Soluço.

— Quando você apareceu em minha vida pequena Stark, nem ao menos queria que eu me aproximasse. – Sorri. — Você tinha medo de mim, tinha medo que eu pudesse te fazer mal de alguma forma. E depois daquele dia na praia, quando você veio correndo e me abraçou forte, eu sabia que minha vida nunca mais seria a mesma. Sabia que agora eu tinha um grande motivo pra ter cuidado cada vez que me envolvida em uma missão perigosa. Por que agora eu tenho você Anne. Eu tenho você comigo filha, e você é o melhor presente que a vida poderia ter me dado. Então não fique triste, nem pense que será assim para sempre, por que dá mesma forma que você não confiava em mim, e da mesma forma que não queria ir a escola, eu sei que você vai vencer esse medo. Sei que um dia vai olhar pro espelho e sentir que não precisa mais se esconder por baixo de mangas longas nem nada do tipo. Por que não são elas que protegem você, elas não afastam o perigo por mais que você deseje isso. Qualquer que seja a pessoa que tenha intenção de lhe fazer mal, não vai fazer por que você está usando um vestido, ou uma camiseta de manga curta... Precisa entender que nada daquilo que aconteceu foi sua culpa, tá legal ? você era uma criança, e não pode ficar procurando pretextos para justificar o que aquele imbecil fez. Não fói sua culpa pequena... não foi.

Sinto seu abraço cada vez mais forte a medida que ele repetia aquelas palavras. Palavras as quais me trouxeram imenso conforto, e imensa paz comigo mesma. Por mais que eu ainda custasse a acreditar naquela verdade...

O meu pai é o Tony Stark Onde as histórias ganham vida. Descobre agora