17. Fofoca não disse nada

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— Gi? — Bianca chegou no jardim encontrando a amiga dormindo sobre a mesa, segurando a colher e com um pote de cereal na sua frente. — Gizelly? — Sacudiu seu braço.

– Bibi? — Respondeu sonolenta. — Por que você acordou assim tão cedo? — Olhou a amiga da cabeça aos pés, ela estava arrumada demais para o seu normal.

Bianca usava um blazer cropped e short jeans, mas por cima um blazer branco mais cumprido, sandália alta e o cabelo preso em um rabo no alto da cabeça.

— Bom dia.

— Bom dia...

— O que é isso, Gizelly? — Mostrou a mão com o anel de noivado. — O que é isso?

— Anel? Um anel enorme como a cabeça da que não deve ser nomeada.

— Eu passei a noite inteira odiando a Rafaella Kalimann, com esse anel no meu dedo, mesmo tendo terminado com ela e dizendo que não voltaria a vê-la? — Perguntou indignada.

— Você disse. — Ainda não estava cem por cento acordada para lidar com uma Bianca no duzentos e vinte.

— Garota, então por que você não me avisou que o anel ainda está no meu dedo?! Por que não devolvi?

— Ah... agora eu entendi. — Levantou da cadeira. — Está bem, para onde você vai agora?

— Devolver o anel para Rafaella.

— Você vai devolver o anel para a Rafaella?!

— Shhh fica quieta, a tia vai acordar desse jeito.

— Na minha opinião, não vai. O que você perdeu lá logo cedo?

— Eu estou indo. Não quero ir para o escritório, vou à sua casa. Até ela chegar no escritório, eu já vou ter desistido.

— Bia, não vale a pena! Parece que você vai fazer alguma coisa impulsivamente. Eu tô sentindo. — Bia olhou para cima. — Vamos mandar pelo correio.

— Um anel? Pelo correio? — Perguntava indignada. — Ótima ideia, Gizelly. Você é muito original. — Sorriu irônica. — Vou indo. E não se atreva a contar nada disso para a minha tia. — Ameaçou com o olhar. — Não ouse nem tentar. Entendeu?

— Você sempre diz isso. — Falou baixo quando Bianca virou as costas.

— E você não sabe o por quê?! — Seguiu seu caminho.

— — —

Rafaella estava desenhando outro lustre. Não havia conseguido pregar os olhos à noite, sua mente a milhão dividida entre Bianca e o Projeto. Começava um desenho, odiava e jogava fora para começar o próximo, criando uma montanha de folhas amassadas ao seu redor no chão.

Do lado de fora, Sayfi e Genilda a observavam do canto da casa, tentando entender o porquê de tantos papéis no chão e dela estar desenhando com papel e caneta, e não no tablet como de costume.

— Ela não está desenhando, está apenas rabiscando. — Justificou Sayfi que estava ali a mais tempo. — Deve estar tentando esquecer de Bianca, sei lá.

— Você pode calar a boca, Sayfi? — Viu a filha jogar outro papel no chão. — Daqui a pouco acaba o papel.

— Devemos levar mais papel e canetas?

— Você vai começar a exagerar? — Genilda perguntou indignada.

— Me parece que ela deveria trocar, ao invés de desenhar, refletir.

— Eu quem vou trocar você agora se seguir com essas.

Rafaella levantou a cabeça ao ouvir vozes, encontrando ambos discutindo no canto da varanda e tentando disfarçar ao vê-la caminhar até eles.

Assim nasce o amor Where stories live. Discover now