Capítulo 63

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Anne

—— Bom dia Pepe. – Murmuro baixo coçando levemente os olhos.

— Bom dia meu amor, está com os olhinhos vermelhos, não dormiu bem a noite ? – Ela passa a mão sutilmente sob minha minha testa aferindo minha temperatura. — Está ardendo em febre, o que está sentindo ? Está com algum sintoma corporal ? Quer que eu faça um chá pra você ? Vai se sentir melhor.

— Tá tudo bem, eu só estou cansada. – Me jogo sob o sofá dando um tosse seca. — O meu pai ainda não voltou ? – pergunto sonolenta.

— Ainda não meu bem, mas não se preocupe tenho certeza que ele chega hoje !

Dês de que Steve bateu aquela porta as coisas saíram do controle. Peter e eu não trocavamos mais do que duas palavras por dia. Ele estava sempre muito abatido, e quase na maior parte do tempo eu também estava. As noites de sono já não me acompanhavam, e há um longo período de tempo, eu não sabia o que era dormir.

É claro que todos nós tínhamos preocupações, medos e incertezas. Mas eu sentia falta do meu pai, sentia falta de conversar com ele, e não queria incomodar ou exigir sua atenção. Sabia que não podia fazer isso, não com tudo o que Peter estava enfrentando. Ele merecia atenção, merecia todo carinho que pudesse receber. E eu como amiga, me sentia culpada por não conseguir ter a coragem de ajudar.

— Toma, come um pedaço de bolo, você precisa se alimentar. — Pepper me estende uma pequena bandeja cintilante com algumas fatias de bolo de chocolate.  — Já não come a dois dias Anne, não pode continuar dessa forma, e eu prometo que o meu bolo de chocolate não é um desastre como o do seu pai. – Sorri.

— Eu tô bem Pepe já falei. – Respondo ríspida. — Só estou cansada, com um pequeno resfriado, isso vai passar.

Eu podia sentir o suor correr por meu rosto, como se estivesse dentro de um gigantesco forno quente. Minhas mãos não paravam de soar frio, e meus olhos doíam a cada piscada. Não importava quanto eu tentasse pegar no sono, nada parecia funcionar...como se algo dentro de mim, me impedisse de relaxar.

Talvez a preocupação e o medo do que poderia acontecer ao meu pai estivesse me roubando a paz de fechar os olhos. Saber que ele estava por aí investigando sobre o paradeiro do Ultron me deixava aflita, e não poder participar das investigações era a pior parte. Você se sente no escuro, completamente perdida e jogada a mercê da escuridão...

— Você está soando muito, eu acho melhor tirar esse moletom e colocar algo mais fresco, por que não veste um dos pijamas que te comprei ? Aposto que sua temperatura vai cair pela metade se trocar essa roupa.

Em um instinto impulsivo e inesperado acabo empurrando Pepper contra o chão assim que a vejo se aproximar, lhe causando um grande espanto. — Saí de perto de mim. – Grito. — Eu não quero usar outra coisa, eu gosto dele, eu gosto das minhas roupas, eu gosto do jeito que elas são.

— Mais o que é isso Anne ?  – fala surpresa. — Por que fez isso?

Ela não estava nervosa, nem se sentia coagida com minha atitude. Na maior parte do tempo Pepper era sempre doce e compreensiva, mesmo que minhas atitudes pudessem ser muito ríspidas as vezes...

— Me desculpa ... Aí meu Deus Pepe me perdoa, eu não quis fazer isso. – Gaguejo.  — Eu te vi se aproximar e tive esse impulso idiota, juro que não foi minha intenção. – Encolho os olhos totalmente envergonhada. — Não sei se estou pronta pra usar outra coisa, e sempre que alguém me questiona sobre isso eu sinto um pânico enorme.

— Tá tudo bem Meu amor, eu sei que não fez de propósito. – Sorri. — Mas você não precisa mais ter medo Anne, não precisa mais se esconder atrás dessas mangas longas, e você sabe disso, sabe que pode confiar em nós.

— Eu sei, eu sei disso. – Choramingo. — Não é que eu não confie em vocês, eu só não consigo deixar de sentir medo, não consigo deixar de usar esses moletons. Por que eu não me sinto bem quando não estou com eles, não me sinto bem quando os estranhos me olham. Não me sinto bem por que carrego essa culpa, esse medo...E agora mais do que nunca, eu não me sinto bem por que tenho saudade do meu pai. – soluço. — Estou com saudades dele Pepe, sinto falta que ele me abrace, tenho saudade que me chame de tampinha, pirralha, pequena Stark... ou que bagunsse meu cabelo. – Gaguejo. — Tô com saudade dele, tô com saudades do papai. – Sinto meus olhos doloridos se explodirem em lágrimas de aflição como todas as noites. Me arancando vários suspiros de pavor e ansiedade.

— Tá tudo bem. – Suspira me acolhendo em seus braços. — Eu sei que tudo isso está sendo difícil pra você. Sei que está assutada e com muito medo do que possa acontecer. Mas você vai precisar confiar no seu pai Anne, vai ter que acreditar que ele não vai fazer nada impensado ou insano outra vez. Temos que ter esperança. Por que se não tivermos isso, ninguém mais vai.

Enchugo algumas lágrimas teimosas que rolavam por meu rosto tentando manter a calma mais uma vez. 1...2...3... respiro....

Acha que ele seria capaz de fazer uma loucura pra concertar tudo isso ? – Pergunto baixo.

— Uma loucura do tipo se colocar em perigo ou se sacrificar pra salvar o mundo ? – Ela da um sorriso pequeno segurando em meu queixo. — Não meu amor...eu acho que o Tony sabe bem o que tem a perder nessa confusão. E eu sei que ele jamais se colocaria em perigo extremo, não sabendo da filha maravilhosa que ele têm. Agora tira essas besteiras da cabeça e come um pouco, não vai querer que seu pai te veja doente quando chegar aqui não é?

— É, tem razão. – Sorrio fraco. — Posso levar um pedaço pro Peter?

— Não só pode, como deve ! – Ela me entrega mais uma bandeja a qual carrego sutilmente até o quarto de hóspedes, torcendo para que Finalmente tivesse coragem de conversar mais do que meras três simples palavras.

O meu pai é o Tony Stark Onde as histórias ganham vida. Descobre agora