32. Histórias paralelas

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Rafa juntou toda força que ganhou fazendo academia ao longo da sua vida, segurando Bianca no colo e caminhando com dificuldade até o ponto de apoio médico que havia dentro do complexo. Bia continuava acordando e dormindo, e Rafaella não deixava o seu lado, preocupada, sentada na maca acariciando sua mão de tempo em tempo.

— Não é nada sério. — O jovem doutor falou novamente ao ver o rosto preocupado de Rafaella. — Graças a Deus ela só deu uma leve pancada, apenas isso. — Bia voltou a abrir os olhos e a mais velha tirou sua mão do braço dela. — Não se preocupe.

Rafaella suspirou e Bia olhou para os lados, sorrindo levemente e procurando a mão da mais velha para apertar, surpreendendo-a com a atitude.

— Meu amor... — Sussurrou e Rafa franziu a testa.

— Meu amor?

— O que aconteceu? — Perguntou ainda sonolenta, levando a outra mão até sua cabeça. — O que aconteceu comigo? — Rafa levantou a sobrancelha, olhando para a garota e para o médico.

— Ela geralmente faz isso depois de perder a consciência. — Explicou para o garoto, mas na verdade falava mais para si mesma, tentando se convencer de que logo passaria e Bia voltaria a lhe xingar. — Logo ela voltará a si... — Sorriu triste.

— Senhorita Andrade, houve um pequeno acidente na floresta. Você não se lembra?

— Não? — Bia olhou confusa para o médico. — Eu estou bem?

— Claro, tudo bem, você está cem por cento saudável. — Rafa olhava preocupada para a mais nova enquanto o garoto falava. — Mas vou lhe pedir uma coisa, não quero que você durma esta noite. — Rafa assentiu, absorvendo as indicações. — E se possível, não durma nada durante o restante do dia. O relaxamento não é bom nesses casos... e também, nenhuma viagem longa.

— Está bem, então vamos fazer isso... — Rafaella ativou seu lado racional e virou para a garota. — Bia, ele disse para você não dormir. Não durma. — Chamou sua atenção ao vê-la fechar os olhos  — Não durma... — Bia apertou sua mão e começou a brincar com os dedos.

— Podemos ir? — Resmungou.

— Vou falar com o doutor, você fica aqui... sem dormir. — Levantou desconfortável e caminhou até a mesa afastada em que o menino estava. — Acho que devemos ir para o hospital.

— Senhorita Kalimann, ela está bem agora. — Repetiu pela milésima vez. — Não há problemas.

— Você diz que não há problemas... — Sussurrou. — Mas Bianca me odeia, está bem? Ela não quer me ver nem pintada de ouro, mas agora está me chamando de "meu amor". — Olhou para a garota de olhos fechados na maca.

— Eu entendo você. Isso se deve ao choque, dentro de algumas horas ela se recupera.

— Ela vai cair em si?

— Exato. Não se preocupe.

— Entendi... tudo bem. Então, vamos fazer as malas...

— Vá para casa como eu disse, não quero que ela durma.

— Está bem.

— Nada de longas viagens. Se acontecer alguma coisa, me ligue, irei imediatamente.

— Tudo bem. Obrigada. — O doutor deixou as duas sozinhas e o telefone de Bianca apitou. — Bia? Bianca? — Rafa a cutucava. — Bia, não durma. — A menor pegou a mão que tocava no seu corpo, entrelaçando os dedos e fazendo Rafaella travar por alguns segundos. — Chegou uma mensagem no seu telefone. — Apontou para o aparelho em cima da mesa. — Vou ver o que é, tudo bem?

Assim nasce o amor Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt