-A que dá em cima de você?

-Ela não dá em cima de mim.

-Imagina se desse, então.

Zach deu um meio-sorriso.

-Era por isso que você não gostava dela?

-Ah, vamos combinar que a pessoa tem de ter muita cara de pau, né, Zach? E você vai?

-Não apareceu outro plano até agora – Ele deu de ombros, com cara de cachorro que caiu da mudança.

-Você sabe que é muito bem-vindo na festa da madrinha.

-Valeu, mas... é estranho.

-É – Ela concordou e deu um gole na sua cerveja. Na verdade, não seria. Seria perfeito. – E... sobre todas as coisas que você queria conversar que não sabia nem por onde começar?

-Na verdade, eu disse que não sabia o que tinha vindo fazer aqui.

-É, a história do juiz e de sair de campo.

Zach soltou um suspiro, olhando para os próprios pés.

-Por exemplo, tem a Millie. A gente não pensou na Millie.

-Eu penso na Millie o tempo inteiro – Baby falou, defensiva.

-Claro que pensa – Zach correu para explicar. – Mas não pensamos em nós e na Millie. Na cabeça dela. Eu estava pensando naquelas histórias que você me contava sobre os seus pais, sabe? Quando eles se separaram e seu irmão ficou zoado?

-É diferente – Baby falou, incrédula com o caminho que a conversa havia tomado. – Você não tem uma amante e eu não sou viciada em calmantes e nem pretendo me matar. Cara, amo o meu pai e não me lembro, mas acho que amava a minha mãe, mas eles foderam muito o casamento deles e as nossas cabeças. Aliás, você devia me dar um desconto. Sou vítima de pais fodidos.

-Mas aí é que está, eles não tinham chance, tinham? Porque seu pai já estava em outra e não sei detalhes sobre a história da sua mãe, mas seu pai era apaixonado por outra mulher e dificilmente ele e sua mãe dariam certo depois disso.

-É, pode ser – Ela deu de ombros. – Mas por que estamos discutindo a pré-história, Zach?

-Porque eu sou apaixonado por você.

Ele disse isso com tanta simplicidade, tanta naturalidade, que Baby custou a perceber do que estava falando.

-Por vocês – Ele se corrigiu. – Por você e pela Millie. E, se você ainda...

-Eu te amo, Zach – Ela falou rapidamente, antes que ele retirasse o que havia dito ou que fizesse a conversa tomar um rumo inteiramente diferente. Zach sorriu.

-Mas esse nunca foi o problema, Baby. A gente não estava dando certo e é aí que a gente tem de tentar consertar. Se a gente achar que vale a pena. Você acha? Que vale a pena?

-Eu sei que tenho mil defeitos – Ela tomou a frente, começando a enxergar um pequeno feixe de luz no fim do túnel. – Eu escutei o que você falou, sobre o trator e o umbigo. Eu tenho pensado muito nisso. Juro.

-É? E aí? – Ele perguntou.

-Você tem razão. Mas eu já te dei razão milhares de vezes e fiz besteira.

-Eu também tenho meus defeitos, Baby.

-Eu sei. Você não fala na hora. Você aguenta uma quantidade absurda de merda. Das minhas merdas. E aí estoura e eu não sei o que me atingiu. Aí você vai e some. Eu sou pega de surpresa.

-Nossa comunicação não é boa, né?

-É um cu, Zach. Mas pelo menos a gente tá conversando agora. Isso deve servir para alguma coisa. Eu preciso saber quando faço alguma coisa que te incomoda.

Quando A Vida Acontece - Vol 3Where stories live. Discover now