𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 47✍︎

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𝑯𝒖𝒈𝒐 𝑮𝒐𝒏𝒛𝒂𝒍𝒆𝒔

— Hugo... — Dylan me chamou e eu balancei a cabeça, notando que a mulher havia entrado no restaurante.

Ela estava usando um provocante vestido vermelho que evidenciava o seu corpo. Não era muito alta, nem magra, e parecia ter algo em torno dos quarentas anos. Se ela não fosse mais velha do que eu, o tempo tinha feito bem mal a ela, entretanto não impediu a sua postura nem o ar de soberba estampado no rosto.

— Hugo Gonzales! — falou o meu nome com uma voz aguda que ecoou por todo o salão do restaurante — Marcela Herrera! — eu me levantei e estendi a mão para ela. Pousou seus dedos sobre os meus e eu beijei o dorso — Você é muito mais bonito do que dizem — passou a língua pelos lábios, evidenciando-os.

— Agradeço o elogio — era uma pena que eu não poderia dizer o mesmo, mas mantive o sorriso e tentei ser educado. Estava ali por causa dos negócios e não para flertar com uma chefe de cartel — Sente-se, por favor — puxei a cadeira para ela e dei a volta na mesa, retornando a mesma posição onde eu estava.

Aceitei o copo de água que o gerente do restaurante trouxe para mim e tomei um gole para depois colocá-lo na mesa entre nós dois.

— Aceita algo para beber? — cruzei os braços sobre a mesa e curvei o meu corpo na direção do dela.

— Eu prefiro algo mais quente.

— Prepare um drink para a senhora Herrera — ordenei ao homem.

— Senhorita — ela me corrigiu — Nunca cheguei a me casar.

— Esperta.

— Sempre. Na minha vida e nos meus negócios mando eu, Hugo. Imagino que consiga entender.

— Eu entendo.

— Perfeito. Marguerita, por favor — disse antes que o gerente estivesse longe demais para ouvi-la.

— Sim, senhorita — ele assentiu e desapareceu na entrada da cozinha em seguida — Não quero tomar demais o seu tempo. Imagino que um homem na sua posição seja muito ocupado. Não é nada fácil gerir um pequeno império.

— Acredito que você possa imaginar.

— Sim — ela fez um gesto com a mão e um homem caminhou até nós, carregando uma garrafa e a colocou na minha frente — Esse é um presente.

— Uma garrafa de tequila? — examinei o líquido, vendo a embalagem e o rótulo — Não costumo beber no trabalho, mas vou guardar para outro momento.

— Não é tequila, é cocaína. Aí tem um quilo. Transportamos líquido e o seu pessoal transforma em pó. A narcóticos ainda não pegou nenhum dos nossos carregamentos. Acha que não passa de bebida.

— Interessante — cocei o meu queixo, pensativo — Qual a pureza?

— Noventa e oito por cento.

— Boa.

— Sei que é o principal responsável pela distribuição em todo o nordeste dos Estados Unidos. Vende mais de uma tonelada de cocaína por mês. Quero que passe a comprar de mim.

— Tenho um bom relacionamento com um cartel da Bolívia. O produto deles é excelente.

— Mas qual a taxa de perda? Quanto do carregamento que eles despacham chega nas ruas?

— Setenta por cento.

— Estou oferecendo uma nova forma e posso garantir a entrega aqui em Nova York, além da fachada lícita. Pode comprar da minha destilaria garrafas de tequila que em teoria irão abastecer bares e restaurantes. Sei que tem muitos negócios como esse.

— Tem razão, eu tenho.

— Podemos ser grandes parceiros de negócios.

— Como transformamos a cocaína em pó? — estava interessado na proposta, mas com medo de não passar de conversa.

Mercedes sinalizou para os seus homens e eles vieram com um pequeno fogareiro e uma travessa de ferro. Despejaram o líquido da garrafa e colocaram para ferver. Levou quase uma hora, mas ele ficou rígido. O homem que manipulava despejou em cima da mesa e quebrou a barra com uma espátula até que se transformasse em pó. Peguei um pouco e coloquei na ponta da língua.

— É boa.

— Prometo não o desapontar — abriu um largo sorriso — Além de uma forma de entrega que a narcóticos não vai detectar, ofereço a você vinte por cento de desconto no primeiro carregamento — olhei para o Dylan e ele só balançou a cabeça.

— Vamos fechar um carregamento e ver como tudo vai funcionar.

— Será um prazer fazer negócios com você — ela apertou a minha mão ao sorrir de um jeito sugestivo.

Imaginei que estivesse me dando mole, mas ignorei. Ela não era o que eu estava procurando naquela noite. Para ser honesto comigo mesmo, a mulher que eu queria procurar era a mais errada possível e só havia um provável resultado nisso: tragédia. Diziam que todos tínhamos uma atitude impulsiva e irresponsável ao menos uma vez na vida, mas qual seria o preço da minha?

[...]

Rendidas Pela MáfiaWhere stories live. Discover now