Robyn foi muito pontual. No horário combinado, estava em pé ao lado das poltronas da recepção, com as mãos nos bolsos do casaco na falta de saber o que fazer com elas.

-Oi, Robyn! – Ella a abraçou. – Já vou pedindo desculpas, pois o meu pai está em um dia difícil hoje.

-Difícil? Como assim? – Robyn se encolheu, como se esperasse que Joel fosse atacá-la a qualquer instante.

-Ele está de cueca. Por favor, abstraia.

-Não é tão ruim – Robyn riu.

-É péssimo! Mas obrigada por fingir que não é. E como está o Jack? E o Dan?

As duas foram batendo um papo leve até chegarem ao andar de Joel, quando Ella parou de caminhar de repente ao ver uma pessoa estranha sair do apartamento de Nancy.

-Grace?

Ela se virou, assustada.

-Ah, meu Deus, Ella! – Ela colocou a mão sobre o coração. – Você quase me matou!

-O que você está fazendo aí? – Ella perguntou, desconfiada.

-Ué, o meu trabalho!

-Você trabalha de recepcionista, não de arrumadeira.

-Às vezes – Ela sorriu, sem graça. – Quando alguém falta. Mas não posso discutir isso com você, claro. Você é a nossa cliente.

Ela passou apressada pelas duas, mas Ella a parou:

-Você arruma os quartos com uma bolsa?

-Sim, claro, é uma sacola de lixo.

Ella olhou para a imitação de couro preta com zíper e pensou que, embora não fosse muito sofisticada enquanto bolsa, estava boa demais para saco de lixo. Ficou imaginando se poderia pedir para dar uma olhada, mas Grace tinha todo o direito de recusar. Decidiu que aquilo era mais uma missão para a agência de detetives composta por ela mesma.

Ella não fazia ideia de que seu pai podia ser tão rápido, mas, quando abriram a porta, ele estava de calça jeans, camisa e os tênis laranjas ofuscantes que uma vez Ella foi obrigada a comprar para ele na loja de materiais esportivos do Dave.

-Que mocinhas mais elegantes! – Ele sorriu para elas.

-Eh – Ella disse, na dúvida. – Pai, essa é a minha irmã Robyn.

-Muito prazer, sr. Acker – Robyn falou, formal.

-Pode me chamar de Joel – Ele disse, empolgado. – Viu, Ella? Ela tem carne.

-x-x-x-

Não era a mesma coisa.

Não era nem de longe a mesma coisa.

Sua história com o Dylan era a coisa mais ridiculamente falida que existia na face da Terra.

Não tinha conseguido o namorado. Não tinha nem mesmo conseguido o amigo, porque ele era o chato que estava sempre acompanhado da Daisy e, quando não era o caso, falava sobre a Daisy. Para ser justa, ele não era daqueles caras melosos insuportáveis que pareciam incapazes de existir sem mencionar a namorada. Mas é que ele passava bastante tempo com ela, e era impossível deixá-la de fora de todos os assuntos. E, quando ele não falava dela, a curiosidade mórbida da Allison trazia o assunto à tona.

Ela era, sem dúvidas, a pessoa mais idiota do mundo.

Naquela noite, por exemplo, ele apareceu no restaurante para levá-la em casa. Como havia passado a noite em pé de mesa em mesa, ela sorriu de um canto a outro do rosto.

Quando A Vida Acontece - Vol 3Onde histórias criam vida. Descubra agora