Assim nasce o amor

29. De volta ao começo de tudo

Bianca riu em frente para o espelho depois de colocar o seu look para o dia, ela estava parecendo com Rafaella, cabelo preso no alto com alguns fios de franja solto, scarpin, calça social solta e colete de alfaiataria, sem nada por baixo, que fazia parte do conjunto azul marinho com risca de giz, ousado e sexy, porém formal o suficiente para o escritório.

— Gizelly! — Gritou quando chegou na cozinha, vendo tudo de pernas para o ar e a garota de costas mexendo na sanduicheira. — Que bom que você está preparando o café da manhã porque eu não vou limpar nada disso! — A outra virou confusa por estar ainda com sono. — Eu não vou tocar em nada disso! Te vira!

— Agora eu mudei para um estilo de vida saudável, eu fiz essa bagunça para cozinhar coisas saudáveis, eu fiz, eu arrumo, não precisa surtar essa hora. — Estava no meio do discurso quando o celular de Bianca começou a tocar.

— Gabriela está me ligando?

— Gabriela está ligando? Atenda. — Olhou desconfiada para a amiga.

— Tô indo. — Revirou os olhos e levou o telefone ao ouvido. — Alô?

— Oi Bia... — Sua voz estava triste e fraca. — Eu não consegui falar com a Rafaella. Não posso ir para o brunch, pode avisar ela? Eu decidi te avisar porque...

— Gabi, você está chorando? — Perguntou preocupada. — O que aconteceu? Tá tudo bem?

— Não estou me sentindo bem, Bia. Enquanto Fernando... — Olhou para o vestido de noiva jogado na sua frente no chão do closet. — Vamos conversar mais tarde, está bem? — Desligou antes que a mais nova pudesse responder.

— O que rolou? — Gi perguntou assim que a amiga abaixou o telefone.

— Ela parecia estar chorando. Desligou sem responder, mas estava com a voz triste.

— Ah... então provavelmente não vai ir me encontrar no escritório hoje... eu tinha que entregar para ela uma pasta.

— Deixa comigo, eu entrego. — Gi concordou. — Rafaella ainda não chegou, vou mandar mensagem... — Digitava enquanto ouvia a amiga reclamar de algo sem sentido.

"Tenho coisas para fazer, me encontre direto no brunch", foi a resposta que ela teve.

— Ela não vem me buscar. É a primeira vez que ela não vem me buscar, Gizelly.

— Não sei se Marte está na frente ou se Saturno está atrás, mas se ela disse que em quinze dias isso vai passar... — Bia franziu os olhos.

— Oi? Tá bem? Estou indo, tchau! — Virou para descer as escadas, mas parou ao ser chamada.

— Ei, quero perguntar uma coisa... você pode me trazer algo de bom desse brunch? — Fez cara de cachorro perdido.

— Não posso trazer porque seu café da manhã saudável está na sua frente! — Disse zoando e Gizelly apenas revirou os olhos entregando-lhe a pasta. — Fui!

Bianca entrou em seu carro, foi até a casa da garota, tocou a campainha e ficou lá, esperando sem ninguém atender a porta. Tentou mais uma vez e foi surpreendida por Gabriela com cara de assustada, segurando uma grande tesoura de ponta, fazendo ela arregalar os olhos e dar um passo para trás.

— O que... por que essa tesoura?

Gabi respirou fundo e fechou os olhos, deixando o corpo relaxar ao imaginar a imagem que passou.

— Bianca, sinto muito, desculpa te receber assim... você se assustou?

— N-não. — Disse olhando fixamente para a tesoura. — Não tenho medo de tesouras, tenho medo da sua aparência. — Voltou a olhar para a garota de pijama, descabelada e com cara de choro. — Eu estava preocupada com você, Gabi. E a Gi disse que você precisava desta pasta, por isso eu vim...