39. Uma semana

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— Sobre a morte dos meus pais? — Olhava de uma para a outra. — Rafaella? — A mais velha baixou a cabeça, suspirando e sentindo o caos que estava prestes a estourar.

— Bianca, eu não sabia que você estava aqui, me desculpe. — Gabriela disse olhando para o balcão.

— Gabriela, você pode sair? — Rafaella junto suas forças para reagir enquanto Bianca seguia estática olhando para ambas.

— Não! Não saia. Você não vai a lugar nenhum. — Bianca disse estranhamente calma, olhou confusa para Rafaella e voltou a fixar na mulher cheia de pastas. — O que é isso? O que você quer dizer? Fale. — Sentia seus olhos voltarem a ser encobertos por lágrimas, pelo clima do ambiente, sabia que era algo pesado.

— Quando a Gabriela sair eu posso te explicar tudo... — Rafaella quem respondeu ao receber o olhar da ex.

— Não, você tem que explicar. Explique você. O que você sabe? — Estava focada em Gabriela.

— Bianca, não é certo eu te contar. — Baixou o olhar.

— Vocês... quem são vocês? — Bianca começou a ficar assustada. — Se vocês sabem algo sobre a morte dos meus pais, vocês tem que falar. O que vocês estão escondendo? — Implorava, recebendo silêncio e troca de olhares entre a dupla.

— Desculpe, eu não posso. — Gabriela disse depois de alguns segundos e deixou a casa.

— Bia. — Rafaella falou baixo e fez a volta no balcão, entrando para a área da cozinha. — Bia, escuta...

— Não se atreva a se aproximar de mim. — Bianca deu um passo para trás, tentando ficar o mais longe possível de Rafaella.

— Me deixe explicar. — Respeitou o espaço pedido pela menina, ficando na ponta oposta da cozinha, com os olhos caídos e a dor tomando conta do seu corpo, agora não teria para onde correr e nem mesmo como preparar o terreno conforme havia imaginado. — Vinte anos atrás... meu pai e minha mãe começaram a trabalhar com uma empresa... — Não conseguia conectar o olhar com o de Bianca, que também olhava para o chão aguardando pela explicação. — Essa empresa que trabalhava com meu pai... foi responsável pelo acidente que matou seus pais.

Bianca fechou os olhos pensando se havia ouvido certo, não achava que era possível ter seu coração ainda mais destruído, mas nesse ponto já duvidava que o órgão existia dentro de seu corpo, não conseguia nem mesmo ouvir as batidas dele, apenas sentia lágrimas escorrendo pelas suas bochechas e o ódio, misturado com dor, tomando conta de si.

— O que? — Sua voz falhou. — Seu pai? — Perguntou baixo.

— Sim. Olha... — Sussurrou olhando para o chão, não conseguia lidar com o olhar dolorido no rosto de Bianca. — A construção... — A garota levou a mão que não estava machucada até seu rosto, virando se costas para Rafaella e deixando seu choro vir com tudo, tirando a mão da mais velha ao senti-la sobre seu braço. — Bia, eu não sabia...

Bianca voltou a ficar de frente para Rafaella, sentindo uma dor extrema lhe atingir, curvando seu corpo enquanto apertava seu estômago. Não podia acreditar que a pessoa que mais amava podia lhe machucar tanto sem ela nem mesmo ter sinais de que algo desse gênero estava por explodir.

— Eu não sabia de nada... — Rafaella lamentava para si mesma, tentando se convencer de que não poderia se sentir cem por cento culpada, encontrando o olhar da mais nova, que levantou a cabeça à procura dos verdes.

— Como você... como você não me contou? — Rafaella desviou o olhar, tentando segurar suas próprias lágrimas de escorrerem. — Como você pôde fazer isso comigo?! Como você não falou nada antes, Rafaella?! — Gritava ainda abraçada ao seu corpo, encolhida, mas com o olhar focado no da mulher a sua frente.

Assim nasce o amor Where stories live. Discover now