𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 48✍︎

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𝑷𝒊𝒍𝒍𝒂𝒓 𝑴𝒆𝒏𝒅𝒆𝒔

Encontrei a chave e abri a porta. Acendi o interruptor, tranquei a porta e caminhei pelo pequeno hall. Estava exausta. Tudo o que eu queria era tomar um longo banho e relaxar na frente da televisão até que a próxima pista aparecesse. Deixei a bolsa sobre a mesa, abri o meu blazer e tirei-o. Estava prestes a fazer o mesmo com o restante das minhas peças de roupa quando ouvi uma voz que me assustou.

— Não precisa parar o strip-tease por minha causa, Camila.

Rapidamente, puxei a minha arma do coldre e girei o corpo. Meu coração acelerou e meus olhos ficaram arregalados quando o encontrei sentado na poltrona da sala. O rosto estava parcialmente encoberto pelas sombras do cômodo, mas eu ainda podia ver os profundos olhos azuis, também parte do cabelo loiro e uma asa tatuada no pescoço que ia até a base.

— Como entrou aqui? — destravei a arma enquanto apontava para o peito dele.

— Tenho os meus truques — ele se levantou e deu um passo na minha direção, mas movi a arma para que se afastasse.

— Sabia que é crime invadir propriedade privada?

— É só você dizer que me convidou para entrar.

— Eu não faria isso.

— Só quero conversar, Pillar.

— Como sabe o meu nome? — ele deu mais um passo na minha direção e eu continuei apontando a arma para ele, demonstrando que estava disposta a atirar — Fica aí!

— Sei de muitas coisas. Fico ainda mais interessado quando uma agente se passa por prostituta para se aproximar de mim.

— Nunca disse que era uma prostituta.

— Mas não desmentiu.

— Estava só fazendo o meu trabalho.

— O beijo também fazia parte do seu trabalho?

— Você me pegou desprevenida — fiquei sem jeito e raivosa com ele por ter feito aquilo.

— Gosto de te deixar embaraçada — movi as bochechas, torcendo para que fosse o suficiente para que espantasse o rubor que havia tomado conta do meu rosto diante das suas palavras.

Aquele homem era um bandido, um criminoso e o maior sonho da carreira de qualquer agente era fazer uma prisão como aquela, mas diante dele, eu estava corando como se fosse uma adolescente.

— Vai embora daqui!

— Ou?... Vai atirar? — antes que eu tivesse tempo de responder, ele avançou para cima de mim, acabando com a distância que havia entre nós dois.

Segurou o cano da minha arma, tirando a mira do seu peito. Ela disparou, mas acabou acertando um abajur que estava sobre uma mesa redonda perto do sofá. Mais forte e provavelmente mais experiente que eu, além do elemento surpresa tê-lo ajudado, o mafioso me desarmou, travou a arma e a colocou atrás das costas, sustentada pelo cinto.

— Me devolve — rosnei.

— Agora não.

— Eu sou uma agente federal.

— Não me parece nem um pouco ameaçadora agora — riu num tom debochado que só me irritou ainda mais.

Empurrei os seus ombros e ele tentou segurar os meus pulsos, esquivei-me rapidamente, tentando fazer com que não me segurasse. Tentei tocar o seu rosto e ele se esquivou, escapando novamente de um segundo golpe. Ele era rápido, forte e muito bem treinado. Tentei chutá-lo, mas ele protegeu a lateral do corpo num movimento ágil. Mal concluí o pensamento antes que ele movesse a mão que havia caído para segurar o meu braço. Puxei de volta, tentando me soltar do agarre, mas ele me girou, fazendo com que eu rodopiasse, quase em um passo de dança, e me colocou de costas para ele. Grudou o seu corpo no meu e aproximou a boca da minha orelha, que estava desprotegida pelo cabelo amarrado em um rabo de cavalo.

— Podemos fazer isso a noite inteira — o calor do seu hálito tocou a região tão sensível e fez com que eu me arrepiasse.

— Me solta!

— Só se você prometer se comportar — mordiscou a minha orelha e eu precisei me conter para não deixar escapar um gemido, ainda assim, acabei fracassando na missão.

— Você invadiu a minha casa, tomou a minha arma e quer que eu me comporte? Acha que eu vou confiar em alguém que pode me matar?

— Se eu tivesse a intenção de matar você, nem teria visto o meu rosto — engoli em seco.

— Você é um bandido!

— É o que dizem por aí, mas vocês nunca conseguiram provar nada — ele fungou o meu pescoço e eu senti a minha pele ficar ainda mais quente.

Estava inconformada por tê-lo tão perto de mim, mas me incomodava ainda mais perceber que o meu corpo cedia facilmente aos estímulos dele. Se ele não queria me matar, então o que diabos aquele homem queria comigo, me enlouquecer?

— Era isso que você desejava? — ele beijou a minha nuca e um calafrio me percorreu inteira, fazendo com que eu tremesse nos seus braços.

— Isso o quê?

— Conseguir provas contra mim?

— É o que todos querem.

— Estão perdendo tempo.

— Você acha? — tentei me manter firme, lutando incontrolavelmente contra a vontade de me derreter.

Estar daquele jeito com ele fazia com que eu me recordasse da sua língua na minha boca e suas mãos pelas minhas curvas. Era completamente errado, devasso e leviano me sentir daquele jeito. Hugo era um demônio, mas tinha o poder de persuasão de um anjo. Talvez fosse pelo sorriso brilhante e o cabelo loiro macio. Céus! Eu estava em uma enrascada maior do que poderia imaginar.

— Tenho certeza — sussurrou e eu nem consegui mais me recordar ao que ele estava se referindo — Não vai conseguir nada contra mim, Pillar.

— Acha que pode fazer isso vindo aqui me ameaçar?

— Não estou ameaçando você — ele soltou os meus pulsos e me girou, fazendo com que eu ficasse de frente e o encarasse. Hugo segurou a minha cintura com as duas mãos e eu estava tonta e perplexa demais para fazer com que ele recuasse.

— Não?

— Foi você quem apontou a arma para mim.

— Então o que está fazendo aqui?

— Você deve estar me investigando e sabe muito bem quem eu sou. Já eu, tinha apenas um nome falso de uma mulher que nem sabia se passar por prostituta.

— Descobriu o que queria? — afastei as mãos dele, empurrando-as para baixo.

— Estou investigando.

— Isso é loucura.

— Está fazendo isso comigo, por que eu não posso fazer o contrário?

— É diferente.

— Não tem nada de diferente, Pillar. Só acho que estou igualando o nosso jogo.

— Eu não estou jogando com você.

— É o que pensa.

— Tem que ir embora daqui — ordenei.

— Eu... — ele estava prestes a dizer alguma coisa, mas parou quando ouvimos o barulho da porta.

Virei-me e vi uma sombra no hall, que alguns minutos depois se transformou na imagem da Giulia. Achei que ficaria até tarde no escritório, mas deveria ter acontecido algo diferente dos seus planos. Merda, ele descobriria sobre ela, mas quando me virei novamente para o último ponto da sala onde havia visto o mafioso, ele não estava mais lá. Tinha desaparecido como se fosse fumaça, assim como havia surgido.

Minha arma estava no chão e se não fosse pelo buraco de bala no abajur, eu iria começar a pensar que tudo o que havia acontecido não passava de um delírio meu. Peguei a arma do chão, encarando-a, sentindo-a na minha pele quase como se estivesse quente pelo toque do mafioso.

[...]

Rendidas Pela Máfiaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن